Mesmo tendo sido da versão Block 15 OCU, já foi um grande salto face ao que tínhamos, e ainda por cima para um plataforma que, como vimos, apresentou um grande potencial de ser melhorado (potencial que ainda hoje não foi atingido já que podia receber o derradeiro upgrade para V).
Os nossos nunca poderão receber o "derradeiro" upgrade para V, pelo simples facto de serem Block 15. A aquisição dos Block 15OCU foi importantíssima para a FAP, mas como é habitual em Portugal a carteira e a falta de visão trazem sempre implicações na bagagem. No nosso caso, nunca entendi o racional de se adquirirem Block 15OCU, quando os Block 50/52 já se encontravam em produção há muito. Se se tivessem gasto mais uns milhões de contos, hoje os nossos F-16 podiam ser "derradeiros" Viper.
Podem receber sim.

Os nossos F-16 são MLU, logo Block 20, e a partir daí as células já estão aptas a receber o pacote de modernização Viper.

Tal como os F-16C/D Block 40/42 e 50/52 só poderiam ser modernizados depois de passarem pelo CCIP (Common Configuration Implementation Program), também apelidado por vezes de "MLU dos C/D."
Em relação à escolha por Block 15 OCU novos, foi o que se pôde fazer face ao sempre miserável orçamento para a Defesa. Inicialmente os norte-americanos queriam-nos espetar com 20 F-16A/B Block 10 já com 3 mil HV em cima, equipados com o ainda algo problemático motor F100-PW-200, mas pagos por Washington na totalidade pela utilização das Lajes (56 milhões de contos). No entanto, e bem neste caso, o Fernando Nogueira, depois de informado por técnicos que se tinham deslocado aos EUA, disse ao Dick Cheney que preferíamos aeronaves de um bloco superior, com um motor novo, modificado para operações de Defesa Aérea e com a célula reforçada. O Cheney relutantemente acabou por concordar, e disse então que teríamos de pagar a diferença (a 25 anos, se não estou enganado), e assim escolheu-se a derradeira variante A/B, o Block 15 OCU. Ficou tudo em 80 milhões de contos, dos quais 26 saíram do nosso orçamento para a Defesa.
Não foi muito grave porque nessa altura já havia quase a certeza de que os nossos aparelhos mais tarde ou mais cedo passariam pelo MLU, para além de trazerem provisões para a utilização do AIM-120 AMRAAM (razão para a não aquisição do Sparrow). No entanto, não deixa de ser mais um claro reflexo do contínuo e crónico desinvestimento nas nossas capacidades defensivas, até pelo facto curioso de em Fort Worth as nossas células A/B terem sido construídas lado a lado com os mais recentes F-16C/D Block 50/52 destinados à U.S. Air Force e clientes estrangeiros.
Os 19 F-16 remanescentes do Peace Atlantis I comemoram este ano 3 décadas de serviço na FAP, e já passam 7 anos desde que se falou em modernizar a nossa frota para F-16V. Palavras para quê?
https://www.dn.pt/portugal/modernizar-f-16-custa-dez-vezes-menos-que-comprar-novos-cacas-6215894.html/