Portugal não vai enviar homens para o Libano

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Akagi

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« Responder #30 em: Agosto 21, 2006, 11:24:22 pm »
Estou de acordo em não enviarmos tropas para o Libano, pela simples razão que não temos material pesado em quantidade e nem em qualidade para aquele teatro de operações.
 

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migbar2

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« Responder #31 em: Agosto 22, 2006, 12:34:28 am »
Eu penso que apesar de toda a importancia que aquela região tem para o dia a dia de todos nós, não caberá a Portugal o enviar de tropas para lá, primeiro porque nos apanha num processo de modernização de forças, que embora preparados para teatros de guerra com equipamentos tipicos de conflitos de baixa ou média intensidade, não estamos ainda preparados para enfrentar teatros de grande intensidade, ora se por um lado existe uma resistencia equipada com alguma sofisticação, do outro lado existe uma da melhores forças armadas do mundo...e se a coisa corre mal, comemos dos dois lados  :? . Em segundo lugar, cada país tem as suas regioes e relações priveligiadas, no nosso caso Africa e Timor. Ora se para além disso já estamos tambem em territórios da ex Joguslávia e no Afeganistão, julgo que já nos chega...e de que maneira...que dinheiro é que sobra para as nossas queridas modernizações???
 

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TOMKAT

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« Responder #32 em: Agosto 22, 2006, 01:18:46 am »
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Envio de militares para o Líbano sob condição

Governo pondera «com exigência e prudência» concretização dessa missão

O ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, afirmou hoje que o Governo está a ponderar «com muita exigência e prudência» o envio de militares para o Líbano, impondo quatro condições para a concretização dessa missão.

«O Governo perante uma situação complexa, está a ponderar com muita exigência e prudência o envio de militares para o Líbano», afirmou Nuno Severiano Teixeira, em declarações aos jornalistas, citado pela Agência Lusa, no final das reuniões que hoje manteve com os partidos com representação parlamentar.

Segundo Nuno Severiano Teixeira, a ponderação está a ser realizada tendo em conta dois pressupostos e quatro condições.

Duas dessas condições são, segundo o ministro da Defesa «a clarificação sem equívocos do mandato das Nações Unidas» e o «empenho concertado da União Europeia».

«O Governo quer que a missão corresponda ao que está no mandato das Nações Unidas», sublinhou.

Além disso, acrescentou Nuno Severiano Teixeira, a contribuição de Portugal na força da União Europeia tem de ser pensada em conjunto com as missões que as Forças Armadas já estão a desenvolver, algumas das quais poderão ser «redimensionadas».

«Temos também de saber qual a missão em concreto que as Forças Armadas vão desenvolver», acrescentou.

Como pressupostos que estão a orientar a ponderação do Governo, o ministro da Defesa apontou a importância que a «missão de paz» poderá ter para o papel das Nações Unidas e da União Europeia no Médio Oriente.


http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=717410&div_id=291

Resumindo... se Portugal avançar para o Líbano, retira muito provavelmente dos balcãs, ou ficará com uma presença pouco mais que residual. Ou será do Afeganistão? No Afeganistão a presença é feita no âmbito da NATO...

Por mim nem se poria a hipótese de enviar militares para o Líbano, que provavelmente se vai tornar uma enorme dor de cabeça para qualquer força que de facto pretenda fazer cumprir a resolução da ONU: desarmamento do Hezbollah.

Um autêntico vespeiro...
 :?
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
ALEA JACTA EST.....
«O meu ideal político é a democracia, para que cada homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado»... Albert Einstein
 

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Luso

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« Responder #33 em: Agosto 22, 2006, 01:28:55 am »
Por mim só se enviraria homens para o Médio Oriente se houver guerra a sério e se estivermos em risco (o "estivermos" refere-se à democracia e aos valores ocidentais, se é que isso ainda se verifica hoje nesta sociedade políticamente correcta, ou seja quando estiver em causa a liberdade individual responsável regulada por um estado democrático).
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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pedro

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« Responder #34 em: Agosto 22, 2006, 11:34:04 am »
Caro TazMonster nao fui eu que disse o que o Aponez disse por isso eu acho que a resposta foi merecida.
Cumprimentos
 

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carlovich

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« Responder #35 em: Agosto 22, 2006, 03:01:47 pm »
Hola a todos.

El tema de enviar tropas de la U.E. al Libano es muy complejo.Primero porque estarán bajo mando ONU (presumiblemente Italia) lo cual ya es mal síntoma.

2º porque el mandato ONU no es claro y en caso de ataque nadie sabe como actuar.

3º porque es una zona real de guerra con un ejercito muy fuerte (Israel) y una guerrilla fanática apoyada por Irán y Siria.

4º USA no irá (luego no habrá F15,F18, F16, CH53, AH64, etc etc.

Por lo tanto creo que si alguien envia tropas deben ir fuertemente armadas y con suficiente apoyo aereo y naval para que sea creible.Ésto nos lleva a que solos unos pocos paises europeos pueden hacerlo (Alemania ya ha dicho que no envia tropas).

Portugal, con el material aereo, naval y terrestre que tiene en la actualidad no puede garantizar la seguridad de sus tropas salvo que envíe una unidad médica para Beirut o Tiro o un grupo de la GNR para aduanas.

El resto es bla, bla, bla .

Saludos.
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #36 em: Agosto 22, 2006, 03:04:06 pm »
Sem dúvida, acho que para o Libano só se for os C-130 para dizer que mandámos alguma coisa...
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...

 

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papatango

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« Responder #37 em: Agosto 22, 2006, 07:38:52 pm »
Citação de: "carlovitch"
or lo tanto creo que si alguien envia tropas deben ir fuertemente armadas y con suficiente apoyo aereo y naval para que sea creible.Ésto nos lleva a que solos unos pocos paises europeos pueden hacerlo (Alemania ya ha dicho que no envia tropas).


Num conflito assimétrico, o grande poder aeronaval vale ZERO!!!

Aliás, bastaría ver as tropas que estão no Afeganistão, para verificar o tipo de armamento que têm.

Está mais que provado que de nada servem os bloqueios navais e mesmo os poderosos ataques aéreos.

Israel tem uma força aérea tão ou mais poderosa que a Força Aérea francesa e alemã juntas, e não lhe parece ter servido de grande coisa.

O necessário são forças com credibilidade, sim, mas que também são forças de policia.

Além disso, o problema não é um problema de equipamentos, mas sim um problema de "regras de intervenção" ou "Rulles of engagement".

Numa força internacional, cada país participa com uma determinada força, de forma a que as várias forças tenham funções definidas. Uma força "musculada" tem que ter várias valências e capacidades.

Portugal tem forças na Bósnia e no Afeganistão, como as teve no Iraque. Em nenhum destes casos os problemas portugueses com tanques e aviões está relacionado com as necessidades das forças.

O facto de não haver ainda nenhum PANDUR disponível complica as coisas sem dúvida, porque não há Chaimites para enviar para o Líbano, a não ser que se retirem as tropas da Bósnia.

No entanto, no computo geral, acho o envio de forças um absurdo.

O que as forças que foram para o Líbano vão efectivamente ser é escudos para o Hezbollah.

Os Franceses, falam muito e gostam de referir as glórias da França, mas eles foram potência colonial e sabem perfeitamente onde se iriam meter.

Por isso se encolheram.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
Contra a Estupidez, não temos defesa
https://shorturl.at/bdusk
 

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migbar2

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« Responder #38 em: Agosto 23, 2006, 12:35:46 am »
Eu não digo que não possamos enviar nada, agora em boa consciencia só poderiamos enviar forças "de reserva" para intervenções especificas em caso de necessidade, tipo operações especiais, DAE, comandos, RESCOM, PREC'S e afins. O grande problema levanta-se nas operações de escolta e patrulha, falta-nos por exemplo blindados...
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #39 em: Agosto 23, 2006, 12:46:41 am »
Pois é migbar2 o problema está na utilização dessas mesmas unidades, ora vejamos:
As 2 companhias Operacionais de Comandos acabaram de vir do Afeganistão;
O DAE está no Congo;
Os Precursores...apesar de ser uma unidade excelente e ter militares ainda melhores, não é bem a sua missão;
As Operações Especiais poderiam ir, mas teriam que ser integradas numa unidade de Operações Especiais (tal como acontece com o DAE no Congo);
A Rescom têm muitos poucos elementos, por isso só daria para um contigente.
Pessoalmente acho que neste momento a única unidade que não está a ser usada nas missões internacionais e nem está escalonada para isso é o 2º Batalhão de Fuzileiros, mas mais uma vez constata-se a falta dos famosos blindados.
Sendo assim, sabendo da falta de recursos financeiros que as Forças Armadas Portuguesas têm, acho que devemos estar quietos no nosso canto, mas agora quem decide é quem tem que dar a palavra final.
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...

 

Irão 1 - ONU 0
« Responder #40 em: Agosto 23, 2006, 01:09:12 am »
Boa noite!

O governo português hoje resolveu um "nim". Não disse não à participação, mas colocou quatro questões, que são compreensíveis e ganhou tempo.

No entanto parece-me que as duas questões fundamentais que ainda estão em aberto são:

1ª O envio ou não;
2ª em caso de envio, o que enviar;

Quanto à primeira questão, podemos tentar especular e conjecturar das razões contra e a favor (afinal, este fórum serve para esse tipo de dissertações, não?). No entanto há vários factores que pesam na balança de "custo-benefício" que não são somente, mas são fundamentalmente de ordem política:

- A favor, o facto de no centro da força de intervenção estar a UE e Portugal aproximar-se do seu semestre de presidência - não participando na missão poderá perder alguma força no que respeita à gestão dos assuntos  do Líbano. Não é importante na gestão da própria força, mas torna-se importante na medida em que é uma área em que Portugal evitará tocar


- Contra, o facto do comando ser italiano,  que pode pesar no sentido de que houve duas experiências anteriores, na Bósnia em 96 e no Iraque com a GNR que, formalmente correram "bem", mas na realidade decorreram com grandes atritos - os portugueses não se subordinam bem a italianos que são um pouco desorganizados, nem os italianos entendem os portugueses como tropa eficiente;

- Contra, a realidade de que a nossa capacidade de projecção, pelo menos de forças terrestres e navais se encontrar já muito distendida nos teatros actuais, ao mesmo tempo que já estamos na lista dos 15 maiores contribuidores das missões da ONU (DN de 22AGO). A acrescer que uma retracção de dispositivo com consequente projecção para outro teatro é uma manobra igualmente dispendiosa e que para mais depende de meios de projecção aliados (aviões e navios), ou civis fretados;

-Contra, o facto do nosso país não ter uma agenda que pressuponha interesses directos no médio oriente e, mesmo que tivesse, os interesses dos países com peso real na cena mundial sobrepor-se-iam sempre;

- Alguns factores mais, provavelmente com pesos muito superiores a cada um dos enunciados anteriormente, desconhecidos, alguns também, que resultam de pressões diplomáticas, etc.. Apesar de ter apresentado mais exemplos contra do que a favor, a verdade é que nenhum é efectivamente decisivo. Daí que o estado português tenha feito o que devia fazer: ganhou tempo, vai poder esclarecer melhor a situação e ter mais condições para decidir.


Quanto à segunda questão de, em caso de envio, o que enviar, parece-me que o facto já mencionado de estarmos bem cotados na ONU como um dos 15 países que mais tem contribuido pode pesar na decisão. enviar algo, sim, mas que não se trate de um contingente terrestre de manobra. Parece incrível, mas é importante não esquecer as missões em Angola e Moçambique  - UNAVEM e ONUMOZ - Timor, Afeganistão e Balcãs (apesar destes últimos terem muito tempo dependido de mandatos conferidos à NATO, mas igualmente sob os auspícios mais ou menos consentidos da ONU), todas estas constituídas por forças de escalão batalhão e/ou companhia. Além disso há todas as missões de observação, que devem totalizar entre 15 e 20 teatros, desde a MINURSO, no Sara Ocidental, ao Burundi, etc.. De tudo isto parece-me aceitável que Portugal contribua com unidades de apoio de serviços e não de apoio de combate, que podem muito bem ser sanitárias, por exemplo. Parece-me a mim e parecerá à comunidade internacional, confrontada com estas estatísticas.


Por último, há um raciocínio que deve igualmente ser tido em conta.

Até agora, quem mais ganhou com a situação do Líbano, foi o Irão, aliás, o Irão provocou esta situação, dado que controla esta situação. O Hezbolah, que se movimenta com liberdade total no sul do Líbano, mas como qualquer guerrilha depende da população (para os esconder, alimentar, etc.), não desataria a bombardear Israel se o resultado final não fosse claramente a favor dos Xiitas, até porque a resposta israelita poderia contribuir para a diminuição do apoio que essa mesma população  dá ao movimento. Por essa razão, o ataque foi sempre limitado, a fim de provocar uma resposta de Israel. Os mísseis do Hezbolah duraram o tempo que a comunidade internacional demorou a reagir e o tempo suficiente para Israel, ao fazer 10 vezes mais vítimas do lado libanês, poder ser apontado pelos países árabes como uma ameaça não só latente, mas actuante, contra a sua segurança. A manobra foi bem executada e atingiu os seus fins. As perdas do lado libanês foram compensadas com dinheiro distribuido às famílias (oriundo do Irão), com uma reentrada da Síria na cena política e com o aumento do apoio islâmico ao Irão. O Irão ganhou força na medida em que tem mais uma "razão legítima" para continuar com o seu programa nuclear - Israel é potência nuclear e provou estas semanas que é perigoso. O Irão argumentará que é necessário tornar-se potência nuclear para equilibrar as forças. Nisto será apoiado pelos países árabes que estavam renitentes (à excepção talvez do Egipto e  da Arábia Saudita). O Irão desencadeou exercícios militares convencionais desde o fim-de-semana passado. A partir daqui, à semelhança dos Sérvios na Bósnia ou dos alemães antes da II Guerra Mundial, vai fazer uma pausa, deixar todos respirar, esperar a reacção internacional, deixar acalmar um pouco e depois dar o próximo passo. E o próximo passo é já também uma vitória do Irão: conseguiu colocar mais uma força internacional ao alcance dos seus mísseis e dos seus terroristas, incluindo suicidas. Abriu uma nova frente sem se incomodar muito e sem trazer forças internacionais para o seu próprio território. Mesmo que não haja ataques directos à força de interposição entre o Hezbolah e Israel (e isto dependerá da força do mandato, ou seja, dos "agreements" das partes, que não me parecem ser muitos), há sempre a possibilidade do Irão lembrar que Israel e a malta da ONU aí colocada, está ao alcance dos seus presumíveis mísseis, em breve nucleares (à semelhança, claro está, do pessoal que está no Iraque e no Afeganistão). O Irão, sozinho, em poucos meses poderá ameaçar três teatros onde estão forças ocidentais e nem sequer vai precisar de ter terroristas suicidas e artistas do género. Os soviéticos e os americanos mantiveram assim uma Guerra Fria, mas o Sting, profético, admitiu que os russos amavam as suas crianças, o que felizmente era verdade. Já não é verdade quanto aos iranianos. Pelo menos enquanto acreditarem que sendo mártires serão libertados. Vivem no séc XIV da sua existência muçulmana e os ocidentais no séc XIV da sua existência cristã também queimavam bruxas e matavam o infiel sem perguntas.

Em resumo: ao colocar mais forças num teatro do médio-oriente, Portugal aumenta o número de cidadãos nacionais sob ameaça latente, em breve nuclear. Não me parece haver necessidade.
 

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Jorge Pereira

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Re: Irão 1 - ONU 0
« Responder #41 em: Agosto 23, 2006, 01:49:18 am »
Citação de: "joaosilvadelemos"

Por último, há um raciocínio que deve igualmente ser tido em conta.

Até agora, quem mais ganhou com a situação do Líbano, foi o Irão, aliás, o Irão provocou esta situação, dado que controla esta situação. O Hezbolah, que se movimenta com liberdade total no sul do Líbano, mas como qualquer guerrilha depende da população (para os esconder, alimentar, etc.), não desataria a bombardear Israel se o resultado final não fosse claramente a favor dos Xiitas, até porque a resposta israelita poderia contribuir para a diminuição do apoio que essa mesma população  dá ao movimento. Por essa razão, o ataque foi sempre limitado, a fim de provocar uma resposta de Israel. Os mísseis do Hezbolah duraram o tempo que a comunidade internacional demorou a reagir e o tempo suficiente para Israel, ao fazer 10 vezes mais vítimas do lado libanês, poder ser apontado pelos países árabes como uma ameaça não só latente, mas actuante, contra a sua segurança. A manobra foi bem executada e atingiu os seus fins. As perdas do lado libanês foram compensadas com dinheiro distribuido às famílias (oriundo do Irão), com uma reentrada da Síria na cena política e com o aumento do apoio islâmico ao Irão. O Irão ganhou força na medida em que tem mais uma "razão legítima" para continuar com o seu programa nuclear - Israel é potência nuclear e provou estas semanas que é perigoso. O Irão argumentará que é necessário tornar-se potência nuclear para equilibrar as forças. Nisto será apoiado pelos países árabes que estavam renitentes (à excepção talvez do Egipto e  da Arábia Saudita). O Irão desencadeou exercícios militares convencionais desde o fim-de-semana passado. A partir daqui, à semelhança dos Sérvios na Bósnia ou dos alemães antes da II Guerra Mundial, vai fazer uma pausa, deixar todos respirar, esperar a reacção internacional, deixar acalmar um pouco e depois dar o próximo passo. E o próximo passo é já também uma vitória do Irão: conseguiu colocar mais uma força internacional ao alcance dos seus mísseis e dos seus terroristas, incluindo suicidas. Abriu uma nova frente sem se incomodar muito e sem trazer forças internacionais para o seu próprio território. Mesmo que não haja ataques directos à força de interposição entre o Hezbolah e Israel (e isto dependerá da força do mandato, ou seja, dos "agreements" das partes, que não me parecem ser muitos), há sempre a possibilidade do Irão lembrar que Israel e a malta da ONU aí colocada, está ao alcance dos seus presumíveis mísseis, em breve nucleares (à semelhança, claro está, do pessoal que está no Iraque e no Afeganistão). O Irão, sozinho, em poucos meses poderá ameaçar três teatros onde estão forças ocidentais e nem sequer vai precisar de ter terroristas suicidas e artistas do género. Os soviéticos e os americanos mantiveram assim uma Guerra Fria, mas o Sting, profético, admitiu que os russos amavam as suas crianças, o que felizmente era verdade. Já não é verdade quanto aos iranianos. Pelo menos enquanto acreditarem que sendo mártires serão libertados. Vivem no séc XIV da sua existência muçulmana e os ocidentais no séc XIV da sua existência cristã também queimavam bruxas e matavam o infiel sem perguntas.

Em resumo: ao colocar mais forças num teatro do médio-oriente, Portugal aumenta o número de cidadãos nacionais sob ameaça latente, em breve nuclear. Não me parece haver necessidade.


Excelente. Nem mais. Só que na minha opinião, as forças que forem para o Líbano serão fustigadas de forma incessante para desviar atenções e dar ao Irão mais tempo para concluir o seu programa nuclear. A chave deste conflito é o tempo! O tempo de que o Irão precisa para conseguir a sua primeira bomba atómica.

Depois de atingido este objectivo os mísseis Iranianos serão uma preocupação menor para mim. O Irão sabe que, se lançar um só deles com uma carga nuclear, será imediatamente reduzido a pó. O grande pesadelo é a entrega destes engenhos a grupos terroristas que poderiam desferir ataques apocalípticos sem se perceber bem a origem destes. É aí que reside a grande ameaça.

Portugal deve manter-se de fora dessa hipotética força. A única hipótese de participar com um mínimo de segurança e credibilidade seria com a cobertura total da “máquina” da NATO. Como isso não vai acontecer é melhor ficarmos por aqui. Podemos sempre e atendendo às questões de compromissos diplomáticos (a presidência da UE é uma questão relevante), oferecer apoio logístico e pouco mais.
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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Luso

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« Responder #42 em: Agosto 23, 2006, 11:19:11 am »
O livro sobre a biografia de Mao que li recentemente descreve o mesmo tipo de mentalidade: a capacidade para sacrificar povos inteiros em troca de poder. Estas negociações e as acções do Hezbollah apenas são meios para ganhar tempo para se obter a Bomba.

Para energia?
Desde quando é que os dirigentes religiosos Iranianos estão interessados em melhorar a qualidade de vida das suas populações?

PIB per capita ("ranking"; PIB em USD$; Ranking de Reservas de Petróleo)

Kuwait (32 – 34.040 – 5)
Emirados Árabes Unidos (34 – 23.770 – 6)
Israel (41 – 18.620 — 0)
Bahrein (50 – 14.370 – 0)
Arábia Saudita (55 – 11.770 – 1)
Oman (62 – 9.070 – 0)
Líbano (75 – 6.180 – 0)
Kazaquistão (103 – 2.930 – 17)
Irão (107 – 2.770 – 3)
Jordânia (116 - 2.500 - 0)
Síria (135 – 1.380 – 0)
Egipto (142 – 1.250 – 0)
Iémen (167 – 600 – 0)

Realmente estão muito preocupados com o povo, estão.
É a Bomba que esses loucos querem.
É transparente!

Acertem-lhe o passo quanto antes. Caso contrário vai sobrar para TODOS nós.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Luso

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« Responder #43 em: Agosto 23, 2006, 11:21:52 am »
O Fundamentalismo Árabe, de há muito existente mas durante largo período travado pelo Xá da Pérsia, hoje Irão, bom aliado do Ocidente, adquiriu novo ímpeto com a sua queda. Queda na qual teve interferência a França , mas cuja responsabilidade decisiva cabe à Administração Norte-Americana do Presidente Carter. E, com baixos e altos, esse fundamentalismo constitui na actualidade perigo significativo.

Naturalmente, que o seu objectivo geral é todo o Ocidente, até agora, com prioridade para quem nele predomina. Recentemente uma acção, que pretendia desenvolver-se em grande escala, foi tentada contra os EUA, com a destruição, planeada e iniciada, de parte importante da cidade de Nova Iorque. Contudo, os serviços norte-americanos depressa conseguiram deter essa acção.

Tal conduzirá provavelmente aquele Fundamentalismo, o que seria inteligente, a optar por acções prioritárias sobre países mais vulneráveis do Ocidente. E, entre estes, pode vir a incluir-se Portugal, bastando para tanto que o Reino de Marrocos acabe por ser obrigado a ceder ao mesmo Fundamentalismo. A fronteira Sul de Portugal passaria a ser com o Fundamentalismo Árabe. E uma nova acção contra o Ocidente poderia começar por infiltrações terroristas e guerrilheiras no Algarve e no Alentejo.

Mesmo antes da queda do Xá da Pérsia, já as Autoridades Portuguesas se preocupavam com esse perigo. A Base Aérea de Beja, no centro geográfico do sul de Portugal, foi, por mim próprio, no final dos anos 50 e começo dos anos 60, mandada construir, e construiu-se, para permitir a acção de forças aéreas e o afluxo rápido de forças terrestres, nesse e para esse Sul de Portugal, prevenindo infiltrações semelhantes às referidas. Hoje, parece que preocupações idênticas estão, para os nossos Dirigentes, muito minimizadas, como se pode deduzir da colocação nas mãos da Argélia, facilmente dominável pelo Fundamentalismo em causa, da nossa principal futura fonte de energia – o gás natural dessa mesma Argélia.

No plano geral, o Fundamentalismo Árabe possui, além do seu drástico fanatismo e métodos terroristas, as grandes armas do petróleo e das quintas-colunas já instaladas em alguns países ocidentais, como a França. E é de admitir que venha, mesmo, a possuir armas nucleares.

Esta ameaça – a ameaça fundamentalista árabe – é, presentemente, de novo apenas potencial, mas pode rapidamente tornar-se efectiva, sendo dever indeclinável preveni-la.


In “A Ameaça” de Kaúlza de Arriaga
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Rui Conceicao

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« Responder #44 em: Agosto 23, 2006, 11:47:06 am »
Na minha opinião, ou os paises(ONU ?) tomam uma posição de força ou em meia duzia de anos o Médio Oriente e o Mundo vão ficar muito pior com a bomba nas mãos do Irão, que é o mesmo que dizer de terroristas.
Hoje dia 12 de Junho de 2006, dois F 18 Espanhois
faziam exercicios sobre territorio Portugues(concelho de Mértola, entre 8am e 9am)