E o caso belga é complicado, porque pode criar um precedente.
O primeiro problema diz respeito à pertença à Uniao Europeia.
Ou seja: Se ocorrer uma separação na Bélgica, com a criação da Valónia e da Flandres esses países passam automaticamente a fazer parte da UE ?
E se não for assim, como é que é possível que a capital da União Europeia esteja sedeada num país que não faz parte da União ?
Este problema cria inevitáveis precedentes, porque se estabelece o principio de que qualquer país novo país, desde que se separe de outro da UE, tem automaticamente direito a fazer parte da União, no momento da separação.
Outra coisa curiosa, é o desaparecimento do Estado Belga.
Desaparece a Bélgica?
Ou a Valónia assume o nome de Bélgica, deixando a Flandres no «Limbo» ?
A Alemanha e a Itália não são os casos mais evidentes. Os mais evidentes casos de possibilidade de separatismo são em primeiro lugar a Escócia e depois País Basco e Catalunha. Só depois vêm os nacionalismos do norte de Itália.
Quanto à Alemanha é algo um pouco diferente, mas a Baviera é um caso típico de diferenciação. Em parte são mais parecidos com os austriacos que com os restantes alemães.
Além disso a Alemanha (Deutschland) é um país criado à volta da ideia de que a nação e o povo se determinam pela língua (e por isso Hitler anexou a Áustria, que passou a fazer parte do Reich alemão e as tropas austriacas passaram automaticamente a fazer parte da Wermacht).
Mas além da língua a Alemanha foi criada em torno do espirito Prussiano.
Hoje a maior parte da Prussia pertence à Russia, à Polónia e aos Estados Bálticos, e apenas o seu extremo ocidental está na Alemanha.
Logo, a actual Alemanha tem cada vez menos de «Prussia» para se parecer mais com uma Holanda ou uma Dinamarca (Protestante), enquando que o sul da Alemanha se parece com a Áustria (Católica).
O mesmo acontece também na Bélgica.
São movimentações curiosas, que por um lado podem enfraquecer os actuais estados, dando maior poder às instituições europeias. Com a criação de pequenos estados, esses estados aceitarão mais facilmente a ideia de um exército europeu.
Do outro lado estão os estados uniformes como a França, que não tem o mesmo tipo de problema e voltará a ter um papel muito importante. A Inglaterra por seu lado, não parece muito preocupada com a separação da Escócia. Muitos ingleses até acham que se os escoceses se querem ir embora, melhor que vão mesmo.
Aliás a Escócia continuaria a fazer parte da Commonwealth e mesmo a reconhecer a rainha Isabel II como monarca, só que teria um estatuto como o do Canadá ou da Austrália.