História incompleta da PAX AMERICANA

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Moi

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História incompleta da PAX AMERICANA
« em: Janeiro 18, 2006, 09:00:04 pm »
A seguir, um resumo de intervenções de Washington nas Américas Central e Latina, a partir do século 19:

1806: À frente de um pelotão, o capitão Z. Pike invade o México ao norte do Rio Grande, sob as ordens do General Wilkinson.

1822-23: O tenente Ramage desembarca em Cuba a bordo do navio Porpoise, na costa oeste da ilha, sob o pretexto de perseguir piratas. O Tenente Itribiling desembarca uma tropa de fuzileiros navais na costa oeste de Cuba, em Puerto Escondido.

1824: O mesmo Porpoise desembarca marinheiros nas cercanias de Matanzas, em Cuba, ainda sob o pretexto de perseguir a pirataria.

1825: Destacamentos dos navios Sea Gull e Gallinnipper praticam “ações contra saqueadores nos cayos de Jutia Gorda e La Cocinera. Em Cuba

1831: Fuzileiros do navio Lexington desembarcam nas ilhas Malvinas, na Argentina, por ordem expressa do governo norte-americano. As ilhas seriam ocupadas pela Inglaterra cerca de dois anos depois.

1835: Soldados do navio Brandkwine aportam em El Calao, litoral do Peru, e seguem para Lima, a fim de ”proteger a cidade” durante motins revolucionários. A ocupação perdurou até 1836.

1838: O mesmo navio Lexington realiza um desembarque maciço em Buenos Aires, Argentina. Pretexto: “defender os cidadãos norte-americanos durante as desordens revolucionárias”.

1842: O oficial T.A.C Jones, no comando de uma esquadra que percorria o litoral da Califórnia, ocupa Monterrez, extremo noroeste do México. Uma semana depois, ocupa San Diego. Explicação: o oficial acreditou que as cidades haviam “declarado guerra”.


1816-1848: Guerra entre México e Estados Unidos. Não houve pretexto para o ataque norte-americano. Derrotado, o México firmou o tratado de Guadalupe-Hidalgo, reconhecendo a anexação do Texas. Cediam também a Califórnia, o Arizona, o Novo México e outras regiões, extensão equivalente a França e a Alemanha juntas.

1852-53: Durante a guerra civil de Buenos Aires os navios americanos Congress e Jamestown desembarcaram vários destacamentos. Pretexto: defender interesses estrangeiros.

1854: Uma esquadra norte-americana desembarca soldados em San Juan Del Norte, Nicarágua. O pretexto era “defender a propriedade de uma companhia daquele país, ameaçada (sic) pelo governo” nicaraguense. Em represália, o povo destruiu a empresa e o embaixador americano naquele país foi detido. O incidente diplomático resultou numa reação enérgica. Sob as ordens de Washington, uma esquadra ianque bombardeou San Juan, invadiu a cidade e a incendiou.

1855-57: Por ordens do comodoro Paudling, um destacamento de fuzileiros navais desembarca na Nicarágua. Pretexto: prender o “filibusteiro Wiliam Walker”, quer foi preso, torturado e enviado para Washington.

1858: Forças do navio americano St. Lawrence desembarca em Montevidéu, Uruguai e se apodera da alfândega, dando como pretexto a “guerra civil em processo”.

1859: Demonstrações de forças navais ianques no Panamá exigindo “desagravo”, por um suposto ataque ao banco norte-ametricano Water Witch. O governo panamenho se viu obrigado a capitular.

1860: Com o pretexto de perseguir o bandido mexicano Juan Cortina, o capitão ianque Ford cruza com suas tropas o Rio Grande, penetrando ilegalmente o México.

1865-66: O navio americano St. Mary desembarca fuzileiros navais no Panamá. O pretexto era “proteger o tráfego ferroviário e os interesses norte-americanos durante a guerra civil”. A intervenção ocorreria novamente no ano seguinte, sob o mesmo pretexto.

1868: O general Zedgwick exige e obtém a rendição de Matamoros, afirmando que o fez para reparar queixas de residentes norte-americanos. O militar permaneceu no local com cerca de cem homens durante uma semana, até que o governo de Washington se decidiu em ordenar a retirada da tropa.

1869: Fuzileiros americanos desembarcam por suas vezes em Montevidéu, novamente sob o intento de proteger nativos estrangeiros durante insurreição popular.

1873-1882: Tropas dos estados Unidos cruzam, por diversas vezes, a fronteira do México em suposta “perseguição a ladrões de gado. O governo mexicano apresentou moção de repúdio, o que não impediu que ocorressem choques entre as forças dos dois países, como foi o caso de Remolina, em maio de 1873 e o de Las Cuencas, em 1875. Tais incursões se realizavam, conforme ficou comprovado, por ordens diretas de Washington.

1885: Em março, o navio americano Galena envia à Colômbia uma grande força para a região do Panamá durante uma rebelião, sob o pretexto de proteger a ferrovia. Dois meses depois, uma esquadra ianque e vários destacamentos tomam à força a maior parte da rota do Canal e da Cidade do Panamá. Em julho, o navio Alliance desembarca tropas de fuzileiros em Colón, em caráter provisório.


1888: Uma esquadra norte-americana realiza apresentação de força no Haiti, por motivo do apresamento do navio mercante Haytian Republic.

1891: Uma guarda militar ianque desembarca em Valparaíso, Chile. Pretexto: proteger o embaixador dos Estados Unidos. Mais tarde, um motim de que resultaram dois americanos mortos, dezoito feridos e trinta e seis aprisionados, o governo dos Estados Unidos exigiu reparação. Diante da negativa chilena, a guerra chegou a estar iminente, e o Chile se viu obrigado, por fim, a oferecer escusas e a pagar todas as indenizações exigidas.

1893-94: Durante a Revolta da Armada, no Brasil, o almirante ianque Benham, com uma grande esquadra norte-americana sob seu comendo, tomou posição aberta contra os rebeldes, e chegou a posicionar embarcações a caminho do país, ao decorrer da guerra civil.

1896-98: Revolução no Panamá. Fuzileiros do navio americano Atlanta desembarcaram em Bocca de Toro, no ístimo. No ano seguinte, o navio Alert efetua um desembarque de soldados em Corinte, Nicarágua, durante “motins revolucionários”.

1898: Os Estados Unidos intervém no conflito cubano-espanhol, em Cuba. A propaganda oficial apresenta o envio de tropas ianques à Ilha como um ato generoso e filantrópico da América do Norte. Hoje existem provas de que ta; tese seria insustentável. De acordo com o historiador Ramiro Guerra, a intervenção não foi decidida pelo governo McKinley para ajudar o estabelecimento de uma república independente e soberana em Cuba mas, de fato, para realizar “uma política muito claramente definida em todo o decorrer do Século 20”.

1899: O navio americano Marieta realiza desembarque de fuzileiros em San Juan Del norte, com objetivos ‘de proteção’, logo após a insurreição de Reyes.

1901: Fuzileiros do navio Machias desembarcam em março em Boca Del Toro, na Colômbia. A mesma coisa, no mês de novembro, no Panamá em em Colón, permanecendo em ambos os lugares até dezembro. O pretexto era de “proteger a segurança ferroviária durante a guerra civil”.

1903-1904: Revolução Panamenha. O episódio teria sido orquestrado por agentes dos Estados Unidos com o objetivo de obter o comando do Canal. Não foi à toa que Theodore Roosvelt pôde afirmar, anos mais tarde: “eu me apoderei do Canal”. Para conseguir tal intento, o presidente americano violou todas as leis internacionais e os mais elementares princípios de moralidade que exigem respeito à soberania dos povos.

1904: Fuzileiros do navio Columbia desembarcaram em San Domingos. O pretexto era o de proteger o vice-cônsul alemão, ameaçado pelos revolucionários. Em janeiro e fevereiro daquele ano, uma enorme força naval norte-americana efetuou um desembarque de soldados em Puerto Plata e Souza e, com seus canhões, atacou os rebeldes.

1904: O Almirante Goodrich ordena que um batalhão de fuzileiros navais avança desde a zona do Canal do Panamá até Aucon, a fim de manter a ordem durante a rebelião do general Huertas. As tropas ocupam a cidade e permanecem no local durante uma semana.

1906: Intervenção militar norte-americana em Cuba. As tropas permaneceram no território cubano até 1907.

1910: O navio ianque Buffalo desembarcou uma força de reconhecimento, em março, na cidade de Corinte, Nicarágua. Em maio, os navios Paducah e Dubuque efetuam um desembarque ameaçou prender navios nicaragüenses e abriu fogo contra a terra. Pretexto: os motins revolucionários incitados pelo próprio Departamento de Estado.


1912: O navio americano Petrel desembarcou um destacamento em Honduras, a fim de impedir a ocupação, pelo governo, de uma estrada de ferro pertencente a uma empresa norte-americana.

1912: Desembarque de grande força ianque no porto de Guantânamo, em Cuba, ocupando todo o vale. Outro desembarque se efetuou em Nipe e em Daiquiri. Pretexto: defender os interesses norte-americanos durante os distúrbios que se produziram ao levantar-se em armas o Partido Independente de Cor.

1912-1925: Tropas desembarcam em Manágua, Nicarágua, a fim de “estabelecer a ordem e a pacificação do país”. Soldados desembarcariam também em outros lugares. Os americanos ocuparam todo o país. Em seguida, surgiu um movimento de independência nacional, que sustentou longa luta armada contra o invasor. Os Estados Unidos mantiveram suas tropas na Nicarágua até 1926.

1913: Grupo de marinheiros do navio Buffalo desembarcou em Ciaris Estero, México, para “proteger os norte-americanos dos distúrbios revolucionários”.

1914: Fuzileiros desembarcam em Port-au-Prince, no Haiti

1914-1917: Incidente do Delphin, em Tampico, México. Os norte-americanos se apoderam do porto deVera Cruz, permanecendo no local durante todo o ano. Em 1916, sob pretexto de perseguir Pancho Villa, o general americano Persching lança contra o México uma expedição “punitiva”, que penetrou milhas adentro do território mexicano. A luta continuou até fins de 1917. Esta seria a chamada guerra “não declarada” ao México.

1915-1934: Forças norte-americanas intervém e ocupam o Haiti, em julho de 1915, permanecendo na ilha por dezenove anos. O pretexto inicial: “impedir os ataques aos estabelecimentos estrangeiros durante a guerra”.

1916-1924: Forças navais ianques desembarcam e ocupam a República Dominicana, à custa de muitas baixas. Até 1922, o país é governado por generais. Deixam a região dois anos depois, sob a guarda de fuzileiros, como interventores.

1917-1919: Soldados invadem Cuba durante a Chambelona, ocupando boa parte da província oriental. O pretexto: defender interesses estrangeiros. As tropas permanecem na ilha até 1919.

1918-19: Após a expedição “punitiva”, no México, tropas americanas invadem o território mexicano três vezes em 1918 e seis, em 1919.

1919: O navio norte-americano Cleveland desembarca uma força em Puerto Cortez, Honduras, em setembro daquele ano, a fim de “impedir desordens”.

1919-12: Tropas ianques da Zona do canal penetram na província de Chiriqui, de julho a agosto, para “supervisionar as eleições” (!).

1920: Barcos americanos Tacoma e Niagara tomam a cidade da Guatemala, sob o pretexto de “defender os interesses norte-americanos durante a guerra civil”.

1924-25: Desembarcam soldados norte-americanos em vários pontos da Guatelama, entre fevereiro e abril de 1924. O cruzador Denver serviu de base de operações, ajudado pelo Billingsley e pelo Lardner. Em setembro, o Rochester desembarcou forças em Celba. Em abril de 1925, o Denver efetuou novo desembarque.

1925: Tropas dos Estados Unidos ocupam a cidade do Panamá. Pretexto: “prestar serviço de polícia durante uma greve”.

1926-1933: Depois de poucos meses após haverem se retirado, fuzileiros navais ianques regressam à Nicarágua, o que provoca forte oposição nacional. As tropas dos Estados Unidos ocupam o país até 1933. na prática, com um curto intervalo de poucos meses entre 1925 e 1926 a Nicarágua esteve ocupada militarmente por tropas estrangeiras durante vários anos.

1934-1950: Com a ascensão de Franklin Roosvelt à presidência dos Estados Unidos, os episódios referentes à Segunda Guerra mundial, que desviou o foco militarista norte-americano e a formulação da chamada “Política da Boa Vizinhança”, houve uma certa pausa momentânea em manifestações mais agressivas por parte de Washington nas Américas. O efeito civilizador dos Estados Unidos voltaria com a Guerra Fria, culminando com o rompimento da tradição política dos países do Sul, que adotariam à força a orientação de ditaduras sinistras que Washington iria impor, como o fez, desde sempre à América Central e ao Caribe.

1964: Em meio ao temor de uma revolução socialista no Brasil, durante o governo João Goulart (1961-64), os Estados Unidos desencadearam, como nos velhos tempos, uma operação, intitulada Brother Sam, constituída por uma esquadra chefiada pelo porta-aviões Forrestal, por um porta-helicópteros, seis destróiers, quatro petroleiros, sete aviões de carga C-125, oito aviões de caça, oito aviões-tanque e um jato de comando aéreo, e portava cento e dez toneladas de armamentos. A operação, prevista para maio, se precipitou com o levante de 31 de março. O objetivo inicial seria apostar em Santos, reconhecendo São Paulo como região legalista contra Jango. Com a insurreição das tropas de Juiz de Fora, a “missão civilizadora” se dirigiu para o Espírito Santo, com o intuito de sustentar o governo de Minas Gerais com homens, armas e combustíveis. Foi abortada com a rápida vitória dos militares e a deposição de Goulart, a 1o de abril. Até hoje, esta operação é ponto de controvérsia a respeito de seus fins e meios, e muitos questionam se ela realmente existiu ou não, embora existam documentos que comprovem a ação, nos próprios arquivos norte-americanos.

1973: A sedição do governo socialista de Salvador Allende, feita pelas mãos de militares chilenos, foi articulada pelos Estados Unidos, como a primeira operação complexa de desestabilização de governos sul-americanos. A operação se fez tanto através de propaganda quanto atos de conspiração e de guerra, comandada por um grupo que integrava gestores de empresas multinacionais, para derrubar o governo. O programa de Allende entrou em choque com os interesses norte-americanos na América. Como foi comprovado depois, o descontentamento popular foi estimulado por greves financiadas pela Inteligência norte-americana. Em 11 de setembro de 1973, o palácio do governo foi bombardeado e o presidente morreu durante a luta.

1986: O governo norte-americano foi acusado de desviar o dinheiro de venda ilegal de armamentos ao Irã para sustentar o movimento dos “contras”, grupo de extrema direita que lutava para derrubar o governo sandinista da Nicarágua, na América Central. O escândalo abalou o prestígio do presidente Ronald Regan, ficando claro para a opinião pública que ele não só tinha conhecimento dessas transações, como também as autorizara. Desta forma, o governo de Washington mantinha os “contras” (ditos “conservadores” que haviam fugido para Miami a fim de organizar uma milícia guerrilheira e atacar a Nicarágua) com armas, equipamento e assessoria militar que, sem sucesso, tentaram derrubar o governo de Daniel Ortega. O presidente seria derrotado apenas em 1990, por via eleitoral, com a vitória de Violeta Chamorro, da União Nacional de Oposição (UNO).
 

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Luso

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« Responder #1 em: Janeiro 18, 2006, 11:51:38 pm »
E a seguir o Moi vai-nos brindar com outro post de idêntico brilhantismo dedicado à União Soviética...
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Moi

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« Responder #2 em: Janeiro 19, 2006, 02:03:35 am »
Lá está a estreiteza de ideais...

O objectivo é dar a conhecer a intervenção americana no mundo e abrir horizontes para estudar mais a fundo algumas das questões referidas ou subentendidas. Tal como a Doutrina Monroe.

Se quisesse dizer mal dos Estados Unidos tinha emitido opinião. Não o fiz.

Quanto à União Soviética, ficaria a perder de longe em número de guerras e mortes provocadas.

Agora, se o «termo» de comparação fosse a Inglaterra Monárquica, então seria um bom exercício.
 

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papatango

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« Responder #3 em: Janeiro 19, 2006, 02:34:35 am »
Caro Moi.

Eu não pretendo dar uma de inteligente "maniqueista" :conf:  mas fico com a impressão de que você nos pretende passar uma imagem da américa um bocado, se calhar maniqueista.

Diga-me só uma coisa, em nome do interesse de informar:

Em 1814, a capital desse império americano, a cidade de Washington, foi pilhada e incendiada pelos britânicos.

Importa-se de me dizer em que capitulo deste seu relato das malfeitorias americanas se encaixa a ocupação e destruição da capital?

É que fico com a impressão de que nos quer dar a ideia de que os americanos já impunham a sua PAX, quando na prática eram os britânicos que mandavam, e na realidade mandaram, até 1914.

Talvez, a bem da verdade, nos queira explicar o que é a doutrina Monroe, que implicava que um ataque contra um país americano era um ataque contra todos.

O exército americano, essa potência maléfica, era minusculo quando comparado com um exército europeu. Basta dizer-lhe, que até quase ao fim do século XIX, os americanos temiam o Brasil, porque este país tinha navios mais poderosos que a América.

Portanto, creio que a Pax Americana, começou um pouco mais tarde.

Quanto aos mortos provocados pela Pax Soviética, também sería interessante considerar o reinado de Estaline, e classificar os seus feitos heróicos contra as várias nacionalidades dentro da URSS, e contra aqueles que ele achava que estavam contra ele.

O facto de um governo ou sistema de governo, se impor num determinado espaço geográfico por meios violentos, não é menos grave, quando é feito dentro das próprias fronteiras.

Logo, lamento informa-lo caro Moi, mas o nível de crueldade e barbarie do grande camarada Pai dos Povos faz os americanos parecerem meninos de coro.

Cumprimentos
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Luso

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« Responder #4 em: Janeiro 19, 2006, 02:59:28 am »
Só uma insignificância para colocar as coisas na devida perspectiva...

Os terríveis imperialistas americanos tinham em 1909, 29 metralhadoras
Benet Mercié. Creio que até nós tinhamos mais, e a nossa marinha em pessoal, era do tamanho da americana (se não o era em 1909 era-o no início do século)

A 6 de Abril de 1917 já tinham as seguintes metralhadoras:

- 670 Benet Mercié (modelo obsoleto pouco prático e confiável);
- 282 Maxim em cartucho regulamentar;
- 143 Metralhadoras Colt (no cartucho russo destinadas a treino);
- 353 Lewis (no calibre inglês)
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Moi

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« Responder #5 em: Janeiro 19, 2006, 03:01:20 am »
Papatango

Olhe que não, Olhe que não, Olhe que não...

...A União Soviética não fica à frente

Mas ainda assim, o que é interessante verificar, e à luz do que afirma, segundo estudos de opinião levados a cabo na Rússia em 2003, mais de metade dos Russos (os entrevistados naturalmente) consideravam que o impacto de Estaline na História russa foi positivo. Apenas cerca de um terço discorvada.

Confirmar em... New York Times de 5 de Março de 2003, artigo de Michael Winess.

É que curiosamente, os ocidentais condenam-no mais que os russos. Resquícios de uma longa propaganda ocidental, com laivos de histerimos nos mais absurdos episódios. (Relembro que a crítica a Estaline deu-se no XX congresso do PCUS na década de 1950... partiu de dentro... segundo o último livro do Peixeiro Pereira).

Como acredito que saiba o que é maniqueísmo, vou passar á frente.

Com mais tempo direi o que entendo da Doutrina Monroe (America aos Americanos) e os seus verdadeiros objectivos e conquistas.

Também considero o Estaline um criminoso, mas mesmo assim acho que ele não foi tão terrível quanto os americanos na chacina que fizeram aos indígenas da região/Índios.

Ainda assim, não há aqui um desfazamento? Eu falo de dois séculos e tão de barbárie americana, mas só me falas a partir do Estaline...

Fala também da incrível Monarquia Russa, também ajuda ao resultado.

E já estou a ajudar.

Mas com mais tempo, eu explico as implicações da Doutrina Monroe, aliás ao alcance de uma qualquer pesquiza no Google.

Pelo contrário, eu não lamento informar.

Cumprimentos Republicanos Jacobinos
 

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Luso

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« Responder #6 em: Janeiro 19, 2006, 03:22:06 am »
Por falar em republicanos jacobinos, fale-nos da sua Revolução Francesa.
Fale-nos de Russeau e das consequências da sua filosofia.
Preste-nos esse serviço.
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papatango

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« Responder #7 em: Janeiro 19, 2006, 04:06:49 am »
Moi ->

Se os alemães, numa sondagem qualquer afirmassem que Hitler até nem foi assim tão mau, nós daríamos que importância à sondagem ou ao estudo ?

O problema dos russos e da sua relação com Estaline, é que, tendo sido um ditador implacável, dado ter conseguido ultrapassar Hitler em barbárie, deu também aos russos a ideia de que estavam num grande país, que fazia frente mesmo aos mais poderosos de todos.

Os russos têm (e são eles que dizem) algumas características curiosamente parecidas com as dos portugueses. São um bocado fatalistas e têm tendência, perante o que é objectivamente uma situação de decadência a afirmar as virtudes do periodo estalinista, não por ele ter sido um santo, mas por ter projectado o poder do país.

Aliás, a mesma coisa ocorreu por exemplo com o Ceaucescu na Romenia, que era o homem que pela primeira vez colocou a Romenia no mapa, ou com a Imelda Marcos, que tinha muitos admiradores, porque embora por más razões, era uma Filipina conhecida no mundo todo.

= = =

Portanto, temos que ver todas estas coisas no seu contexto histórico.
Se a russia continuasse a ser uma Hiperpotência, os russos afirmaríam que Estaline era um reles cão imundo, mas como isso não acontece, eles olham para esse periodo com nostalgía, e é a nostalgía que marca o resultado desses estudos.

= = =

Também considero o Estaline um criminoso, mas mesmo assim acho que ele não foi tão terrível quanto os americanos na chacina que fizeram aos indígenas da região/Índios.

Que estatísticas nos tem para apresentar?
O Estaline mandou matar vários milhões de russos. Normalmente considero o numero mais baixo para não haver exageros. Portanto 9.000.000 (nove milhões de pessoas). Claro que há valores que apontam, incluindo os mortos pelos maus tratos nos campos na sibéria, para 20.000.000 de mortos.

Sabe que, naqueles lugares, só se morria de causas naturais, nunca de fome. As pessoas estavam esfomeadas, mas morriam de pneumonia, ou de tifo (conforme o periodo do ano).

O que ocorreu com os americanos, não foi uma matança sistemática com motivações politicas, foi uma movimentação de colonos europeus, que ocupou a terra dos antigos proprietários (no sentido figurado, porque para os Indios a terra não podia ser propriedade de ninguém, e essa foi uma das razões dos embates).

Foi gente da Irlanda, da Inglaterra, da Suecia, da Alemanha, da Polonia, da Russia e da Italia, entre outros países. Colonos, migrantes fugidos da fome.

O facto de fugirem da fome, não desculpa nada, mas permite colocar as coisas no seu real contexto. O capitalismo selvagem, de origem britânica, também produziu grandes injustiças, mas nunca tantas quantas a do sistema de servidão que continuou com Lenine e Estaline, com a implantação dos Sovkozes, de onde os trabalhadores também não podiam sair sem autorização.

= = =

Depois, creio que os dados dos Luso sobre a situação ridicula do exército americano durante a maior parte do periodo que nos refere é auto-explanatória.

Sabe Moi, nos Estados Unidos, durante muito tempo, julgou-se que o governo central nem devia ter exército, e que deveria apenas haver a Guarda Nacional de cada estado, que só ficaria sob a alçada do presidente em Washington, se o país fosse atacado.

É por isso, que o exército americano, só tem expressão a seguir à segunda guerra mundial. Em 1935, os Estados Unidos conseguiam no máximo mobilizar 100.000 homens. No mesmo periodo a Romenia tinha cerca de 270.000.

Moi: Você tem que nos explicar porque é que a Pérfida América durante grande parte da sua História não teve recrutamento obrigatório e tinha um exército de voluntários.

Enfim...

Independentemente de se estar ou não de acordo com a sobranceria dos americanos, você acaba por perder grande parte da razão, porque faz uma afirmação politica anti-americana, (que podia até ser legítima num determinado contexto) afirmando-se contra um poder americano desde o inicio do século XIX que na realidade não existia.

Cumprimentos
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Leonidas

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« Responder #8 em: Janeiro 19, 2006, 04:10:58 am »
Saudações guerreiras.
 
O que nunca será demais é o exercício "obrigatório" para denunciar a flagrante hipócrisia americana ainda reinante e com políticas que só têm como objetivo os previligiados de sempre.

De muita coisa boa que vem da américa, aquilo que de mau exporta ou tenta impor, pode ser ou é mesmo letal.

Cumprimentos
 

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Luso

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« Responder #9 em: Janeiro 19, 2006, 04:23:51 am »
Leónidas...

"Flagrante hipocrisia americana"?

Mas desde quando há sinceridade em política?
É assim.
É natural.
Não somos crianças: interpretamos o que nos dão e agimos em conformidade. Fazemos opções. Escolhemos a melhor solução. Mas na maior parte das vezes o mal menor.
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fgomes

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« Responder #10 em: Janeiro 19, 2006, 04:29:01 am »
Moi, a respeito de Estaline, está a brincar?
Tem todo o direito de ser antiamericano, agora branquear Estaline dessa maneira, por favor estude as várias fontes históricas sobre o período em que ele governou e depois faça comparações com os americanos...
 

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PereiraMarques

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« Responder #11 em: Janeiro 19, 2006, 04:31:59 am »
Citação de: "Luso"
Por falar em republicanos jacobinos, fale-nos da sua Revolução Francesa.
Fale-nos de Russeau e das consequências da sua filosofia.
Preste-nos esse serviço.


Mas estamos a falar do período do "terror" que se seguiu à Revolução Francesa, do qual Rousseau não teve nada a ver com isso, ou estamos a falar das obras filosóficas de Rousseau que contribuiram para criar a Democracia, tal como a conhecemos hoje em regimes monárquicos e republicanos?

Cumprimentos republicanos (mas não jacobinos :wink: )
B. Pereira Marques
 

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Luso

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« Responder #12 em: Janeiro 19, 2006, 04:49:50 am »
Falem à vontade... 8)
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fgomes

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« Responder #13 em: Janeiro 19, 2006, 05:00:08 am »
Rosseau acreditava no BOM SELVAGEM, o problema é que este era canibal...
 

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Luso

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(sem assunto)
« Responder #14 em: Janeiro 19, 2006, 05:16:49 am »
Citação de: "fgomes"
Rosseau acreditava no BOM SELVAGEM, o problema é que este era canibal...


Excelente! :G-beer2:
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...