Um dia destes, provavelmente muito à tardinha e lá pela fresca, as nossas FA irão adquirir MALE (Medium altitude long endurance) UAV/UCAV.
Só tomei conhecimento deste sistema hoje. Europeu, com generoso payload e flexibilidade.
https://www.airbus.com/en/products-services/defence/uas/eurodrone
Supostamente as primeiras entregas serão de 2030 em diante.
Serão sistemas caros, seguramente. Pelo que pude ler online, serão acima de 140 milenas cada Eurodrone.
Dado que permitem uma generosa flexibilidade de missões, incluindo AsW, e mesmo sabendo que são equipamentos caros, encomendaria "imediatamente" uns 2 a 3 sistemas (cada sistema comporta 3 UAV).

Onde é que pus a cadeira, mesmo?
O EuroDrone já foi falado algumas vezes por aqui. Mas é algo recente, pelo menos em termos dos detalhes, que não me recordo de até há pouco tempo, este drone ser apresentado como um UCAV.
Agora um UCAV que poderá utilizar armamento quase para todos os gostos, inclusive mísseis JSM, é uma clara mais valia.
Em termos dos custos, será que é mesmo 140M cada, e não 140M cada "unidade", ou seja, cada sistema com 3 drones? É que 140M cada, é quase tão caro como um P-8, e bem mais caro que um F-35, e com esse preço não seria competitivo no mercado. 140M por um conjunto de 3 já faz mais sentido, e coincide mais com os valores do MQ-9.
Algo que gostava de ver, era que pegassem no AR5 e no futuro ARX, e testassem a incorporação de algum armamento mais leve.
Um conflito a curto prazo, não é para 2030 infelizmente ...
Entretanto, na guerra a sério, que deveria ser a nossa bitola, os ucranianos estão a produzir quase 10.000 drones por dia.
Os Russos estão em guerra há três anos.
Têm centenas de milhares de baixas, mas estão habituados à realidade dos dias de hoje no campo de batalha, que é controlado e dominado por drones.
Nos últimos dias há notícias de áreas em que os combates se limitam a ataques de drones de parte a parte.
As viaturas de reconhecimento deixaram de ter qualquer papel nessa função. As que existem precisam ser poderosamente protegidas, porque são alvos fáceis.
Esta guerra está a ser combatida por drones de 500 Euros, equipados com explosivos.
Os russos estão a utilizar burros, porque estes são dificilmente identificados por sistemas de infravermelhos e ao mesmo tempo não precisam de gasolina.
Temo que se tivéssemos capacidade para enviar um batalhão para um campo de batalha destes, metade dos nossos militares fugia nas primeiras 48 horas.
Sim, o reequipamento das FA portuguesas tem de ser visto em 2 etapas:
-curto prazo: dando prioridade a programas que dêem alguma capacidade de combate ao país, e de rápida execução;
-médio/longo prazo: programas que já se sabe que vão demorar anos até avançarem, ou que estão planeados para daqui a vários anos/não são prioritários.
A compra de um UCAV MALE, é absolutamente necessária mais tarde ou mais cedo. Se fosse possível a curto prazo, perfeito (opções israelitas, americanas ou turcas já no mercado), se quisermos esperar por um produto multinacional europeu, tipo EuroDrone, é esperar e dar prioridade a outros programas.
E as nossas necessidades têm que ser tratadas assim. O caso das VdG, ou decidimos fazer um upgrade bem mais robusto do que o que está planeado, ou cancelamos o upgrade, e avançamos já com um concurso para aquisição de novas fragatas, ou procuramos uma solução em segunda-mão. Não podemos é andar aqui no meio termo, meio indecisos.
Entre os programas de curto prazo, algumas das prioridades deviam girar em torno dos F-16, dos P-3 e respectivo armamento, e na aquisição de sistemas AA, adquirindo o mais depressa possível alguns dos sistemas incluídos no ESSI (pelo menos Skyranger 30 (BrigInt), RapidRanger e respectivos radares ligeiros (BRR/Fuzos) e IRIS-T SLM - deixando Patriot e Arrow 3 como sonho molhado difícil de concretizar a curto prazo).
É absolutamente necessária a compra de loitering munitions. Harop/Harpy ou equivalentes (do lado mais "high end"), e Switchblade 300 ou similar (do lado "low end") - e pedir transferência de tecnologia para sermos capazes de desenvolver as nossas próprias LM. Os Harop, e outras loitering munitions, também podem ser lançados de navios, o que podia ser importante numa eventual "militarização" dos NPO/expansão de capacidades das VdG, conferindo-lhes armamento stand-off em módulos contentorizados.
Camcopter S100 para a MGP e quiçá EP. Se se confirmar o rumor do interessa da MGP nos Lynx Wildcat, era avançar com esta aquisição ASAP. Acelerar o processo dos helicópteros do EP, nomeadamente aumentando o nº de UH-60 e incluir desde o início armamento no programa.
É crucial adquirir novos mísseis anti-carro.
Era também necessário definir de uma vez por todas o que raio se quer fazer da BrigMec. Se a querem manter, então pensem em investir a sério naquilo, caso contrário, mais vale fundir com a BrigInt. E adquiram um IFV de lagartas de uma vez por todas, algo que é necessário independentemente do rumo que escolham para a BrigMec. A isto acrescento versões lança-pontes, recuperação e engenharia dos Leo.
Na questão das viaturas de reconhecimento, estas forças continuarão a existir, mas deverão ter acesso aos seus próprios drones. Dependendo da unidade que equipem, e do veículo que possuírem, até poderiam usar um UAV maior, tipo AR-3 VTOL.
Estas unidades até conseguirão cumprir a sua missão, mantendo-se relativamente afastadas da linha da frente.