Nacionalistas bascos exigem reconhecimento do Kosovo Sérvia anula, por antecipação, a declaração de independência kosovar
O Partido Nacionalista Basco (PNV) exigiu ontem ao Governo espanhol que reconheça o novo Estado independente do Kosovo e indicou que vai apresentar uma moção no Parlamento de Madrid, nesse sentido, após as legislativas de 9 de Março.
"Quase com toda a certeza o Kosovo clamará pela sua emancipação nacional a partir da livre determinação dos seus cidadãos", afirmou o presidente do PNV, Iñigo Urkullu, citado pelos media espanhóis.
O responsável basco aplaudiu a intenção que países como os EUA, Reino Unido, França e Alemanha têm de reconhecer o Kosovo. E disse estranhar que a Espanha não esteja neste grupo de países.
Na quarta-feira, a Esquerda Republicana da Catalunha, através de Joan Ridao, também apoiou o nascimento de um novo Estado nos Balcãs ocidentais.
O Governo espanhol está entre aqueles que não pretendem reconhecer logo a independência kosovar, a declarar, de forma unilateral, no domingo ou na segunda-feira. Madrid receia que os nacionalistas bascos usem o exemplo para reividincar o direito à autodeterminação.
Além da Espanha, há na UE outros países reticentes em reconhecer um Kosovo independente, como a Roménia, Eslováquia e Chipre. Mesmo assim os europeus preparam-se para dar luz verde a uma missão policial e judicial que vai substituir progressivamente a das Nações Unidas em território kosovar.
Esse aval poderá ser dado a partir da meia-noite de hoje, segundo fontes diplomáticas citadas pela AFP, de acordo com o princípio do silêncio: isto significa que se nenhum dos 27 países se opuser a missão pode começar a ir para o terreno. Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, reunidos na segunda-feira, acertarão os últimos detalhes da missão.
A EULEX Kosovo incluirá 2 200 pessoas, 1 500 das quais polícias, tendo por função guiar as instituições. Portugal ofereceu 13 elementos da GNR e da PSP e, até agora, já foram seleccionados quatro agentes. Alemanha e Itália são os maiores contribuintes da missão que, só em 2008, vai gastar 200 milhões de euros.
A articulação com a missão da ONU, no terreno desde 1999, está a correr "mal", até agora, segundo disse ao DN uma fonte da organização. "A missão da UE não tem cobertura legal, nem aval da ONU, ainda não se sabe como e quando se poderá processar a transferência de competências ou se as duas missões não terão de coexistir [no terreno]".
A Sérvia rejeita a independência e diz que o Kosovo é território seu. O Governo de Vojislav Kostunica anulou ontem, "por antecipação", a declaração unilateral que o Parlamento kosovar começa a preparar hoje.
A Rússia, sua aliada, pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. Esta realizou-se ontem, à porta fechada, mas não era esperada qualquer alteração nas posições já conhecidas.
DN