Por cá continua a mesma retórica de que "a guerra é lá longe". Mas esquecem-se que, se os EUA com Trump entrarem num caminho mais isolacionista, e sobretudo a alinharem-se com o "Eixo do mal", o risco de conflitos aumentam em todo o lado.
Por cá, quem acha que este maior risco de conflitos não nos vai afectar, é pura e simplesmente louco.
Agora imaginem se Trump conseguir o que quer, de destruir as instituições americanas, e aquilo começar a parecer-se mais com uma ditadura? Vamos ter a quase totalidade das potencias militares mundiais, no mesmo lado do espectro. Isto é demasiado perigoso para o mundo, e temos que evitar isso a todo o custo, esperando que nos EUA haja juízo para evitar uma "nazificação" daquilo, e ao mesmo tempo preparar as democracias para a eventualidade de tal não acontecer.
Na UE e NATO, precisávamos era de chamar mais países para este "grupo". A Austrália e o Japão certamente não vão confiar no Trump para os socorrer em caso de conflito, era tempo de propor a sua entrada na NATO/reestruturar a NATO para se tornar uma aliança global. A ideia do Canadá se juntar à UE creio já ter sido badalada algures. Procurar parceiros fora da Europa para a UE e/ou NATO, seria crucial.
Quanto à Defesa em concreto, é preciso deixarem-se de complicações desnecessárias. A NATO, na ausência dos EUA, precisa de tudo um pouco.
É preciso olhar para cada país, e perceber/delinear o que cada um pode realmente contribuir. Não podemos atirar-nos cegamente para a ideia de "uniformizar tudo", pois isso pode penalizar as indústrias de defesa de pequenos países e pequenas empresas do sector, tornando esta medida pouco popular. Uniformizar onde possível, mas sem radicalismos.
Também não podemos olhar para certos países, por exemplo Portugal, e dizer que "a nossa função é logística, porque somos pobres". Numa aliança militar, não faz sentido uns terem que investir forte e feio, tanto a nível financeiro, como de pessoal, e outros limitarem-se aos "mínimos" e em áreas "não combatentes". Todos têm que carregar o seu próprio peso, e contribuir de uma forma minimamente relevante.
É necessário perceber o que é que 2% do PIB (ou mesmo 2.5%) permitem que cada país tenha em termos de capacidades militares. Uma Albânia dificilmente terá capacidade de operar caças tão depressa, tudo bem, que usem o dinheiro para investir noutras capacidade militares, construindo uma força suficientemente moderna e capaz. Se contribuição da Albânia para a NATO, conseguir ser 1 ou 2 brigadas e 1 ou 2 esquadras de helicópteros ligeiros/médios, já é bastante positivo.
Sabemos que 2% do PIB/ano em defesa em Portugal, daria para muita coisa se fosse devidamente gasto (sem truques), sobretudo do ponto de vista qualitativo. Era tempo de elaborar um plano coeso de como construir umas FA competentes com esse dinheiro.