Independentemente da ordem de acontecimentos, o Conceito Estratégico afecta directamente os meios e as capacidades a adquirir. Lá fora, os conceitos estratégicos resultam directamente em alterações doutrinárias e de novos equipamentos. No USMC, foi uma alteração do conceito estratégico, que lhes fez abdicar dos Abrams, pois não se adequavam à nova realidade. Foi simples, por cá é que se complica, e demora-se um ano para alterar um conceito estratégico que se mantém, em grande parte, igual aos últimos 15 anos.
Um grande problema, é que o nosso conceito estratégico, manteve um grande foco no "duplo-uso". O outro problema, é que quando no conceito estratégico se diz algo simples como "Defender a nossa ZEE e regiões autónomas", nada se faz nesse sentido, estando a Marinha por exemplo, praticamente igual ao que estava à 10 anos atrás (excepto que os navios estão 10 anos mais velhos).
Depoisdizem que "não há dinheiro" para cumprir com as necessidades todas, mas a realidade é que nem sequer se gasta o prometido, mesmo com o aumento da despesa prometido aqui há dias para 2023, não chega a ser 1,3% do PIB sequer (longe dos fabulados 1.5 ou 1.6 que dizemos à NATO, e muito longe dos 2%). Não havia dinheiro, era se gastássemos pelo menos 1.8%, e mesmo assim não se cumpriam as necessidades básicas, mas não é o caso.
Agora pergunto, porque é que o conceito estratégico, tem tanta palha, e sentem a necessidade de diferenciar as necessidades de defesa nacional e de missões externas? Será que pensaram que a maioria dos meios que dão para as missões de defesa nacional/territorial, também dão para as missões NATO/ONU, etc? Ou ainda ninguém se lembrou ou apercebeu, que fragatas modernas tanto servem para defender as nossas águas, como para missões NATO e outras? O mesmo para os F-16, P-3, submarinos, helicópteros (UH-60), etc? É raro o equipamento militar que só cumpre um tipo de missão*, mas agem como se, ao adquirir fragatas novas ou ao modernizar os F-16, deixamos de ter capacidade de participar em missões NATO ou de defender o território nacional.
*A ironia disto, é que um desses equipamentos mono-missão, que só cumpre as necessidades de um tipo de TO, não beneficiando nem a nossa defesa territorial, nem o apoio à NATO, é o único que deve ser adquirido tão depressa, o ST.
