Penso eu que a influência portuguesa é muito mais visível nos estados do norte e nordeste, principalmente nas regiões litorâneas (sempre me vem aquela frase de Frei Vicente de Salvador "os portugueses são como caranguejos a arranhar o litoral").
O Rio de Janeiro também preserva bastante dessa influência pois foi a última capital colonial e por isso teve grande presença de portugueses mesmo após a independência (ora pois, que o primeiro monarca brasileiro era português e a independência foi quase uma guerra de sucessão dinástica). E até bem recentemente: a portuguesada que eu conheço e os meus familiares imigrantes da terrinha entraram todos no país por lá.
Já a influência sul está mais diluída, primeiramente pela formação territorial da região, mais próxima aos limites de Tordesilhas: na própria Vila de São Paulo do Piratininga mal se falava o idioma e sim a tal Língua geral paulista, uma mescla de português, espanhol, guarani e, posteriormente, africana.
Esse dialeto só foi proibido no século XVIII pelo Marques de Pombal, mas já logo no século seguinte começaram as levas de imigrantes, principalmente os italianos que dinamizaram bastante o idioma e a cultura no sudeste e sul. A porta de entrada da italianada, japonesada e outros povos no Brasil era por Santos, meus ancestros italianos passaram todos por ali.
E aproveitando o gancho, uma contestação sobre o mito de que os "europeus emigraram para o sul do Brasil porque o clima era mais parecido com o europeu".
A explicação é mais simples - e perversa: foi devido à estrutura fundiária que os portugueses criaram no Brasil com as Capitanias Hereditárias, o verdadeiro mal deixado pela colonização, muito, mas muito pior que a exploração colonial, o 'ouro roubado' e, talvez até, a própria escravidão.
Assim os imigrantes a partir do século XIX simplesmente emigraram para as regiões do Brasil onde havia terra disponível e esta estava no centro-sul do país, lentamente conquistado aos espanhóis e que por isso se livrou da estrutura de capitanias.
Sds
