(...) desde que a Força Aérea lhe diga que cumpre a parte de treino (que lhe disseram ser necessário investir) e ainda temos como "bónus" o CAS em África; depois destas informações o Ministro não vai fazer comparativos com outros modelos (sem a importância - visível - industrial em Portugal) para verificar se são melhores em treino, se há mais interoperabilidade com aliados, se gastar mais para o "CAS em África" é apenas marketing, etc. A Embraer fez bem o seu trabalho e a Força Aérea aceitou (talvez porque prometeram que vai ter mais dinheiro para investimentos, talvez porque acredite naquilo que disse, talvez...)
A minha questão é: será que a Força Aérea realmente acha isso? E que "CAS" de Super Tucano é um bónus? Porque se isso for verdade então aí é bem mais grave.
Pois, fica difícil perceber o que a FAP acha. Mesmo que achem que o ST funciona como solução "stop gap", é estúpido não avaliar outras alternativas no mercado, com capacidades iguais ou superiores.
As opiniões em torno da aeronave já não são imparciais, tanto que se inventam critérios/requisitos que procurem favorecer a compra desta em detrimento de outra. Qualquer dia colocam "tem que ter Tucano no nome" como um dos requisitos.
Sabemos que uma empresa sul-africana tinha interesse neste programa, sabemos que outras empresas teriam interesse em concorrer, seja para aeronaves de treino, seja para aeronaves de ataque leve, seja para ambos.
Mas mesmo assim, a FAP já sabe, sem testar nem comparar absolutamente nada, que o ST serve? Claro.

Não faz sentido nenhum é considerarem uma solução rápida para substituir o Alpha Jet, sabendo que a versão A-29N ainda está em desenvolvimento, quando já há opções no mercado que já têm certificações NATO.
Tal como não faz sentido considerar esta uma solução barata, quando um modelo sem critério CAS/destacamentos em África seria ainda mais barato (podendo inclusive ser adquirido em menor quantidade).
A escolha do ST não recaiu sobre o preço, nem rapidez de entrega.
Não recaiu sobre a opção que faz mais sentido do ponto de vista do treino avançado.
Não recaiu sobre a aeronave que melhor se encaixa numa possível escola internacional.
Não recaiu sobre questões logísticas e/ou de interoperabilidade com aliados.
Não recaiu sobre a melhor aeronave para CAS/ISR que se pode comprar para cenários actuais e futuros.
Não recaiu sobre a aeronave com maior potencial de combate para TOs de vários tipos/intensidades.
Não recaiu sobre a aeronave com maior potencial de mercado.
Não recaiu sobre a empresa que mais contrapartidas pode oferecer ao país com a encomenda do seu produto (outras empresas nem oportunidade tiveram de propor alguma coisa).
Mas recaiu sobre o nome do fabricante.
E pode ter recaído sobre a solução mais favorável em termos de interesses particulares.
Esta compra não faz sentido nenhum com base em qualquer critério.