Acho que não devemos polemizar demasiado este tipo de questões. Portugal e Espanha são países diferentes, e pronto.
Como já devem ter reparado o problema da forma como eu o vejo, tem a ver com a visão que em Espanha se vende sobre a península ibérica e sobre a sua História e a História dos seus vários países.
Os Espanhóis, não entendem que, ao tentarem criar uma História (falsa, porsupuesto) que tem o objectivo único de tentar justificar a existência de Espanha, passando por cima do facto desta ser nada mais que um império castelhano, entram em conflito com a História de Portugal.
Dou-vos um exemplo:
Hubo un tiempo en el que los reinos, que despues derivaron en naciones, se forjaban en la cama de los reyes, de tal forma que un matrimonio unia dos reinos y un aborto los volvia a separar. Tambien esos matrimonios daban lugar a que cesasen guerras o a que comenzasen, de forma que en el lecho conyugal se hacia la paz y la guerra
Este é uma das visões que em Espanha se tenta dar do país:
Ou seja, é mais ou menos isto: As antigas nações não existiam porque eram apenas resultado dos casamentos.
Quer dizer:
Os vários povos ibéricos, existem, e têm diferentes características, culturas e linguas, porque os reis se casaram de uma determinada maneira. A História das nações, não existe, o que existe é a História das monarquias.
Portanto, para estes senhores, os vários povos da península são apenas invenções dos homens, ou melhor dos monarcas. Ao dizer que os povos da península são apenas resultado dos casamentos, os Historiadores “Franquistas”, negaram o direito da Catalunha, Navarra ou Galiza à autodeterminação, porque como os países são meras criações dos monarcas, na realidade nunca existiram. Portanto, se não existiram no passado, não têm o direito de existir hoje.
Ora, esta visão, por muito que os Espanhóis o neguem, entra em conflito directo com a nossa própria existência e o nosso direito a existir.
Portugal é, devemos ter consciência disso, apenas uma das nações da península ibérica. Ao negar à Catalunha (por exemplo), o direito a existir como nação e eventualmente Estado, os Espanhois estão OBJECTIVAMENTE A FAZER EXACTAMENTE A MESMA COISA COM PORTUGAL.
Mesmo que o neguem, e mesmo que se façam de santinhos.
É preciso estar preparado para este tipo de truques, que são extremamente violentos, porque são efectivamente mentiras monstruosas. É preciso saber desmontar as distorções históricas que são tão típicas dos países com problemas de identidade nacional.
Se aceitamos este tipo de argumentos, então aceitamos o que o Franquismo, que continua a escrever os actuais livros de História em Espanha, (como vimos, no post que refiro acima) tenta transmitir subliminarmente, ou seja:
Portugal não devia existir, porque, como a Catalunha, é uma criação feita na cama dos reis.
Todos sabemos, que nada pode ser tão absolutamente falso quanto isto. Portugal existe, e afirmam-no mesmo alguns historiadores Espanhóis, por absoluta e expressa vontade do povo. É o povo que derrota os castelhanos e que os esmaga. As nações ibéricas, existem por direito próprio.
Por outro lado, e isto é muito importante, há espanhóis que aceitam essa história, e aceitam que a Espanha é composta de varias nações com as suas próprias características, costumes e língua. Esses países não são resultado de casamento, mas sim resultado da evolução dos povos peninsulares ao longo dos últimos dois a três mil anos. Esses países, e os seus povos são absolutamente livres de, se assim o desejarem, fazer as Espanhas que quiserem, e viverem como muito bem entenderem, conforme for a vontade do povo.
Eu aceito isso, sem qualquer reserva, e defendo o direito dos espanhois de viverem conforme a vontade determinada pela maíoria de cada uma das nações que constituem a Espanha.Outra coisa, é tergiversarem, distorcerem e mentirem, para dar a ideia de que a Espanha castelhana que hoje existe, tem que pensar, vestir, agir e falar em castelhano, como se alguma vez tivesse havido um país único na península ibérica. Esse tipo de Espanhol, deve ser sempre confrontado, com a verdade histórica. Eles mentem, sabem que mentem, e nós temos que lhes explicar que sabemos que eles mentem!!!
Há que estabelecer estas diferenças, para entender o que eu quero dizer quando falo de Espanha e quando falo da Espanha-castelhana. A Espanha Castelhana, existe. É constituída, por várias regiões autónomas, de entre as quais se destacam, a Andaluzia; Madrid; Castela & Leão; Castela-Mancha e a Extremadura. Esta é a Castela histórica. Tem cerca de 23.600.000 de habitantes. E representa mais de 50% da actual Espanha. Além destes habitantes, há ainda uma quantidade considerável de castelhanos, que ao longo dos séculos, migraram para as regiões periféricas, normalmente para ocupar a administração pública. Por isso, há muitos “catalães” que se dizem “espanhóis”. Na realidade são os filhos dos imigrantes.
É importante conhecer estes factores, pare evitar os extremismos.
Eu não tenho medo de nenhum papão castelhano. Eu limito-me apenas a ver os problemas e a apontar para eles. Portugal tem uma memória histórica, e deve preserva-la.
Esquecer o passado, e entrar em novas aventuras de olhos vendados, é a mesma coisa que aceitar abrir a porta de nossa casa, a um vizinho que sabemos que sempre nos roubou, mas que ultimamente, jura a pés juntos, que se deixou de um hábito que tem desde nascença.GATO ESCALDADO, TEM MEDO DE ÁGUA FRIA!Jo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!
Cumprimentos