Há vários detalhes neste conflito que convém não deixar passar em claro.
É condenável o ataque a objectivos civis ? É óbvio que sim.
Era esperada esta reaccção de Israel ? É óbvio que sim.
Apenas Israel tem culpa neste conflito ? É óbvio que não.
Numa altura em que Israel ia devolvendo os territórios ocupados, lentamente mas que ia devolvendo é um facto, serão inocentes as acções de grupos radicais, quando a reacção de Israel era mais que previsível ?
Numa altura em que o país que mais influência tem sobre estes grupos (Irão) estava sobre pressão internacional devido às suas pretensões nucleares, será apenas coincidência o despoletar de um conflito, que teve como primeira consequência o fim do diálogo entre Isarel e os palestinianos moderados, numa altura em que era evidente a perca de influência do Hamas (pró-iraniano) dentro da comunidade palestiniana, devido às consequências negativas para os próprios palestinianos devido às acções do Hamas enquanto governo e ao corte de diálogo/apoio do governo israelita com a liderança palestiniana, nas maõs do Hamas ?
O clima de quase guerra civil entre as diversas facções palestinianas esfumou-se como por encanto.
Porque será ? Acabaram as divergências entre eles ?
O problema iraniano e as suas pretensões nucleares repentinamente deixou de ser notícia.
Quase diáriamente surgiam notícias de pressões sobre o regime iraniano devido às sua intenções nucleares.
Será que a “ameça” nuclear iraniana é hoje menor do que era antes do despoletar do conflito israelo-libanês ?
É o Hezbollah um grupo político de militantes inocentes pacifistas ?
É natural num país (Líbano) que pretensamente tem forças armadas , existir um grupo exterior a essa mesmas forças armadas, capaz de possuir diverso tipo de armamento, desde a vugar kalashnikov, passando pelos misseis katiuska, até a misseis mais sofisticados e com outra capacidade bélica, vide o ataque à corveta israelita, e que essa posse/aquisição de material bélico passe ao lado das autoridades libanesas ?
É natural que um país que naturalmente pretenda manter intacta a sua integridade territorial, não mantenha nenhuma presença militar precisamente na fronteira de onde virá o maior perigo potencial ?
É natural num país soberano existir um grupo, exterior à autoridade militar desse mesmo país, que efectue actos de provocação numa fase inicial, e que mantenha uma acividade militar digna de registo, dando-se ao “luxo” de atacar alvos bem no interior do país inimigo, e que as autoridades desse mesmo país assistam passivamente à destruição das suas estruturas como retaliação às ctividades originárias do seu território, sem retaliar diexando esse papel para esse grupo radical que despoletou o conflito ?
A reacção israelita é desproporcionada ?
Antes de ser desproporcionada, era mais que previsível. Provavelmente a continuação da existência de Israel nos dias de hoje, para além da protecção norte-americana, é o facto de quem os atacar, saber que a sua reacção será imediata, sem exitações, e sem contemplações. Par além do poderio militar que possuem, fica a mensagem que sempre passaram de que não hesitam em usá-lo sempre que achem necessário, independentemente das condenações políticas que venham a surgir.
Facto curioso, é que na primeira invasão do Líbano nos anos 80, houve uma forte contestação interna em Israel a essa mesma invasão. Hoje a unanimidade e geral a favor das actuais operações militares.
Falando de condenações é curioso também que os dois países que mais alto levantaram a sua voz contra as acções israelitas no Líbano, Rússia e França, têm memória curta.
As acções miltares russas na Tchechénia tiveram pouco de convencionais e proporcionadas.
A França, quando há uns anos atrás um seu avião foi destruido na Costa do Marfim, num acto de retaliação, destruíu toda a força aérea costa-marfinense, … proporcional e adequado…
Concluindo…
Cerca de 35% da população libanesa é xiita, o que é significativo, se tivermos em conta que no Líbano existem 17 movimentos religiosos, mas segundo sondagens anteriores ao conflito, os libaneses, na maioria, não gostam do Hezbollah.
A isto acrescente-se em primeiro lugar, que o executivo, composto por dois ministros do Hezbollah, o movimento xiita libanês, é muito fraco e já demonstrara anteriormente não ter qualquer controlo sobre o movimento.
Depois, o Líbano não tem um exército próprio, "capaz de defender o país", mas sim autoridades que se resumem a uma mera "força policial, com trabalhos de patrulha".
Isto somado torna o pequeno país vulnerável aos vários interesses regionais. As milícias, com o patrocínio do Irão e da Síria, controlam a região sul, na fronteira com Israel.
A localização geográfica do Líbano, encravado entre Israel, a sul, e a Síria, a norte e a este, ajuda a perceber porque o país tem sido o palco de alguns dos episódios mais marcantes da extensa história dos conflitos na região.
O Líbano é apenas isso, um palco onde os vários actores principais deste melodrama desempenham os seus papéis. Enquanto ao Líbano for destinado um papel secundário, com o território a ser aproveitado pelos inimigos de Israel para, devido à proximidade, pressionar e atacar o estado hebraico, as coisas não mudam.