Assim sendo, e utilizando a guerra Ucrânia/Rússia como exemplo, supostamente os russos têm defesas aéreas como deve ser, caças como deve ser de 5G, misseis AA à descrição, supremacia total em quantidade de aviões disponíveis...
Como se explica então todo o alarido existente em volta dos F16's?
É apenas entretenimento para convencer a opinião pública?
Porque, verdade seja dita, não se ouve muito acerca da real utilização dos 5G russos e regularmente serão abatidos vários 4 e 4.5G.
Parece que a guerra "real" contraria aquilo que supostamente seria previsível.
Mesmo em termos de equipamentos de forças terrestres e navais.
Cada vez mais fala-se de quantidade em detrimento de qualidade.
Onde nos devemos posicionar?
Os russos e ucranianos têm muitas defesas aéreas, e isto tem impedido que qualquer um dos lados obtivesse superioridade aérea. Em ambos os casos, os caças de geração 4 e 4.5 muito raramente entram em território opositor. Os caças 5G russos são pouquíssimos e não são nem de perto tão avançados como o F-22 ou F-35 no que respeita à furtividade, logo os russos não têm arriscado com eles.
O "alarido" em torno dos F-16 explica-se porque a Ucrânia precisa de caças minimamente decentes, e de não depender de caças soviéticos, para os quais a NATO não produz armamento nem consegue fornecer sobressalentes e assegurar a manutenção. Com caças NATO, também é possível usar um maior stock de munições NATO disponíveis, e não improvisar a sua integração em caças soviéticos que não extraem o máximo potencial das ditas armas.
A guerra na Ucrânia não tem contrariado grande coisa. Tem reforçado que, quando há fortes defesas aéreas, não dá para operar caças não-furtivos, limitando a sua utilização quase estritamente ao território controlado pelo próprio país, e dando grande ênfase ao armamento stand-off, incluindo bombas guiadas com kits de asas e/ou boosters para aumentar o seu alcance.
Este ênfase em armamento stand-off tem sido tal, que cada mês que passa surge uma nova arma com estas características para ser lançada do ar, mar e terra. Chegou ao ponto em que até mísseis de cruzeiro para helicópteros estão a ser desenvolvidos!
No debate quantidade vs qualidade, a resposta simples para Portugal é esta: precisamos das duas coisas, dependendo depois do que estejamos a falar em concreto.
Em termos de caças, não adianta falar em quantidade, porque a quantidade a adquirir será sempre limitada pelo nº de pilotos que realisticamente teremos, e pelo dinheiro. Aqui a comparação não é 24 F-35 vs 72 caças de 4.5, a comparação é 24 F-35 vs 24 caças de 4.5, e escolher um deles. Claro que queremos o máximo de caças possível, mas esse nº será virtualmente igual entre F-35 e qualquer modelo de 4.5.
Precisamos de quantidade sim, nas munições stand-off por exemplo. Mas mesmo aqui é também uma quantidade qualitativa. Antes prefiro ter 1000 munições stand-off, do que 100k JDAMs. E variedade também é importante. Se só tiveres um tipo de míssil stand-off, a tarefa do adversário fica simplificada já que se pode especializar na defesa contra essa ameaça.