Vejo com alguma satisfação, que algumas opiniões aqui expressadas mais recentemente, vão de encontro aquela que escrevi aqui á uns meses atrás, e que agora vou repetir mais uma vez.
Caro colega forista, qual seria o problema se a maioria das opiniões fossem contrárias àquilo que sonha/pretende/deseja? Agora fiquei curioso...
Um fórum é um espaço de discussão, muitas vezes com natureza informativa e esclarecedora, e por isso cada indivíduo tem direito a estar contra, a favor ou neutral face a qualquer opinião emitida. Não são os "+" e "-" de aprovação e os likes que impelem a pessoa a escrever ou a debater, creio eu na minha santa ignorância.
Quanto à sua opinião julgo ter ficado bem patente da última vez.
Em 1º lugar, esta questão da substituição dos F-16 vai ser uma decisão maioritariamente politica, quem pensar o contrário está a ser um mero sonhador, e nesse contexto vi com agrado a preocupação do nosso presidente da Republica com o estado das nossas forças armadas(pode vir a ser uma "cunha" importante).
A isso dá-se o nome de "verdade de La Palice". Cavaco Silva também proferia discursos inflamados no 10 de Junho sobre a pátria e os militares, e contabilizemos no que isso deu em termos práticos.
Sendo assim, e expressando a minha opinião, considero que deveríamos optar pela aquela máxima do custo/beneficio acrescentando a necessidade de estarmos na vanguarda da tecnologia, e para isso sugiro uma solução F16 + F-35 numa 1ª fase.... Contamos com 30 aparelhos, 19 do PA 1 e 11 do PA 2 , acho um erro fazer modernização Viper aos F-16 do PA 2 estas células, como todos sabem, já contam com mais de 30 anos e por isso era muito melhor tentar arranjar comprador para estas aeronaves, ajudando a financiar o upgrade viper nos restantes 19 F-16, aos quais eu juntaria a compra de mais 1 e aqui podia ser um bloco 60/70 novo ou um bloco 50/52 usado e fazer o upgrade Viper e assim ficariamos com 20 F-16 v para fazer essencialmente defesa aérea, patrulhamento, interceção,etc....
Fazer o upgrade para o F-16V Viper só para Defesa Aérea? Compreendo, afinal o F-35 para ser minimamente credível em combate ar-ar precisa utilizar estações externas, pelo menos para o AIM-9X/AIM-132 mas, na minha opinião, tal seria deitar dinheiro à rua pois a versatilidade/polivalência do sistema de armas F-16 está mais do que comprovada enquanto a do Lightning II ainda anda a ser averiguada. Se o novo pacote de software Block 3F só há pouco tempo começou a ser instalado, e mesmo assim tem levantado problemas de vária ordem devido às diferentes versões desse mesmo pacote em utilização, é aconselhável optar já ou em breve pelo F-35? Acho que não. E já agora, por alguma razão a USAF decidiu recentemente manter em serviço o F-16 até 2048...
https://breakingdefense.com/2018/01/f-35-problems-late-iote-f-35a-gun-inaccurate-f-35b-tires-threat-data-cyber/https://www.theregister.co.uk/2018/01/30/f35_dote_report_software_snafus/http://www.thedrive.com/the-war-zone/9247/usaf-to-keep-upgraded-f-16s-till-2048-as-fate-of-f-15c-in-doubtParalelamente, começaríamos a entrar no programa F-35.... Aqui obviamente, que teríamos que ser muito criteriosos e não esquecendo que Portugal não é um pais de 1ª linha na Nato e que por isso ter um esquadrão de ataque muito grande não faz sentido, por isso defendo a compra de 10/12 F-35 á razão de 2 por ano, tendo em conta que o preço do avião deverá rondar os 75/80 milhões + sobresselentes, formação, etc.... ou seja +/-100 milhões por avião, 200 milhões por ano, penso que não é utópico nem impossível para as finanças Portuguesas, até porque a Nato continua a pressionar os países com os 2% do PIB gasto nas forças armadas e segundo sei andamos a gastar muito abaixo disso, 0.9% a 1.10% são os números dos últimos anos. Penso que esta opção daria tempo para depois, lá para 2035/40 pensarmos em substituir os restantes F-16 pelo F-35 ou outra opção que surja entretanto, porque estou como alguns aqui escreveram, doa a quem doer vamos ter F-35, resta saber quando.....
Se não estou em erro, bem apuradas as contas o preço unitário de um F-35A está nos 150 milhões de euros neste momento (fora sobressalentes, manutenção e formação)... ora, por exemplo, se para se arranjar a verba de 20 milhões (+ IVA) para helicópteros ligeiros parece que foi arrancada a ferros, onde obteria e como justificaria o gasto de 300 milhões/ano perante uma classe política que não se podia estar mais nas tintas para as Forças Armadas e opinião pública que, de inculta que é no aspecto da temática da Defesa (e não só), "come na mão" desses mesmos detractores e destruidores da instituição castrense portuguesa?
Quanto aos 2% do PIB até 2024, relembro que o nosso Ministro da Defesa é um dos mais acérrimos críticos e opositores a essa medida, classificando-a mesmo de absurda e apresentando antes o conceito inovador de se ver uma "avaliação mais rica" daquilo que cada Estado despende de facto nas Forças Armadas.
http://observador.pt/2017/06/07/ministro-da-defesa-contra-absurdo-da-logica-do-pib/Por fim, o seu "
doa a quem doer vamos ter F-35, resta saber quando..." Já no ano passado lhe tinha lançado o repto de, se souber algo que nós comuns mortais não saibamos, que o partilhasse connosco. Não o fez até agora, por isso essa sua afirmação é baseada em quê? Realidade, sonho ou desejo?
Também me vou repetir agora: se a FAP é fortemente orientada pela doutrina da USAF, decerto que pós-F-16V a maior parte da sua cúpula desejará o F-35A. No entanto, há pelo menos realisticamente outra aeronave que poderia entrar em jogo, até com um pouco de samba
, que é o mais acessível e até agora (bem) menos problemático JAS-39E/F Gripen. Ou, quem sabe, um qualquer negócio de ocasião com Eurofighters, Rafales? Tudo isto é futurologia, e a realidade teimosamente continua a mostrar-nos que aquilo que idealizamos nem sempre é o que acontece.
F-35A na FAP? De acordo. Quando? Quando estiverem aferidas factualmente todas as suas capacidades, quando o acne tiver desaparecido e dado lugar a barba rija, e quando o preço a pagar por cada unidade não for proibitivo ao ponto de ser inclusivamente impeditivo de se avançar em simultâneo com outros projectos tão ou mais importantes que a aviação de caça.