Relâmpago 2007

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Raven

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Relâmpago 2007
« em: Março 29, 2007, 08:38:16 pm »
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Um exercício militar com mísseis terra-ar de curto alcance realizado, esta quinta-feira, na Marinha Grande falhou os objectivos do Exército, já que nenhum dos oito alvos foi destruído.

O exercício Relâmpago 07, para testar com fogo real o sistema de míssil antiaéreo Chaparral, não cumpriu os objectivos iniciais e os militares responsabilizaram os alvos utilizados, cuja data de validade expirava este ano.

«Falhou o espectáculo mas valeu o treino», disse o comandante do Regimento de Artilharia Antiaéreo 1, coronel Vieira Borges, que endereçou as responsabilidades dos erros para os alvos LZS 5000.

O balanço deste exercício «será devidamente analisado», afirmou o oficial, que destacou o «grande empenhamento» dos artilheiros, apesar dos «factores aleatórios» que contribuíram para o falhanço dos disparos.

No total, foram apenas lançados quatro mísseis, um dos quais detonou no areal enquanto os outros seguiram para o mar, já que nas outras situações os artilheiros não conseguiram fixar os alvos para disparar os projécteis.

Eram «alvos que tinham alguns anos e com data de validade até este ano», e os mísseis não os conseguiram fixar, explicou Vieira Borges.

Este exercício é realizado de forma regular pelo exército mas foi a primeira vez que nenhum dos oito alvos foi destruído pelos mísseis, que fazem parte do sistema de defesa antiaérea do país.

Este treino é considerado essencial para garantir a capacidade operacional do Exército em reagir a ameaças terroristas que podem utilizar aeronaves para atacar locais estratégicos, à semelhança do que sucedeu no World Trade Center.

No total, foram envolvidos 180 militares e a interdição do espaço aéreo e marítimo foi assegurada pela Armada e pela Força Aérea.

Os mísseis Chaparral são de origem norte-americana e entraram ao serviço no Exército português em 1990, sendo considerado um equipamento moderno que visa os alvos em voo com recurso a localização por infra-vermelhos e busca de calor. Os lançadores estão assentes em carros com lagartas e possuem uma autonomia de 480 quilómetros.

Após o disparo, o míssil segue o alvo num raio de cinco mil metros mas neste exercício as falhas do sistema estarão relacionadas com o facto dos alvos utilizados serem mais pequenos (1,1 metros) que as aeronaves e não produzirem muito calor.


a explicação dos alvos a expirarem este ano e por isso a fonte de calor não ser a mais "adequada" será a mais pláusivel?

opiniões?
 

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Luso

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« Responder #1 em: Março 29, 2007, 09:08:50 pm »
Com o devido respeito, julgo que este "exercício" foi mais uma sessão (não sensuravel) de se dar gosto ao gatilho, havendo eventualmente a oportunidade para ainda se aprenderem umas coisinhas (procedimentos, etc). É que o material está mesmo ultrapassado e irrelevante. Portanto, disparem para aí!
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Raven

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« Responder #2 em: Março 29, 2007, 09:16:19 pm »
Citação de: "Luso"
Com o devido respeito, julgo que este "exercício" foi mais uma sessão (não sensuravel) de se dar gosto ao gatilho, havendo eventualmente a oportunidade para ainda se aprenderem umas coisinhas (procedimentos, etc). É que o material está mesmo ultrapassado e irrelevante. Portanto, disparem para aí!

pensei o mesmo, até por causa da explicação dada há imprensa não me parecer a mais "plausivel".
 

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papatango

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« Responder #3 em: Março 29, 2007, 10:01:06 pm »
Pessoalmente acho que a explicação dada à imprensa teve alguma plausibilidade, friso o ALGUMA.

Assim, segundo os militares do exército (que se fartaram de afirmar que a defesa aérea é de responsabilidade da Força Aérea :mrgreen: ) os alvos estavam no fim ou já tinham ultrapassado o seu periodo de vida útil, pelo que não teriam conseguido produzir o calor suficiente para serem detectados pelos mísseis.

No entanto, segundo o canal de TV SIC, foram disparados quatro mísseis, e pelo que vi, um dos MIM-72 (o míssil do sistema Chaparral) desvia-se claramente para baixo em direcção à água, acabando por explodir contra o chão ou contra as ondas.

Na minha interpretação, não me parece que isso tenha acontecido porque os alvos não estavam em condições.

Uma das possibilidades é que o míssil se tenha "baralhado" com algum tipo de reflexo, interpretado como luz infravermelha (os mísseis guiam-se por infravermelhos).

Creio já ter ouvido falar desta possibilidade, mas não posso assegurar.
Claro que a outra possibilidade é que o míssil estivesse pura e simplesmente defeituoso, e que se lembrasse de pura e simplesmente seguir para baixo e explodir na praia.

Este tipo de treino é importante para que os militares pelo menos vejam os mísseis a disparar, mas em termos de assegurar aos militares que o seu material funciona, não foi exactamente um exercício produtivo...

cumprimentos
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Luso

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« Responder #4 em: Março 29, 2007, 10:09:37 pm »
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Creio já ter ouvido falar desta possibilidade, mas não posso assegurar.

Esta possibilidade é verdadeira e documentada e ocorria frequentemente nos mísseis IV de primeira geração (Sol, reflexos da água, perda de sinal em núvens ou nevoeiros).

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Este tipo de treino é importante para que os militares pelo menos vejam os mísseis a disparar


... e a imprensa vê-los falhar! Só assim é que o pessoal ganha vergonha (recordar o bom e velho (!) M-60 "Fumaças")
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JQT

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Fiascarral
« Responder #5 em: Março 29, 2007, 10:14:41 pm »
Citação de: "Luso"
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Creio já ter ouvido falar desta possibilidade, mas não posso assegurar.

Esta possibilidade é verdadeira e documentada e ocorria frequentemente nos mísseis IV de primeira geração (Sol, reflexos da água, perda de sinal em núvens ou nevoeiros).


Razão pela qual em ambiente marítimo se privilegiam mísseis com guiamento por radar (Taiwan é que resolveu instalar Sea Chaparral nas suas fragatas francesas; cada um come do que gosta).

JQT
 

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papatango

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« Responder #6 em: Março 29, 2007, 10:14:59 pm »
Luso ->
O que eu não tenho a certeza, é se o MIM-72E, que é a versão utilizada em Portugal, não estava (ou não deveria estar) preparado para evitar esse tipo de enganos.

Em qualquer caso, se o míssil se enganou (e naturalmente não sabemos o que ocorreu) sempre serve para entendermos os problemas que se levantam quando se lança um míssil deste tipo num dia de sol junto ao mar.

E os militares ficam mais informados sobre o problema, e já sabem que não podem ir tomar banho quando houver exercícios militares... :twisted:
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« Responder #7 em: Março 29, 2007, 10:28:19 pm »
Por isso é que os sensores IV mais recentes seguem simultâneamente sinais infravermelhos com distintos comprimentos de onda para ajudar a distinguir ruídos, iscos, etc.
Julgo que o Chaparral devia estar à sombra do chaparro. É obsoleto e não há muito a fazer dele. Julgo mesmo que seria um absurdo equipa-los com "pitões" ou coisa parecida, porque o sistema de aquisição deve ser também pró fracote.
« Última modificação: Março 29, 2007, 10:39:38 pm por Luso »
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papatango

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« Responder #8 em: Março 29, 2007, 10:35:01 pm »
Bom, comparando com o que há de melhor, o Chaparral é de facto ultrapassado, embora possa ser utilizado com um radar diferente.

Da forma como está, o Chaparral era já obsoleto quando chegou a Portugal há 17 anos. (comentários dos deputados na Assembleia da República).
Mas pelo menos foi adquirido, no que tem que se dar o mérito ao então ministro Fernando Nogueira.
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Spectral

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« Responder #9 em: Março 29, 2007, 10:38:42 pm »
Hum é a primeira vez que vejo uma informação sobre a versão do Chaparral que nós utilizamos. Isto clarifica as coisas, infelizmente para pior.

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In the 1970-74 time frame, various component improvements were developed for the Chaparral, resulting in the XMIM-72C Improved Chaparral missile design in 1974. The main new features of the Improved Chaparral were an AN/DAW-1 guidance section (being a much improved development of the MIM-72A/B's guidance section), a new M817 directional doppler fuze, and a new M250 blast-fragmentation warhead. The fuze and warhead were derivatives of items originally developed during the cancelled MIM-46 Mauler program. The improvements gave the MIM-72 an all-aspect capability, making it usable in head-on engagements, and also enlarged the missile's effective range envelope. Because the XMIM-72C hadn't much commonality with then current Navy Sidewinders (AIM-9L), it was the first version to be procured by the Army directly from Ford Aeronutronics. The MIM-72C was produced between 1976 and 1981, and was first deployed to operational units in November 1978.

MIM-72E was the designation assigned to MIM-72C missiles retrofitted with the M121 smokeless motor. The designation MIM-72F refers to new-built missiles with this motor, and is essentially identical to the MIM-72E.


Development of an improved Chaparral, which was to use the Rosette Scan Seeker (RSS) of the FIM-92 Stinger missile, began in 1980. The RSS - also known as POST (Passive Optical Seeker Technique) - has the capability of spatial, spectral, and amplitude discrimination. These features make the seeker vastly more immune againts all sorts of IR countermeasures. In 1982, Ford was awarded a contract to develop an RSS-equipped Chaparral designated MIM-72G. The RSS of the MIM-72G is designated as AN/DAW-2. In the late 1980s, existing MIM-72 missiles were retrofitted with the AN/DAW-2, and from 1990-1991, new MIM-72G missiles were built.


http://www.designation-systems.net/dusrm/m-72.html

Ou seja o sensor dos nossos Chaparral é tecnologia dos 70, normalmente bastante susceptível a hot-spots. Apesar disso, acho arriscado tecer comentários baseado em imagens de televisão.

Os Chaparral são bons é para a sucata e pouco mais, mas percebo que o Exército tem que manter alguma experiência nesta área. Não percebo é porque é não compraram mais uma molhada de Stingers ( não podem ser assim tão caros...) e não retiraram estes ferro-velhos, que já aquando da sua introdução nos anos 70 eram vistos com (muita) desconfiança. Certamente que o que poupavam na manutenção dos bichos comprava um número de Stingers (mas temo que seja um caso de os veículos só sairem do quartel "quando o rei faz anos" ). Aliás a sua vinda foi inútil quando já existiam Stingers há uma dezena de anos...
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papatango

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« Responder #10 em: Março 29, 2007, 10:47:47 pm »
Spectral ->
A imagem de televisão, no caso do míssil que caiu na água é bastante explicita, porque a imagem segue o míssil desde que ele é lançado, até que cai na água.

Nas imagens que vi, é clara a alteração brusca do míssil movendo-se quase ferticalmente em direcção à água.

Pelo menos manobrável ele é.
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Spectral

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« Responder #11 em: Março 29, 2007, 11:06:32 pm »
Deu no telejornal do canal 1 ? se sim, aos quantos minutos ? acho que é o único que tem a emissão na net  :wink:

( Bem manobrável,..., certamente não está ao nível de um Python 5 ou parecido que fazem 50 Gs! )
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papatango

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« Responder #12 em: Março 29, 2007, 11:24:39 pm »
Deve ter dado em vários canais, mas a imagem do míssil que caiu na água creio que só vi na SIC.
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TaGOs

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« Responder #13 em: Março 30, 2007, 12:31:42 am »
Deu na rtp 1.

Aqui esta o endereço:
mms://195.245.176.20/rtpfiles/videos/au ... 032007.wmv

É no minuto 31:27

Cumprimentos
 

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    • http://www.falcoes.net/9gs
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« Responder #14 em: Março 30, 2007, 04:41:17 am »
Já podiam ter adaptado as versões mais recentes do Sidewinder, não?

Estes MIM-72G utilizados julgo serem derivados do AIM-9G ou H, salvo erro, estão ultrapassadíssimos, apenas utilizados pela marinha brasileira nos A-4 (os AIM).

Agora a parte séria da anedota.... o Coronel até pareceu desenrascar-se do sucedido perante a comunicação social. Só lhe faltou um pormenor. Porquê convidar tantos media para um exercício onde sabia que ia utilizar alvos em risco de inop, sabendo por isso da possibilidade disto vir a tornar-se alvo de chacota ou descrédito (no mínimo)? É que, independentemente do objectivo do exercício (treino), existiu uma vontade em demonstrar este tipo de capacidades. Ou falta delas como se veio a revelar! Por isso, creio que há aqui matéria suficiente para alguém "meter a mão", porque claramente alguém falhou no meio disto e não vale a pena desviar as atenções para os coitados dos alvos que são velhos. Ou foi a organização do exercicio, ou as RPs do Exército ou o próprio Exército... Eles que escolham, mas por favor, "orientem-se"!


Cumptos
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