O texto é interessante, para analisar a história.
Não devemos à partida rejeitar todas as críticas a Portugal, só porque são críticas que tomamos como pessoais.
A verdade, objectiva, é que o império português, foi diferente dos outros grandes impérios europeus. E isso deve-se, no caso do Brasil, à enorme desproporção existente entre a metrópole, e a colónia.
Já tive ocasião de falar com brasileiros com essa ideia de que o Brasil devia ter sido colonizado pela Holanda, e para meu gáudio, até hoje, não falei com nenhum que depois de uma conversa, não ficasse pelo menos com duvidas.
Logo para começar, o Brasil não podia ter sido colonizado por mais ninguém que não por Portugal. Se o tivesse sido por Castela (o que faria sentido pelo tratado de Tordesilhas) o Brasil não existia, porque teria sido, como parte da América Espanhola, dividido em vários vice-reinos que acabariam por se separar e subdividir.
Portanto, a questão fica morta logo à partida. O Brasil, é grande, porque esse era o objectivo de Portugal, escrito, pouco depois da conquista de Ceuta. Criar um país grande (não importa onde) que pudesse servir como contrapeso, à pequenez do Portugal Europeu.
A Holanda teve várias colónias. Mas ao contrário dos Portugueses, os Holandeses não emigravam. Entre os países de colonização holandesa, destaca-se a indonésia, onde a Holanda nunca conseguiu impor a língua, e que por isso ainda hoje corre o risco de desagregação. O outro país de colonização holandesa, perdida para os ingleses foi o sul da África. Os Holandeses, ajudaram a criar a mais racista das sociedades do planeta, que só foi destruída nos anos 90. Não sei se era isto que os poucos brasileiros que subscrevem estas teses têm em mente.
Depois, há uma comparação curiosa na India.
A maioria dos portugueses desconhece, que o mais rico estado Indiano, se chama Goa. De todas as regiões da India, (riquíssima na sua diversidade), a mais rica de todas, é logo aquela que foi de colonização portuguesa.
Aqui há umas semanas, uma pessoa da minha família que esteve num navio no oceano pacifico, disse-me que verificou que a tripulação do navio em que navegava era constituída por orientais e destes, por indianos. Mais espantado ficou, quando ao peito, os tripulantes traziam o nome do país de origem. Os indianos traziam um crachá a dizer Índia. Mas alguns desses indianos, traziam um que dizia GOA.
Porque é que, podendo trazer um crachá que os identificava como indianos, há indianos que preferem trazer um que os identifica como goeses?
Alguém me explica?
Todos teremos explicações para o facto, provavelmente, quem escreveu o texto sobre o império medíocre, também não tem explicação.
Mas a verdade, é que os indianos com o crachá a dizer GOA, não são sombras de impérios perdidos. Andavam com ele, em Fevereiro do ano de 2005.
Muitos em Goa, orgulham-se, não só de viverem no estado mais rico da Índia, mas também porque têm origens diferentes.
Em África, antes da guerra, Angola era dos países mais desenvolvidos, e ainda nem sequer tinha começado a explorar petróleo nem diamantes. (razão pela qual soviéticos e americanos estavam tão interessados no território – Se calhar julgavam que era por causa do colonialismo não... Injinhos

)
O império português chegou a colocar o Rio de Janeiro como capital de Portugal. Nunca Inglaterra ou a Holanda teriam alguma vez feito isso. E claro, muitos brasileiros esquecem-se disso.
As filhas de um primo meu, do Brasil, estiveram há uns anos em Portugal, e eu levei-as a ver vários monumentos. Elas ficaram espantadas quando eu lhes expliquei que os monumentos que elas viram foram todos construídos antes de haver Brasil. (elas vieram com a ideia de que todos os monumentos portugueses foram pagos com o outro do Brasil).
De todos os grandes impérios do planeta, nenhum deles foi construído por um país tão pequeno. As deficiências do império, têm a ver com isso. Têm a ver com a debilidade demográfica e também económica, e também, há que reconhece-lo, com o atavismo, e a imbecilidade de muitas das nossas elites, com a beatice cadavérica, desleixada e analfabeta do período do absolutismo monárquico, entre outras razões.
No entanto, pesando os prós e os contras, a verdade, objectiva e racional diz-nos, que aquele minúsculo reino do fim do mundo - na idade média - estabeleceu objectivos, e, contra tudo o que seria razoável foi terrivelmente eficiente em atingi-los.
O Brasil ganharia mais - aí não tenho dúvida - em ter uma visão mais lógica e racional de Portugal. Um país minúsculo pode, com grande esforço conseguir grandes feitos. Portugal fê-los, a grande custo, mas fê-los. Um país grande, tem a obrigação de os fazer. Se o Brasil não os fez ou não os faz, não é seguramente culpa de Portugal.
Infelizmente, o anti-portuguesismo do actual governo do senhor Lula, parece seguir a linha fácil, que é a de culpar os outros, pelos problemas que são criados no próprio país.
Cumprimentos