Marinha tem novo Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada O Vice-almirante Carvalho Abreu é desde hoje o novo Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada substituindo no cargo o Vice-almirante Conde Baguinho. A cerimónia de tomada de posse foi presidida pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Saldanha Lopes.


Discurso do Chefe do Estado-Maior da Armada:
Senhor Almirante Vice-CEMA,
Senhores Almirantes, Senhores Comandantes,
Senhores Oficiais, Sargentos, Praças, Militarizados e Civis da Marinha,
Distintos convidados,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
É com muito agrado que presido hoje à cerimónia de tomada de posse do Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada, começando por agradecer a todos os que quiseram engrandecer esta cerimónia com a sua presença na Casa da Balança.
As minhas primeiras palavras são dirigidas ao VALM Conde Baguinho.
Senhor Almirante,
A recente concessão, por sua excelência o Presidente da República, da Grã-Cruz da Medalha (Militar) do Mérito Militar muito justamente atesta e distingue o superior desempenho do senhor almirante nas muito exigentes e sensíveis funções de Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada.
Nesta ocasião, em que cessa funções, cumpre-me, e é com muita honra que o faço, reconhecer publicamente o elevado espírito de serviço, a profunda integridade e a inexcedível dedicação com que serviu a Marinha ao longo de uma distinta carreira em que ficou bem patente a sua permanente disponibilidade para servir o País sem jamais esperar outra recompensa para além da satisfação do dever cumprido.
Receba, senhor almirante, o meu muito obrigado em nome da Marinha e o meu agradecimento pessoal pela amizade com que sempre me distinguiu, bem como o apoio incansável nestes primeiros tempos no desempenho do meu cargo.
Senhor almirante Carvalho Abreu,
Afirmei recentemente que as dificuldades não deverão ser sinónimo de desalento, antes de reflexão crítica, análise lúcida e decisão ponderada, na busca das melhores soluções. Ao escolhê-lo para as importantes funções de vice-chefe do Estado-Maior da Armada tive em conta as capacidades que sei que possui e que, com grande abnegação, coloca ao serviço da instituição que serve há mais de quarenta anos.
A coerência do seu pensamento, a determinação, ponderação e inteligência que alia a uma vasta e multifacetada experiência irão ser fundamentais para levar avante a desafiante missão que o espera.
Num momento de grandes transformações nas Forças Armadas, decorrentes da Reforma da Estrutura Superior das Forças Armadas, a função do Estado-Maior como órgão de planeamento e de controlo é ainda mais relevante do que no passado, e a coordenação do almirantado ocupa o primeiro plano das minhas prioridades, para que a Marinha actue de forma coesa e sinérgica, para potenciar a sua capacidade de intervenção na envolvente externa.
Senhor almirante Vice-CEMA,
Como número dois da hierarquia da Marinha, compete-lhe substituir-me nas minhas ausências e impedimentos e, ainda, dirigir superiormente o funcionamento do Estado-Maior da Armada.
Como bem sabe, o EMA está em processo de reorganização, com o propósito de melhor responder às novas exigências, internas e externas, conferindo-lhe uma estrutura mais leve, ágil e adequada às reais necessidades. O Estado-Maior da Armada é fundamental para me apoiar nas decisões que terei que tomar. Para tal, a sua acção deverá ser pautada pela objectividade, pragmatismo e sentido das realidades, articulando-se com toda a estrutura da Marinha e valorizando as relações horizontais a vários níveis, com o objectivo de ajudar a construir a Marinha eficiente, moderna e prestigiada que todos desejamos.
Ao mesmo tempo, o Estado-Maior da Armada deverá assegurar a ligação institucional com entidades externas nacionais e estrangeiras.
Refiro-me, no âmbito nacional, à ligação com os outros Estados-Maiores congéneres e à articulação e coordenação com as várias agências, departamentos e organismos do Estado com competências no mar.
No âmbito internacional, releva o relacionamento com as marinhas de países amigos e os parceiros multilaterais, com especial enfoque para as Iniciativas marítimas internacionais e para a Cooperação com os Países de Língua Portuguesa, privilegiando, progressivamente, a troca de experiências entre Estados-Maiores.
No quadro da Reorganização da Estrutura Superior das Forças Armadas, importa levar por diante a implementação da nova Lei Orgânica da Marinha e dos subsequentes Decretos Regulamentares, tendo como objectivo permanente o reforço das sinergias e a harmonização dos propósitos, para que exista a sintonia indispensável à consecução dos superiores interesses da Marinha, sempre em consonância com os proeminentes desígnios do País.
No contexto particular do EMA, relevo a missão de apoiar simultaneamente o CEMA e a Autoridade Marítima Nacional, bem como a atribuição da função de director-coordenador do EMA ao almirante Sub-CEMA, resultando, consequentemente, maior disponibilidade do almirante Vice-CEMA para a coordenação inter-sectorial da Marinha, incluindo a articulação com o meu Gabinete, para que o todo seja coerente e sincronizado, numa voga certa que permita tirar o máximo partido do esforço dispendido. Nesse sentido, a preparação da Directiva de Política Naval que pretendo promulgar em Janeiro, constituirá um primeiro e significativo desafio.
Senhor vice-almirante Vice-CEMA,
Para além do que já referi, destaco ainda alguns desafios em que a acção do senhor almirante será instrumental:
O primeiro refere-se à actuação não militar da Marinha, designadamente no que respeita à segurança e autoridade do Estado no mar. A acção da Marinha neste âmbito constitui uma parte muito significativa da nossa actividade diária e inclui vertentes tão variadas como a fiscalização das actividades de pesca, a salvaguarda da vida humana no mar, os trabalhos de investigação científica, a preservação do meio ambiente ou a luta contra ilícitos.
Em comum, nestas actividades, está um factor determinante: a cooperação, diálogo e sã convivência com outros organismos, departamentos e agências do Estado, por isso nos empenhámos na criação e afirmação do Centro Nacional Coordenador Marítimo, pelos benefícios para o País que advêm quer da poupança de recursos que permite, quer da fusão da informação proveniente de múltiplas fontes, com benefício para todos os participantes.
Também ao nível internacional temos vindo a afirmar as vantagens da Marinha de Duplo Uso, o que foi reconhecido pelos nossos parceiros no North Atlantic Coast Guard Forum ao confiarem-nos a presidência no período de Setembro de 2012 a Setembro de 2013. Este é um importante desafio que teremos que planear cuidadosamente, envolvendo todas as entidades nacionais que connosco têm em comum o mar, de modo a dignificar a Marinha e o País.
O segundo desafio em que a experiência recente do senhor almirante será fundamental é o crescente carácter conjunto que se faz sentir, quer interna quer externamente, em diferentes áreas. Não sou contrário à integração, agregação ou fusão de órgãos com o objectivo de obter poupanças e melhorias de eficiência e eficácia. Contudo, as metodologias utilizadas deverão ter em conta o benefício adquirido de maior qualidade para o País.
E um terceiro desafio, que resulta da recente aprovação do novo Conceito Estratégico da NATO e de um conjunto de iniciativas da mesma índole, nomeadamente no âmbito da União Europeia, de fomentar o contributo da Marinha para um pensamento estratégico nacional, mormente no que respeita ao mar, que nos oriente nos caminhos do futuro.
Finalmente, quero aproveitar esta oportunidade para referir dois órgãos que resultaram da nova LOMAR e que são a Inspecção-Geral da Marinha e a Superintendência dos Serviços de Tecnologias da Informação.
A Inspecção-Geral da Marinha permitirá sedimentar o modelo de gestão estratégica da Marinha, nomeadamente no âmbito da função controlo, através do aumento da capacidade em matéria de inspecção e auditoria, reforçando a coordenação dos organismos que até agora têm exercido actividades desta índole nas suas áreas específicas. Pretendo que a sua edificação continue numa linha progressiva, em estreita colaboração com o Estado-Maior da Armada, o Comando Naval e a Superintendência dos Serviços Financeiros, entidades que actualmente detêm competências no domínio inspectivo.
Este aprofundamento da função controlo não seria possível sem os avanços entretanto conseguidos tanto no âmbito da gestão estratégica, como do suporte em tecnologias da informação e comunicação que muito beneficiaram da recente criação da Superintendência dos Serviços de Tecnologias da Informação. Sendo um organismo na dependência do almirante Vice-CEMA, conto com a sua acção orientadora para cimentar esta transformação.
Senhor almirante Carvalho Abreu,
O futuro da Marinha só se constrói com o empenho e o trabalho diário de todos. Compete ao Estado-Maior da Armada estudar e propor as soluções mais equilibradas que, sem visões corporativas, sirvam melhor a Marinha e o País. Para tal, o EMA deverá concentrar-se cada vez mais no futuro e na interacção com os seus congéneres, tanto ao nível nacional como das alianças e países amigos, aprofundando a doutrina e alargando a base de sustentação da Marinha no Estado e na sociedade civil.
O amanhã exige uma Marinha melhor, mais eficiente e eficaz. Como Imediato deste grande navio, conto com o senhor almirante para me ajudar na “batalha” externa, ao mesmo tempo que, internamente, me garante a estabilidade e fluidez dos processos. Terá todo o meu apoio. Que a sorte o acompanhe nesta nobre missão.
José Saldanha Lopes
Almirante
http://www.marinha.pt/PT/noticiaseagend ... Dez10.aspx