Portugal e a 2ª GM

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emarques

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Portugal e a 2ª GM
« em: Abril 26, 2004, 05:55:50 pm »
Alguém tem informações sobre a relação de forças portuguesa à data do início da 2ª Guerra Mundial?

Gostava especialmente de informações sobre o exército e legião portuguesa.

Obrigado.
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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papatango

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« Responder #1 em: Maio 03, 2004, 11:07:43 pm »
Pelo que sei, houve problemas durante a década de 30, provocados pelo despontar da situação em Espanha.

Até 1935, a prioridade das forças armadas portuguesas era a marinha. Daí os planos megalomanos de que já falámos, relativamente aos sete cruzadores. Depois de 1935, a situação ficou mais complicada no que respeita ao exército.


O Exército tinha sido algo esquecido porque a prioridade tinha sido dada á marinha e em 1936 a situação era complicada porque Portugal apoiava Franco, mesmo quando não era seguro que Franco ganhasse a guerra.

Estou a falar de cabeça, mas acho que houve uma batalha em 1938 em Terruel (posso estar errado) em que os Italianos foram completamente humilhados por tropas das brigadas internacionais essencialmente constituidas por italianos. Em Portugal, considerou-se essa batalha como de mau augurio.

Em caso de vitória das forças governamentais espanholas, uma guerra com a espanha não era de todo impossível.

Em 1935 o Exército tinha 18750 recrutas (com 12 meses na tropa) e mais 3600 oficiais.

Em 1935-36 o programa militar prevê criar á pressa (pensam que é só de hoje :D ) um exército que atinja 49240 homens treinados, em caso de mobilização. Esse numero numa segunda fase deveria atingir 109.000 homens. Uma terceira fase, apontava para a criação de um exército com 10 divisões, mais 5 divisões de reserva, o que era considerado suficiente para resistir a uma eventual invasão espanhola.

Nesta altura, o rearmamento sofre um precalço, porque toda a gente sabía que Portugal não cumpria os acordos de neutralidade relativamente á guerra em Espanha. Os ingleses recusaram-se a fornecer armas a Portugal (os franceses também) porque argumentavam que as armas seríam utilzadas para apoiar Franco.

O resultado foi uma fase de ligação á Alemanha. Desta fase vieram os Junkers que chegaram a operar em África (e que os franceses proibiram de passar por cima da França aquando da entrega a Portugal)  e por exemplo as espingardas Mauser, das quais encomendámos 50.000, que nunca chegaríamos a comprar, pois entretanto foi decidido que seriam fabricadas as armas ligeiras em Portugal, na fábrica de Braço-de-Prata.

Estas compras acabaram com o programa naval, que de qualquer forma nunca tería chegado a nenhum lugar, pelas razões que já discutimos.

De qualquer forma os nossos efectivos seriam inuteis em qualquer circunstância.

Os americanos tinham um plano para invadir os Açores com 25.000 homens se Portugal fosse ocupado pela Alemanha e os Alemães, brindar-nos-íam com duas divisões (cerca de 20.000 homens da Wermacht).

Não teriamos como resistir.

Sobre a Legião, tenho alguns sobre o assunto, mas não sei deles. Se encontrar coloco aqui.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Luso

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« Responder #2 em: Maio 03, 2004, 11:25:07 pm »
"por exemplo as espingardas Mauser, das quais encomendámos 50.000, que nunca chegaríamos a comprar, pois entretanto foi decidido que seriam fabricadas as armas ligeiras em Portugal, na fábrica de Braço-de-Prata. "

Não sei...

Creio que em 1933 se comprou um lote de Mauser Standard Modell.
Depois em 1937 se encomendou dois lotes de Mauser Modelo M937 e M937A. Finalmente, em 1941 fez um novo contracto para a aquisição de Mausers M941 que suponho tenham chegado a este País em número de 80.000 ou inferior(metade?), já que os alemães desviaram muitos para as suas forças. Já agora, há exmplares de Mausers M941 com o Escudo Português que foram capturados pela URSS, ou pelos Noruegueses que os transformaram, pelos chineses, oferecidos pelos russos e depois usados e capturados pelos americanos na Coréia e... Vietnam.
É como o outro diz: - elas andam aí!

Agora fabricação de armas ligeiras... só se for a conversão das Vergueiro, em 1939.

Eu queria dizer-vos mais, mas vocês não me ajudam...  :cry:
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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emarques

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« Responder #3 em: Maio 04, 2004, 07:21:33 pm »
Obrigado pela ajuda.

Já agora, até que ponto é que se cumpriram esses planos de alargamento? E esses números incluem todos os efectivos, ou apenas as forças de combate? E, já que estou a perguntar, qual era o tamanho de uma divisão, continuava-se a usar a estrutura inglesa ou a "Missão militar portuguesa de observação da guerra em Espanha" (vulgo força expedicionária) chegou a introduzir algumas alterações?

Quanto à FBP, ao que sei, por essa altura fabricavam metralhadoras Vickers .303 arrefecidas a água e obuses de 105mm. (mas não sei se eram tão técnicamente avançados como as mgs :D

Ninguém tem informações sobre o restante armamento? Artilharia, morteiros, SMGs, pistolas... picos, bestas, espadas de duas mãos... ;)
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Luso

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« Responder #4 em: Maio 04, 2004, 09:09:04 pm »
A submetralhadora Steyr-Solothurn MP-34 foi adquirida em números bastante razoáveis a partir de 1942 e segundo li algures, bem difundida pelas forças armadas. É uma arma bem construida e tem o escudo português.
A outra metralhadora que aqui se falou é a Dreyse MG13 (M938).

Já agora acrescento outras armas:

Metralhadoras:
Vickers M/917 (.303)
Lewis M917 (.303)
Breda M938
Madsen M940
Vickers Berthier M931 (.303)
Madsen M930 (303)

Submetralhadoras:
Sten M43
Schmeisser M42
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Luso

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« Responder #5 em: Maio 04, 2004, 10:31:39 pm »
Ah... pistolas...

Há as Lugers

Luger M935 (7.65P) GNR
Luger M940
Luger M943
Luger M903 (D. Carlos- 7.65P)
Luger M909 (D. Manuel II- 7.65P) Exército
Luger M910 (7.65P D. Manuel II e República) Marinha.

Há a Savage Mo915
E um Revolver sistema Abadié cujo modelo desonheço, mas o calibre será um 9,5mm qualquer.
Também li qualquer coisa de um revolver Nagant.

Corrijam-me, por favor!
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dremanu

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« Responder #6 em: Maio 07, 2004, 08:11:58 pm »
Imagens do exército e da legião Portuguêsa que consegui encontrar na net:

 

















"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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dremanu

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« Responder #7 em: Maio 07, 2004, 08:22:51 pm »
Reparem na fotografia onde as mulheres e as crianças estam descalças...custa a aceitar que tal coisa acontecesse, já naquela altura.
« Última modificação: Maio 08, 2004, 01:37:06 pm por dremanu »
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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papatango

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« Responder #8 em: Maio 08, 2004, 11:16:14 am »
Caro Dremanu.
Em primeiro lugar o meu pedido de desculpas.

Pedindo desculpas pela minha falta de educação, e notando que você não é o único, e que eu mesmo cometo erros de português, noto que não se escreve "aconteçe-se", mas sim acontecesse.

A colocação de um "Ç" com cedilha, antes de um "E" ou de um "I" não é utilizada na lingua portuguesa.

Cação, Caçula, Açorda, levam "Ç" mas Maceda, ou Cacimba, não levam "Ç" cedilhado, porque a regra, que se estudava no meu tempo de escola primária obrigava os meninos a dizer que antes do É e do I o C não leva cedilha, da mesma maneira que antes de um P e de um B, se utilizará invariavalmente "M" e não "N".

Peço desculpa, mas este é infelizmente um problema nacional e a esmagadora maíoria algumas vezes não tem ideia de que está de facto a cometer um erro.

Há algum tempo num transporte público em Lisboa um grupo de jovens afirmava que as pessoas do Porto não sabiam falar, porque por exemplo dizem "RIO" e não "RIU". Afirmavam ainda que "...toda a gente sabe que um "I" e um "O" juntos se lê "U"

É assim, estava criada uma regra gramatical de autocarro...

Espero não ser levado a mal, porque não é essa a minha intenção, dado eu mesmo cometer erros. No entanto gostaria de recordar a questão do "Ç" porque é uma especie de erro de palmatória.

Como a defesa de uma nação, também passa pela defesa da lingua, acho que não me levarão a mal.

Cumprimentos
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dremanu

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« Responder #9 em: Maio 08, 2004, 02:20:04 pm »
hehehehehe....porra PT fiquei  :D Bom já corrigi o erro. Vc está completamente certo em dizer que devemos defender a língua, estou plenamente de acordo.

É o que dá escrever tudo à pressa, e não verificar aquilo que se escreveu. É meio desculpa esfarrapada, mas é a verdade, e com certeza vou procurar ter mais cuidado a partir de agora. :D
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emarques

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« Responder #10 em: Maio 27, 2004, 07:02:23 pm »
Então, ninguém sabe mais nada?

Se alguém tivesse uma OrBat de Portugal em Ago/Set de 1939, então é que era uma maravilha. ;)
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Spectral

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« Responder #11 em: Junho 14, 2004, 11:20:17 pm »
Hum, enviaram-me este link há uns tempos :

http://www.orbat.com/site/ww2/drleo/000_admin/000oob.htm

O mais engraçado é que este site ( orbat.com) é a pagar, portanto devo estar a entrar por alguma backdoor do sistema :nice:

As tabelas de orbats estão mesmo muito completas (concentram-se mais na parte inicial da guerra), mas infelizmente para Portugal apenas tem isto :
http://www.orbat.com/site/ww2/drleo/041_portugal/__portugal.html

Ou seja o dispositivo de forças em Macau e Timor. 2 batalhões em Macau e 1 em Timor...
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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emarques

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« Responder #12 em: Junho 15, 2004, 02:26:38 am »
Pois era mesmo dados sobre o ínicio da guerra que eu procurava. Infelizmente, é realmente um pouco fraco com relação a Portugal. Lista Exército, Marinha... e Força Aérea, que era coisa que ainda não existia.
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Rui Elias

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« Responder #13 em: Junho 16, 2004, 02:17:16 pm »
Segundo julgo saber o dispositivio militar português por essa altura não era especialmente temível, mas a Portugal coube a compra de uns equipamentos e oferta de outros pela Inglaterra, como compensação pela sua neutralidade colaborante durante a II Guerra.

A Salazar atribui-se a fraze, após ter assistido a um desfile militar com os novos equipamentos, nomeadamente camiões de transporte e algumas peças de artilharia "temos Exército!".

Mas de qualquer modo as nossas FA na altutra tinham muitos homens mas pouco material militar de relevo.

Relembro que na altura ainda havia uma separação orgânica entre o Exército da Metrópole e os contigentes militares coloniais.

Ambos estavam mal equipados.

Quanto à Legião Portugesa, esta foi uma forma de criação de uma milícia do regime, mas Salazar que nunca alinhou totalmente nas figurações fascistas, acabou por desde cedo integrar o comando da LP no Exército, acabando com as pretenções que até 1936 haviam de "fascizar" o regime através das correntes nacional-sindicalistas do Rolão Preto e até de alguns integralistas mais de direita e que não escondiam uma certa admiração pelo Hitler e pelo Mussolini.

Por isso e apesar da LP ter participado na Guerra Civil espanhola através de uma força expedicionária (os Viriatos) ao lado dos falangistas de Franco, quando estes regressaram, Salazar não permitiu grandes festejos da vitória, tendo-lhe sido atribuída a frase "ganhámos; é tudo!".

E desde cedo a LP deixou de ter prestígio e importância no dispositivo militar portugês.
 

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dremanu

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« Responder #14 em: Junho 18, 2004, 04:55:01 pm »
Hino da Legião Portuguesa

Nós teremos que vencer...
Nada temos a temer
Da invasão comunista.
Já existe a Legião,
Ao vento solta o pendão,
Dá combate ao anarquista.

Não voltamos ao passado,
Acabou o revoltado,
Disso temos a certeza;
E mais tranquilos andamos
Porque todos confiamos
Na Legião Portuguesa.

Reparai no seu marchar,
Os braços a oscilar,
Elevando a mão ao peito.
Garbosos e aprumados,
São verdadeiros soldados
da ordem e do respeito.

Ele é um soldado unido,
Quer na paz ou quer no perigo,
O seu lema é avançar.
Respeita o seu comandante,
Gritando sempre: Avante!
Por SALAZAR! SALAZAR!

José Gonçalves Lobo, 1937
"Esta é a ditosa pátria minha amada."