Guerra assimétrica faz sentido, na perspectiva do país ser realmente invadido. Tirando Espanha, nenhum outro país "adversário" iria invadir Portugal por terra. No máximo, poderá haver uma tentativa de atacar e ocupar um dos arquipélagos (ou ambos). Para responder a esta possibilidade, investir em guerra assimétrica era começar a construir a casa... pela mobília e electrodomésticos, quando o que é preciso para defender um arquipélago, é capacidade de dissuadir de forma séria e eficaz um potencial adversário.
Os nossos antepassados realizaram guerra assimétrica com sucesso, numa altura em que o diferencial do poderia militar entre Portugal e outras nações era muito mais reduzido. Hoje a diferença é tão grande em termos militares, que a única coisa que se garantia, era a destruição do país, muitos portugueses mortos, e mais nada.
Eu antes prefiro "levar a guerra até eles", ao invés de desinvestir nas capacidade primárias, e depois colocar a população toda a dar o corpo às balas.
IMHO há duas medidas que Portugal deve equacionar ontem no actual quadro geo-político:
1 - Retracção do dispositivo e meios na RCA. Há prioridades mais urgentes e não temos meios para dispersar
2 - Analisar muito seriamente o regresso do SMO: em que termos, qual o impacto na sociedade e FA's, custos, etc
1 - Não concordo. Em primeiro lugar porque retracção de militares em FND faria sentido se o país já estivesse em conflito. Não estando em conflito, e com aquela FND a não custar nada por aí além, é benéfico do ponto de vista geopolítico e de ganho de experiência dos militares que lá estão.
Em segundo lugar, porque África pode ser um dos grandes TOs de uma 3ª Guerra Mundial. Quanto menos presença Ocidental houver em África, maiores os riscos da influência e da presença militar do "Eixo" Rússia, China, Irão, o que dificulta mais o trabalho da NATO caso tenha que combater um conflito, ao se abrir uma enorme frente com muitos kms quadrados. Até acho que a influência em África, deveria aumentar, puxando mais países para a esfera de influência do Ocidente. Casos tipo Cabo Verde e Marrocos são 2 exemplos, passando por Moçambique, etc.
O que não faz sentido, é investir em meios dedicados para missões de nicho em África, sendo preferencial a compra de meios que tenham utilidade nos TOs de baixa intensidade, mas também de alta intensidade.
2 - Também não concordo. SMO é caro, face aos ganhos reais de capacidades.
Não estamos a falar de um SMO para termos pessoal suficiente para guarnecer 10 fragatas, operar 200 Leopard, pilotar 50 F-16... seria um SMO para ter carne para canhão, com pessoal mal equipado, e depois sem dinheiro para adquirir meios modernos e capazes.Seria muito mais lógico tornar a FAP mais aliciante para manter pilotos de F-16 (e ir buscar ex-pilotos), e assim reforçar a frota de caças com mais pilotos e consequentemente mais aeronaves.
E numa altura em que devíamos aumentar a nossa indústria de Defesa, não faz muito sentido abdicar de uma parte considerável da população, que poderia trabalhar nesta área, para um SMO que não traz grandes ganhos às FA.