Belgas “engatilham” investimento de 10 milhões na fábrica de armas de Viana do CasteloCom 620 trabalhadores no Alto Minho, a Browning Viana está a concluir a ampliação da unidade onde fabrica armas de caça e desporto, mas avança ao ECO que já tem aprovado outro projeto de investimento.A Browning Viana, detida pelo grupo belga FN Herstal, vai ter mais dez milhões de euros para investir na modernização da fábrica e no aumento da capacidade de produção para 200 mil armas por ano. A fábrica de armas, que comemorou recentemente 50 anos em Portugal, tem vindo a ganhar importância dentro do grupo e prevê continuar a bater recordes de faturação e produção.
“Temos aprovado um investimento de dez milhões de euros para nos próximos anos, para começarmos a renovar processos [de produção] mais manuais”, como polimentos e pintura, adiantou ao ECO Rui Cunha, administrador da Browning Viana. Criada em 1973 onde antes existia “um pântano”, emprega atualmente 620 pessoas.

Esta aposta na maior automatização vai permitir à empresa nacional voltar a aumentar a capacidade de produção, já reforçada de 150 para cerca de 180 mil armas por ano com a ampliação da fábrica que agora está a ser concluída. “Juntamente com este processo, estamos também a aumentar a nossa capacidade de produção para 200 mil armas, que pode ou não ser utilizado”, detalha Rui Cunha.
A fábrica do Alto Minho deverá fechar o ano de 2023 com a produção de 174 mil armas, prevendo aumentar este número para 179 mil no próximo ano. Com preços unitários a oscilar entre 600 os 7.000 euros, ambiciona disputar a liderança mundial no fabrico de armas de caça e desporto com o grupo italiano Beretta.

Detida pelo grupo belga FN Herstal, a empresa fabrica armas de caça e desporto com as marcas Browning e Winchester, sendo responsável por cerca de um terço da faturação da chamada divisão civil do grupo. A Browning é a única empresa do grupo que não fabrica armas de defesa.
“O grupo fatura na casa dos 800 milhões de euros por ano, em que pouco mais de metade [desse valor] é da divisão defesa. Nós representamos cerca de um terço da divisão civil [armas de caça e desporto]”, detalha Rui Cunha.
Faturação a caminho dos 90 milhões, com canos “dentro de casa”Em termos de atividade, a empresa de Viana do Castelo prevê continuar a fixar novos recordes, uma tendência que se mantém desde 2019. “A nossa faturação recorde vai ser este ano, de 80 milhões de euros”, adianta o responsável, acrescentando que 2024 deverá ser mais um ano de máximos, apontando para um volume de negócios de 88 milhões de euros.
Para o crescimento do negócio tem sido determinante o aumento da procura nos Estados Unidos, que tem “continuamente vindo a aumentar”. Das armas produzidas em Portugal, apenas uma percentagem residual fica no país, sendo 99,5% para exportação. Sozinhos, os EUA captam 70% das vendas.
A aposta do grupo na empresa de Viana do Castelo, com destaque para o último plano de investimentos, tem-lhe permitido aumentar o número de funcionários, atualmente nos 620. Contudo, este número tenderá a estabilizar, fruto da aposta em tecnologia de produção mais avançada.
“Uma vez que vamos automatizar alguns dos processos que temos, vamos reduzir a contratação de pessoas e aumentar a automação. Fizemos um investimento em tecnologia de ponta”, resume o administrador da fábrica. Destaca, por outro lado, as condições remuneratórias “acima da média”, com um pacote salarial base de 1.075 euros, distribuição de resultados, seguro de saúde e um fundo de pensões.

Já questionado sobre se esta aposta na modernização vai implicar despedimentos, Rui Cunha afasta a possibilidade. “Não estamos nem perto disso”, garante, adiantando mesmo que a empresa vai “aumentar o valor acrescentado da produção, aumentar o valor criado – baixar o valor das compras e substituí-lo internamente”. “É aqui que vamos substituir as pessoas”, completa.
Ora, uma das apostas passa precisamente pela internalização, já a partir de 2024, da produção de canos nesta fábrica, que até agora eram importados. Numa fase inicial, serão fabricados in house perto de 80 mil canos – os outros continuam a ser garantidos pela casa-mãe –, com o gestor a garantir que esta nova linha, avaliada em oito milhões de euros, será “uma referência no grupo”.
https://eco.sapo.pt/2023/12/15/belgas-engatilham-investimento-de-10-milhoes-na-fabrica-de-armas-de-viana-do-castelo/Um sector que deveria ser muito mais apoiado!