Trabalhadores portugueses em Espanha são cada vez menos
O número de portugueses registados como trabalhadores na Segurança Social espanhola continua a cair, registando uma descida de 3,5 por cento entre Janeiro e Março, segundo dados oficiais hoje divulgados.
Continua assim a tendência do último ano, com a queda total no número de portugueses a ultrapassar os 22 por cento, desde o início de 2008.
Os dados do Ministério do Trabalho e Imigração espanhol, confirmam igualmente que a tendência de descida no número de contribuintes portugueses tem sido, nos últimos meses, sempre mais elevada do que a média da população imigrante.
Em Março, por exemplo, enquanto o número de portugueses caiu, o número total de estrangeiros registados como trabalhadores aumentou 0,05 por cento, ainda que continue bastante aquém do valor que se registava no mesmo mês em 2008 (menos 8,5 por cento).
A redução no número de portugueses entre Janeiro e Março surge depois de uma queda de 4,46 por cento que já se tinha registado desde Dezembro.
No final de Março, e segundo os dados hoje divulgados, estavam registados como trabalhadores em Espanha um total de 63.623 portugueses, dos quais a maior fatia no regime geral (49.482), seguindo-se o sector agrário (7.401) e o de mar (5.132).
No carvão, trabalhavam 49 portugueses e no trabalho doméstico estavam inscritos 1.026 trabalhadores portugueses.
A queda progressiva dos últimos meses tem empurrado o total de trabalhadores para níveis inferiores aos que se verificavam em Setembro de 2007, quando estavam registados cerca de 67 mil.
Esta tendência de redução no número de trabalhadores portugueses em Espanha já tinha começado a registar-se no último trimestre de 2007, coincidindo com o agravamento da situação económica em Espanha.
Consolidou-se porém desde o início de Março, com a maior redução a ser sempre no "regime geral" onde se incluem sectores como a construção, serviços e indústria, áreas que empregam o maior número de portugueses.
Parte da redução no número de trabalhadores deve-se à partida de portugueses de Espanha, dada a pressão económica e a queda de sectores como a construção e a industria.
Uma percentagem importante, porém, representa o aumento do desemprego, que no final de 2008 atingia 7.800 portugueses (15,3 por cento da população activa), a segunda maior taxa desde 2005 depois do recorde de 21,5 por cento de Setembro.
Bastante flutuante, a taxa de desemprego entre os portugueses residentes em Espanha chegou, no final de 2007, a registar a sua taxa mais baixa desde 2005 (5,07 por cento ou 2.700 trabalhadores num universo de 53 mil).
Os dados foram trabalhados pela Lusa com base em informação solicitada ao Instituto Nacional de Estatística (INE) espanhol, que reuniu os dados tendo em conta os quadros históricos do seu Inquérito sobre a População Activa (EPA).
Segundo estes dados, o desemprego entre a comunidade portuguesa cresceu progressivamente ao longo de 2008, atingindo os 21,5 por cento em finais de Setembro do ano passado (10.700 desempregados num universo de 49.800).
No final de 2008, tinha caído para 15,3 por cento com um total de 7.800 desempregados num universo de 51.100 portugueses activos.
De referir que a comunidade portuguesa a residir em Espanha duplicou entre 2005 e 2008, de acordo com dados dos registos municipais do país, segundo os quais mais de 136 mil portugueses estavam no país no início de 2008.
Lusa