Em 2015 deu-se um terramoto e que provocou ondas de choque que estamos a sentir ainda hoje, que foi a criação de uma aberração com a Geringonça!
O PS, que até 2015 sempre aceitara que quem tem mais votos é quem governa o país, decidiu juntar-se à extrema esquerda para governar (lembram-se do poucoxinho?).
Tivemos um governo do PS apoiado por comunistas e bloquistas que são contra a UE e contra a NATO no poder!?!?!?! Pior, o PS ficou 4,5% atrás do PSD!!!!
Permito-me discordar ligeiramente, lembrando que o presidente da Republica, nomeou para primeiro ministro, Pedro Passos Coelho, o líder do partido mais votado. Esse governo, tinha uma maioria clara, contrária ao governo, o que o tornou inviável, mas essa maioria, do meu ponto de vista, não foi resultado das opções do PS, ao contário do que defende.
Assim:
O sistema português é um sistema parlamentar pluripartidário. A questão não é tanto ser o partido mais votado. O principal problema é haver ou não haver uma contra-maioria. Um número de deputados contra o governo, maior que o número de deputados que o apoiam.
A ideia do
“first past the post” o sistema tipicamente britânico, que funciona quando há apenas dois partidos, em que ganha o que tem mais votos, não funciona bem num sistema pluripartidário.
O PS nunca aceitou que quem tem mais votos é que governa o país. Isso iria contra a própria constituição. O presidente tem que pedir para formar governo, a quem demonstre ter capacidade para fazer passar esse governo no parlamento.
O problema do PS é que nunca tinha havido oportunidade para criar um governo baseado numa maioria parlamentar à esquerda. com um partido à direita como mais votado (excepção notada abaixo).
Passos Coelho ficou à frente, não por ter aumentado a sua base eleitoral, mas porque a direita portuguesa foi esmagada nas urnas. A totalidade dos partidos à direita não atingiu sequer os 40% dos votos.
O 1º governo de Soares, era minoritário e caiu rapidamente, o Sá Carneiro teve duas maiorias absolutas. O Bloco Central tinha maioria dos dois maiores partidos. O Cavaco Silva era minoritário, mas não tinha inicialmente uma maioria contrária (quando teve, com o PRD a derrubar o governo, caiu).
O Guterres não teve maioria, mas tinha uma maioria de esquerda no parlamento, o Socrates teve maioria absoluta e posteriormente o PSD aliado com o CDS tinham maioria.
O que aconteceu emn 2015, não foi um terramoto, foi apenas o resultado de uma situação completamente nova, em que um partido de direita fica em primeiro lugar, mas não tem uma maioria que o sustente.
O único governo de direita que não teve maioria parlamentar foi o primeiro governo do Cavaco Silva, e durou pouco mais de ano e meio. Teve na prática o apoio tácito do PRD. O PS + PCP tinham 95 deputados mas o PSD (88) + CDS (22) tinham 110 deputados, logo o PS e o PCP não podiam fazer cair o Cavaco sem o apoio do Ramalho Eanes.
Portanto, a realidade de 2015, resultou essencialmente da crise dentro do PCP.Os “camaradas” começaram a perguntar ao Jerónimo, se o partido comunista ía deixar a direita governar. Se o PCP nada fizesse (o Bloco e o PS já tinham um acordo, mas não tinham votos suficientes no parlamento) então o PCP assinava a sua certidão de óbito, porque o bloco e mesmo o PS acusariam o PCP de apoiar Passos Coelho.
O PCP estava entre a espada e a parede, e por isso deu indicações de que poderia haver acordo para apoiar o Costa.O Costa chegou a primeiro ministro, sem saber como, e conseguiu uma maioria absoluta no ano passado, dada pelo Chega e pela Iniciativa Liberal, porque parece que nos partidos portugueses, ninguém sabe fazer contas e não entende como funciona o método da media mais alta de Hondt.