AssintomáticosOntem, pelas redes sociais, propagaram-se duas mensagens minhas. Uma, quando disse que na Alemanha, locais onde a extrema-direita tinha mais poder, tinham maior propagação da infeção. E lá vieram os chalupas todos a tentar contrariar essa afirmação. Rir-se da própria ignorância. Foi giro. Explicado aqui:
https://www.facebook.com/scimed.evidencia/posts/1063029084178924Depois, partilharam uma imagem que pelos vistos consideraram "absurda!!!", em que eu terei dito que os assintomáticos podem ficar com sequelas. O choque...algo que tem sido discutido há meses, mas pelos vistos a informação ainda não tinha chegado a Unicórnia.
Aqui ficam alguns exemplos.
"Estudos recentes, alguns na forma de relatos de caso, referem-se a anormalidades de imagem de tomografia computadorizada (TC), mesmo em pacientes com COVID-19 assintomáticos recuperados.
A análise dos casos positivos do navio de cruzeiro Diamond Princess revelou que 73% eram assintomáticos, dos quais 54% apresentavam opacidades pulmonares na TC, geralmente mostrando uma prevalência de opacidade em vidro fosco (GGO) sobre a consolidação. Uma prevalência comparável de radiografias do tórax anormal pacientes assintomáticos e minimamente sintomáticos foi relatada por um centro radiológico no primeiro epicentro italiano de COVID-19. Um caso sem suspeitas de COVID-19 submetido a TC para outras patologias mostrou numerosos focos de GGO sugestivos de COVID-19; o paciente foi posteriormente diagnosticado com um teste de esfregaço nasofaríngeo. Outro relato de caso por McGinnis et al demonstrou GGOs bilaterais detectados após orientação por imagem de TC realizada como parte da configuração de rotina e aplicação de tratamento de Radioterapia curativa em um paciente que era assintomático para COVID-19."
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7462877/Depois temos um estudo em
48 atletas jovens, que demonstra atingimento do pericárdio e miocárdio em assintomáticos. (imagem abaixo)
https://www.jacc.org/doi/10.1016/j.jcmg.2020.10.023Este estudo volta a validar o atingimento cardíaco dos assintomáticos.https://www.ahajournals.org/doi/pdf/10.1161/CIRCULATIONAHA.120.052573QUAL O SIGNIFICADO DISTO?Primeiro, a prevalência real das lesões pulmonares e cardíacas nos assintomáticos é desconhecida. Dado que são assintomáticos, é difícil estudar estas pessoas.
Segundo, não sabemos se isto se traduz em sequelas a longo prazo. Se se resolvem espontaneamente sem qualquer tipo de lesão ou se representa lesão a longo prazo, com perda de função cardíaca ou pulmonar.
Terceiro, estas são as sequelas mais estudadas. Não sei se existem mais sequelas em pessoas assintomáticas. Dado o atingimento sistémico da doença, a minha aposta é que sim, infelizmente. Isto não é a "histeria do medo". É não ter medo de olhar para a realidade como ela é. Coisa que as avestruzes negacionistas adoram fazer. Fechar os olhinhos, meter a cabecinha na areia e dizer "não se passa nada....é gripe".
Fonte: Scimed