Perto de 300 mil toneladas
Galp vai importar de África quase 50% das necessidades nacionais de biocombustíveis
O presidente executivo da Galp Energia revelou hoje que a petrolífera pretende estabelecer parcerias em África no sector dos biocombustíveis. "Estamos já a trabalhar nisso", afirmou Ferreira de Oliveira, salientando que cerca de 50% das necessidades nacionais de biodiesel, perto de 300 mil toneladas, deverão ser satisfeitas, nomeadamente, a partir de Angola.
O presidente executivo da Galp Energia revelou hoje que a petrolífera pretende estabelecer parcerias em África no sector dos biocombustíveis. "Estamos já a trabalhar nisso", afirmou Ferreira de Oliveira, salientando que cerca de 50% das necessidades nacionais de biodiesel, perto de 300 mil toneladas, deverão ser satisfeitas, nomeadamente, a partir de Angola.
Sem querer avançar com detalhes sobre parceiros e datas, o CEO da Galp limitou-se a dizer que "teremos de recorrer a África, onde estamos já a trabalhar", realçando que "estamos a olhar para toda a cadeia de valor e vamos investir onde melhor atingirmos este objectivo". Ou seja, desde a produção de matéria-prima até à distribuição dos combustíveis.
Segundo as contas da Galp serão precisas cerca de 600 mil toneladas de biocombustíveis, o que implica o recurso a uma área agrícola entre 400 e 800 mil hectares de terreno.
Os estudos apontam para que, no máximo, o País tenha capacidade para produzir entre 60 e 70 mil toneladas.
As restantes cerca de 300 mil toneladas de biodiesel necessárias para Portugal cumprir o objectivo de incorporação de 10% de biocombustíveis no consumo total vão ser fornecidas a partir do Brasil, no âmbito da parceria que a Galp Energia vai fazer com a brasileira Petrobras.
Hoje, as duas petrolíferas assinaram, no Palácio da Ajuda, um MoU [memorando de entendimento] para a formação de uma "joint-venture" entre as duas empresas para a avaliação e implementação de oportunidades em futuros negócios na área de biocombustíveis.
De acordo com o memorando, "haverá troca de experiências e estudos para a definição da logística e da localização da produção das oleaginosas em território brasileiro. O objectivo é a futura exportação de óleo vegetal e /ou biodiesel para Portugal, onde deverão ser armazenados, comercializados e distribuídos".
Os termos do acordo – que prevê assim a realização de estudos de viabilidade técnica, económica e financeira para a produção, comercialização e distribuição de óleos vegetais e / ou biocombustíveis, com o início de produção previsto para 2010 – vão ser definidos até Julho deste ano.
"No curto prazo vamos definir os termos da parceria para os biocombustíveis, sobretudo biodiesel, a partir da avaliação do mercado e tecnologias disponíveis", afirmou o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. O gestor realçou que a "Petrobras tem uma ampla experiência neste sector, a nível logístico e de tecnologia, sendo que hoje no Brasil cerca de 23% da gasolina consumida é já misturada com etanol"
Petrobras exporta para Europa através de Portugal
O primeiro passo desta parceria "é estudar a integração de toda a cadeia produtiva, desde a produção até ao transporte, desde o Brasil até à Europa", resumiu Gabrielli, antecipando que vai servir para abastecer o mercado nacional, mas também o europeu.
A ideia é que a Galp Energia e a Petrobras venham a produzir um total de 600 mil toneladas, em que metade será consumida no Brasil ou canalizado para a Europa, passando por Portugal.
"Com a parceria com a Galp queremos dar mais um passo no desenvolvimento do biodiesel, que pretendemos exportar do Brasil e integrar na cadeia final na Europa", explicou Gabrielli.
A petrolífera brasileira, com tradição no etanol, vai agora começar a operar no biodiesel de chamada segunda geração. "No final deste ano, algumas das nossas refinarias vão começar já a produzir diesel mineral de alta qualidade a partir de óleos vegetais", antecipou o gestor.
Já a Galp vai dedicar-se apenas à produção dos chamados biocombustíveis de segunda geração, que implicam sempre refinação, segundo garantiu hoje Ferreira de Oliveira.
"Os biocombustíveis de segunda geração, além de permitirem uma incorporação total, contra os 5% do biodiesel de primeira geração, têm uma performance de motor muito melhor", justifica o gestor.
A Galp não tem assim intenções de construir unidades de primeira geração. "Se tivermos necessidade, podemos recorrer às unidades que existem ou estão projectadas para Portugal", explicou Ferreira de Oliveira.
Ainda este ano, a Galp Energia vai começar a produzir biodiesel de segunda geração na refinaria do Porto. Para preparar a instalação para este novo produto, a petrolífera vai investir perto de 50 milhões de euros.
Já em Sines, a empresa vai construir de raiz uma fábrica de biocombustíveis, onde vai aplicar entre 180 e 200 milhões de euros.
http://www.negocios.pt/default.asp?Session=&CpContentId=296129
"
Os estudos apontam para que, no máximo, o País tenha capacidade para produzir entre 60 e 70 mil toneladas."
Parece pouco "olhando" para as extensas áreas subaproveitadas por esse Alentejo fora.
Talvez tenha mais a haver com as espécies cultiváveis em solo nacional e o rácio de aproveitamento para biocombudtível.
A soja é uma das plantas com maior rendimento (e qualidade) daí a opção Brasil (com prejuízo para a floresta amazónica) e Angola.
Mas continuaremos a ser excessivamente dependentes da produção em países estrangeiros, com as consequências que daí resultam, seja em termos de dependência energética, seja em perca de postos de trabalho com as consequências económicas e sociais enerentes, seja no não desenvolvimento de um sector produtor primário que poderia ajudar a resolver alguns dos problemas com que muitos agricultores deste país se debatem.
Mas voltando às espécies com melhor rácio de aproveitamento para biocombustível, e na sequência de uma conversa com um amigo, produtor de biodiesel, na qual ele se lamentava da falta de capacidade de resposta do país na produção de oliaginosas com bom aproveitamente para biocombutível, obrigando à procura dessas espécies em mercados como o Brasil, e no disparar dos preços dessas mesmas plantas devido à procura crescente (a cotação da soja, por exemplo, disparou nos ultimos meses), falou-me ele de uma planta que bem explorada poderia ser uma solução para muitos dos problemas que afectam vários sectores, devido ao total aproveitamento da planta em termos energéticos.
O CardoO cardo (Cynara cardunculus), espécie robusta que suporta bem a secura, apresenta crescimentos biomássicos elevados, podendo obter-se 25-35 toneladas de matéria seca por hectare no fim do ciclo de produção, quando cultivada. A biomassa produzida está praticamente livre de humidade, eliminando assim uma das grandes desvantagens das produções agrícolas industriais.
A elevada produtividade desta espécie em condições ecológicas caracterizadas por elevadas temperaturas e secura, torna-a uma espécie potencialmente muito interessante para as regiões do Sul da Europa, tendo como produto principal a biomassa, permitindo a produção de biocombustível líquido e sólido.
O cardo, devido ao baixo teor de humidade (15%), pode ser cortado de manhã e queimado à tarde. Por seu turno, os resíduos florestais têm, na fase de abate, valores de humidade que rondam os 70-80%, sendo necessário o seu armazenamento e secagem, acrescendo pois o custo das operações e infraestruturas inerentes a estes processos.
O cardo é uma planta perene, podendo atingir 2m de altura, sendo cultivada pelas suas raízes comestíveis e talos, e a parte aérea é usada como forragem animal. A haste geralmente morre depois da floração e mantém-se de pé por alguns meses.
Uma importante característica do cardo é a sua raíz profundante, a qual é desenvolvida no primeiro ano da planta e é capaz de regenerar vigorosamente a menos que todo o sistema radicular seja destruído.
O cardo, ou Cynara cardunculus, é uma planta agressiva capaz de formar talhões mono-específicos massivos em habitat degradado, e é igualmente capaz de invadir comunidades naturais e semi-naturais. Provavelmente devido à reduzida capacidade de dispersão das sementes, o número de sementes parece ser um factor importante na invasão por parte do cardo (Kelly and Pepper, 1996). Pode ocupar habitats como montados, áreas ribeirinhas, campos agrícolas abandonados, crescendo melhor em barros profundos. Contudo não tolera demasiada sombra. O seu maior atributo comercial é ser uma planta multifuncional com três produtos: forragem animal, óleo vegetal e celulose para fibra ou energia.
http://www.aflops.pt/content/index.php?action=detailfo&rec=224
Creio que a única exidência desta planta é a necessiade de solos calcários, coisa que não falta neste país, e ao abandono.
A semente desta espécie já é comercializada em Portugal.
Ps.
Off the Record esse meu amigo disse-me que já estamos a consumir bem mais biodisel que a percentagem establecida por lei para a mistura com o gasóleo comum, em especial nas marcas "
linha branca" e que essa percentagem chega por vezes a valores superiores a 30%, situação ultrapassada, para não ser detectada pelo consumidor, pela mistura de alguns aditivos "
milagrosos", com prejuízo da mecânica das viaturas e da carteira desse mesmo consumidor.
E quando o barril de petróleo sobe e essas empresas revendedoras/distribuidoras de combustíveis lá encaixam mais uns euros de lucro à conta do consumidor.
