...quando mudamos os intervenientes, e colocamos Portugal no lugar da Ucrânia. 
Como insistes na conversa, vou fazer de conta que não leste as minhas opiniões sobre o assunto e repetir, mais uma vez.
De entre os possiveis motivos que originaram este conflito, há alguns que necessariamente considero mais importantes.
Assim sendo, estariam em causa razões históricas e "étnicas", invocadas pelos russos, discutíveis, mas que não considero suficientes para a invasão sem mandato da ONU.
A entrada da Ucrânia na UE, que muito beneficiaria este organismo, que não é uma aliança militar nem faz parte de qualquer acordo com a Rússia nessa área,  também não justificaria (antes pelo contrário) a mesma invasão. Aliás, também nunca vi da parte dos russos oposição a essa situação. 
A "loucura expansionista" dos russos e de Putin em particular considero tão ridícula que nem vou comentar,  apesar de ser o "produto" mais vendido, ao melhor estilo da época da guerra fria, que eu ainda conheci. 
Como vês, até aqui nunca aceitaria uma intervenção russa nos moldes da actual. 
O que faz/fez a diferença?
No meu entender, a pretensão da Ucrânia, persuadida por terceiros,  em pertencer à NATO. 
"Ah, mas os russos já tinham invadido a Crimeia e outros territórios anteriormente, por isso foi só a continuação." Essa primeira intervenção enquadro no primeiro ponto, discutível,  mas que a ONU teria a obrigação de resolver. Não a NATO.
A progressão da invasão russa nunca seria por mim entendida (repara que não apoiada) caso tivesse acontecido sem a pretensão da Ucrânia em integrar a NATO, e neste caso, insistência em fazê-lo. 
Da mesma forma que a tomada de territórios tida como definitiva pelos russos não aceito. 
Admitiria, mais uma vez com intervenção da ONU, uma possível independência dos mesmos, mas não a sua integração em território russo.
O ultrapassar de linhas vermelhas por parte da Ucrânia e dos países que a incentivaram a fazê-lo,  que sabemos bem quem foram,  é que deu aos russos o motivo plausível,  e no meu entender compreensível,  de avançarem para a situação actual. 
A sua própria segurança. 
E porquê? 
Porque a expansão da NATO já por si só não deveria ser admissível,  quanto mais em direcção às fronteiras russas e neste caso, diretamente à porta.
Com os tratados assinados no fim da guerra fria não faz sentido a expansão da NATO. Aliás, a manutenção desse organismo já seria até discutível. 
A sua expansão em direcção àquele que ela própria considerava já antes da invasão seu inimigo (e vice versa) é totalmente inaceitável, e muito mais para os russos, que se vêem cada vez mais cercados por paises potencialmente hostis, e só lideranças russas fracas permitiram já anteriormente tal tipo de expansão. 
A Rússia foi clara. Iria intervir militamente para desarmar o país e tirar do poder o governo que com a sua pretensão em integrar a NATO, ponha em causa a sua própria segurança. 
Qual o choque? 
É a primeira vez que vemos uma intervenção, com ou sem mandato da ONU, para retirar do poder determinado governo?
Se acho bem? Não,  mas compreendo. 
É normal a NATO poder instalar bases e armamento na fronteira russa quando haviam sido anteriormente assinados acordos de desarmamento?
É justificável a continuidade de expansão a leste da NATO?
Se sou contra a NATO.  Não, enquanto não existir uma alternativa sólida na UE. Sou é totalmente contra as políticas da mesma nos últimos anos. 
A Ucrânia poderia e deveria estar a entrar na UE, sem qualquer tipo de reserva, e essa seria o sua maior garantia de segurança.  Não pelo poder militar deste organismo, mas por aquilo que passaria a representar politicamente qualquer intervenção contra o país. 
Quanto a Portugal,  não tem comparação. 
Portugal é só um país fundador da NATO, logo cai por terra qualquer tipo de possível relação. 
Com isso tudo temos os mortos que temos, a Europa enfraquecida,  o mundo cada vez mais partido e as potências emergentes a aproveitar o impasse para aumentarem a sua influência. 
Além disso, instituições como a ONU e a UE foram totalmente desautorizadas e perderam influência. 
A Rússia? Com os males dos outros vivo eu bem, mas também não me parece que estejam muito preocupados.  Mudaram só de naipe, ou de lado se quiserem.