Parece que a economia russa está cada vez mais próxima do modelo económico da Camorra
Rússia toma o que é seu”: Putin ordena a expropriação de empresas europeias e russas para financiar mais um ano de guerra na Ucrânia
O presidente russo, Vladimir Putin, deu ordem para uma vasta campanha de expropriações e nacionalizações de empresas europeias a operar na Rússia, medida que o Kremlin justifica como uma resposta direta às sanções ocidentais e uma forma de garantir recursos para prolongar a guerra na Ucrânia. Desde 2022, calcula-se que o Estado russo tenha confiscado ativos no valor de mais de 50 mil milhões de euros, o equivalente a 2% do Produto Interno Bruto do país, segundo dados do escritório de advogados russo NSP.
Entre os grupos afetados estão multinacionais como a Shell, a alemã Uniper e a dinamarquesa Carlsberg, cujas filiais russas foram apropriadas ou vendidas a entidades próximas do Kremlin. Em muitos casos, empresas de capital russo também foram alvo de nacionalizações arbitrárias, num processo descrito por analistas como uma “reconfiguração controlada” da economia russa, onde os ativos são redistribuídos entre oligarcas leais ao presidente.
Putin enquadra esta vaga de expropriações como uma “correção histórica” às privatizações dos anos 1990, que considera um “roubo da propriedade pública”. O argumento recupera o discurso que o chefe de Estado russo tem repetido desde o início da guerra: a necessidade de “restaurar o controlo nacional” sobre recursos estratégicos e punir as elites económicas que, no passado, beneficiaram do colapso da União Soviética.
Durante a década de 1990, o então jovem funcionário municipal de São Petersburgo participou no processo de privatização que hoje condena. Ainda assim, Putin continua a associar os chamados “velhos oligarcas” — como Mikhail Khodorkovski, preso em 2003, e Serguei Pugachev, exilado no estrangeiro — à corrupção e à traição económica.
O argumento de “segurança nacional” também é usado para justificar confiscações mais arbitrárias. O processo já atingiu setores tão distintos como a aquacultura, a produção de massas alimentares e até infraestruturas de transporte. Um dos casos mais mediáticos foi o do aeroporto de Domodédovo, em Moscovo, avaliado em mais de 10 mil milhões de euros, cuja venda a investidores privados está prevista para o final deste ano. Também os gasodutos do Extremo Oriente, antes controlados pela Shell e pela ExxonMobil, foram absorvidos pelo Estado russo.
O Kremlin afirma que a nacionalização de ativos ocidentais é uma reação necessária ao “ambiente hostil” criado pelas sanções. O porta-voz Dmitri Peskov declarou esta semana que as medidas “foram tomadas no contexto de ações adversas em termos económicos” e que a Rússia “está a proteger os seus interesses legítimos”.
As expropriações servem igualmente de instrumento de pressão diplomática. Moscovo tem utilizado estes ativos como trunfo nas negociações sobre os bens russos congelados no estrangeiro, procurando trocar perdas internas por compensações externas. No entanto, há limites estratégicos: uma ofensiva total sobre os ativos ocidentais poderia eliminar uma das poucas ferramentas de negociação que o Kremlin ainda detém.
As expropriações servem igualmente de instrumento de pressão diplomática. Moscovo tem utilizado estes ativos como trunfo nas negociações sobre os bens russos congelados no estrangeiro, procurando trocar perdas internas por compensações externas. No entanto, há limites estratégicos: uma ofensiva total sobre os ativos ocidentais poderia eliminar uma das poucas ferramentas de negociação que o Kremlin ainda detém.
Por essa razão, as nacionalizações mais agressivas têm-se concentrado em empresas russas, muitas vezes sob a acusação de corrupção. O governo tem confiscado empresas de turismo, logística, construção e até minas de ouro pertencentes a empresários detidos ou investigados, no contexto de uma nova vaga de processos judiciais contra funcionários e militares por corrupção durante a guerra.
O próprio Banco Central da Rússia reconheceu esta semana que as nacionalizações têm criado “um ambiente negativo para o investimento”, alertando que o Estado está a “violar os direitos dos acionistas”. Como exemplo, o banco citou o caso da mineradora Yuzhuralzoloto, avaliada em 2,12 mil milhões de euros, sublinhando que estas práticas “enfraquecem o princípio da propriedade privada” no país.
Os novos proprietários
Mais do que uma simples nacionalização, o processo representa uma redistribuição de riqueza a favor das elites próximas do Kremlin. Entre os beneficiários destacam-se os irmãos Arkadi e Boris Rotenberg, empresários e amigos pessoais de Putin, bem como o poderoso clã de Nikolai Patrushev, antigo diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB).
A antiga filial da Danone na Rússia é um dos exemplos mais emblemáticos. Rebatizada Lógica Láctea, foi entregue ao grupo ligado ao líder checheno Ramzan Kadyrov em 2023, por decreto presidencial. Este ano, os novos proprietários anunciaram um investimento de mil milhões de euros na expansão da marca no mercado russo.
Outros conglomerados públicos também absorveram empresas privadas. A companhia de transporte e logística FESCO foi nacionalizada em 2024 e incorporada na Rosatom, a poderosa empresa estatal de energia nuclear, que tem alargado a sua influência a novos setores, incluindo o transporte marítimo e o comércio paralelo de bens que contornam as sanções internacionais.
Durante o Fórum Internacional de Energia Nuclear de Moscovo, a FESCO chegou a vangloriar-se publicamente de que os seus produtos “chegam a qualquer parte do mundo”, citando o exemplo de manteiga importada da Nova Zelândia via o porto espanhol de Algeciras, antes de chegar à Rússia.
Preparação para outro ano de guerra
Putin continua a utilizar a nacionalização de ativos como ferramenta económica e política para sustentar o esforço militar. Um decreto recente acelera os processos de privatização controlada, com o objetivo de gerar receitas adicionais para o orçamento de 2026.
O Ministério das Finanças russo afirma, no documento orçamental apresentado esta semana, que “a prioridade estratégica é garantir o financiamento das necessidades de segurança e defesa do país”. Com as contas públicas pressionadas pela guerra, o Kremlin vê nas vendas de empresas nacionalizadas uma forma de recuperar liquidez sem depender de capitais estrangeiros.
Enquanto isso, investidores internacionais mantêm distância, e o mercado russo continua a contrair-se sob um clima de incerteza. Num contexto em que as expropriações são justificadas por “patriotismo económico”, os sinais vindos de Moscovo são claros: a guerra prolonga-se, e a economia russa torna-se cada vez mais refém do poder político e dos aliados do Kremlin.
Parece que já chegou ao fundo da arca agora vai para o roubo por esticão.
https://executivedigest.sapo.pt/russia-toma-o-que-e-seu-putin-ordena-a-expropriacao-de-empresas-europeias-para-financiar-mais-um-ano-de-guerra-na-ucrania/
Pensavas mesmo que a Russia ia deixar os federastas da UE roubar os ativos russos que tem no Ocidente sem reagir ?
Já sabia que os federastas são , ou estupidos, ou uns traidores, eu penso que são as duas coisas ! O que me espanta é que alguns T21 , que oficiam aqui, pensavam o mesmo !
Para saberem, os ativos ocidentais na Russia estão acima do 500MM de € e estamos a falar de empresas , indústria , etc.... Os da Russia na UE valem 290 MM de € e é compra de divida ( papel , sem valor fisico ) !
Boa sorte para os outros países comprarem divida europeia !