Boa tarde . Não sou especialista na área aeronáutica mas posso deixar aqui um contributo com o que li na imprensa francesa há menos de um ano sobre o A 400 . Um dos problemas detectados era que não podia lançar paraquedistas pelas portas laterais em simultâneo . Parece que o fluxo de ar gerado pelas hélices é tão forte que os paraquedistas correm o risco de se cruzar no ar e chocarem . Não sei se será possível resolver isso sem mexer estruturalmente no aparelho . Quanto às aterragens em pistas improvisadas , outro dos problemas detectados inicialmente , parece que isso já foi resolvido porque os franceses recentemente fizeram no Sahel missões desse tipo com sucesso . Apesar dos lançamentos de paraquedistas em larga escala ser algo de bastante raro hoje em dia , penso que Portugal não pode ter limitações nessa área . Se adquirisse o A 400 , teria sempre que manter alguns C 130 ou comprar o KC 390 . A propósito desta aeronave , o General Rolo disse no Parlamento há poucos meses que a FAP estava satisfeita em relação às capacidades da aeronave da EMBRAER . Se ele disse isso , quem sou eu para o contradizer . Agora o que a recente tragédia em Moçambique veio demonstrar é que para o transporte de carga , tanto o C130 como o KC 390 , são aeronaves com capacidades limitadas . Se for necessário reforçar uma FND com vários blindados de forma urgente , ou em caso de catástrofe natural nos arquipélagos vamos andar sempre no ' pinga a pinga ' . Não sei se a nova LPM prevê essa situação , mas uma das prioridades deveria ser adquirir pelo menos duas aeronaves com grande capacidade de carga , A 400 ou porque não C 17 em segunda mão , mas em bom estado . Um abraço .
Quanto ao A400M operar em zonas com pistas impreparadas. Ainda no outro dia no outro dia a RAF andou a fazer aterragens com o A400M numa praia no País de Gales. E não é preciso recorrer aos A400M franceses no Sahel para provar a operacionalidade e a capacidade da aeronave nesse tipo de operação. Isso foi logo comprovado na certificação, coisa que ninguém viu até agora acontecer no KC-390 e nem vai ocorrer tão cedo, creio eu. Mas isso sou cá eu a pensar para mim.
Mas o avião não tem uma saída traseira de onde podem ser lançados pára-quedistas sem perturbações aerodinâmicas? Que até por aí que se efectuam os lançamentos na esmagadora maioria das vezes. Como no A400M, no C-130, C-27J , C295M etc.
Eu acho que algum pessoal anda ler muita coisa aí no fóruns brasileiros e que andam a inventar defeitos. O A400M teve muitos problemas no início e teve um subsistiu até mais tarde que com as caixa de transferência dos motores. O que eu leio é que por exemplo a frota da RAF (neste momento são 20, faltando entregar apenas 2) estão com uma taxa de disponibilidade acima do esperado. Os turcos (que já estiveram com 2 na Beira) estão a operar com 8 dos 10 encomendados sem problemas.
Agora qual é a aeronave que é desenvolvida de raíz que não tem problemas no início? Recordo-me assim de repente do Boeing 787, do F-35, do F-22 etc.
O Gen. Rolo "estava satisfeito com as capacidades da aeronave da Embraer" - Ele só estava satisfeito com as capacidades do catálogo. Como é que ele pode estar satisfeito com uma aeronave que é uma perfeita incógnita? Que não está ainda em operação. Que não comprovou nada. Que não está ainda certificada em todas as capacidades do caderno de encargos. O Gen. Rolo habituado a voar com meios obsoletos e limitados é natural que fique satisfeito com qualquer coisa que lhe apareça à frente.
E quem garante que o KC-390 também não irá ter problemas? Alguém está em condições de garantir isso?
A Airbus, a BAe Systems, a CASA, a TAI etc. Empresas com um historial e experiência de décadas na aviação e líderes no sector desenvolveram um avião extraordinário e tiveram problemas. E a Embraer fez um avião novo de raíz e já está confirmado que não vai ter problemas nenhuns.
O KC-390 e o A400M não são comparáveis porque pertencem a segmentos diferentes e um tem quase o dobro da capacidade de carga do outro.
Cada um terá as suas opiniões mas comparar e meter os 2 aviões no mesmo plano de igualdade quanto a uma eventual opção, só deixa ficar mal quem o faz. Porque é comparar aquilo que fica a léguas de um do outro.
Se por absurdo o Estado português cometer o disparate de avançar à toa para o KC-390, além de haver o risco de acontecer uma espécie de "kamovização" do negócio. Poderíamos ficar o único país da Nato a operar este modelo de aeronave. Aguardemos. Mas com a propensão para a asneira com dolo e sem dolo que o Estado tem nestas matérias tudo é de esperar.