« Responder #284 em: Fevereiro 18, 2023, 04:53:39 pm »
Cargueiros, aviões de ataque e drones. Os produtos em desenvolvimento da Akaer
A Akaer, tradicional empresa do setor de defesa do Brasil que, em 2022, celebrou os seus 30 anos de existência, demonstrou três projetos de aviação vocacionados para a área militar durante a 7ª Mostra BID, organizada no início de dezembro passado em Brasília.
Motivada por demandas de mercado, a partir de 2016, a Akaer começou a trabalhar em novos conceitos completos de aeronaves partindo de requisitos estabelecidos por parceiros ou clientes.
Dos estudos iniciais até a fase preliminar do programa, cada projeto inclui o orçamento, engenharia básica, concepção, visão de potenciais mercados e industrialização.
O primeiro a ser trabalhado resultou no Mosquito, uma aeronave de ataque e apoio aéreo aproximado com capacidade avançada de vigilância, reconhecimento e inteligência.
Sendo biplace em tandem, dispõe de um canhão interno de 20mm e 11 pontos externos para sensores, tanques de combustível (3 pontos compatíveis) ou armamentos convencionais e guiados, totalizando 1.200kg de carga.
O projeto em si impressiona pela sua dimensão. São dois motores turboélices Pratt&Whitney Canada PT6A-68C de 1.600SHP cada com hélice pentapá; assentos ejetáveis Martin Baker Mk 16 (mesmo modelo que equipa do F-35 Lightning II, T-6 Texan II e Eurofighter, citando alguns exemplos); velocidade de cruzeiro de 500km/h (270 nós); fator de carga G de -3,5/+7; distância de decolagem de apenas 700m, autonomia de 11 horas com tanques externos de combustível; alcance de 4.167km (com tanques subalares); e teto de serviço de 9.100m, deixando-o fora dos alcances das defesas antiaéreas de baixa altura.
São 14,2m de envergadura, 13,8m de comprimento e 4,7m de altura de um modelo que tem cauda dupla.
Os armamentos incluem, além de foguetes não guiados e bombas convencionais da família Mk (81-83), denotando que o limite máximo dos pontos externos seria de 500kg, as bombas GBU-58 e GBU-12; míssil ar-solo AGM-114 Hellfire; e míssil ar-ar de autoproteção ou interceptação de ponto AIM-9X Sidewinder. Além destes, fazem parte os armamentos turcos como o lançador quadruplo de mísseis antitanque CIRIT e as bombas de precisão dos Emirados Árabes Unidos Al Tariq S5 guiadas por infravermelho com reconhecimento automático de alvos ou equipadas com radar semiativo.
O lançador quadruplo de mísseis antitanque CIRIT. Foto: João Paulo Moralez
As bombas de precisão dos Emirados Árabes Unidos Al Tariq S5.
O bimotor foi projetado com o que existe de mais moderno em termos de equipamentos de guerra eletrônica e autoproteção para a sua categoria como o missile approach warning system (MAWS), lançadores de chaff/flare, radar warning receiver (RWR), laser warning system (LWS), cockpit blindado em áreas críticas e provisão para interferidores eletrônicos.
Para operação a partir de locais remotos, dispõe da sua própria unidade auxiliar de energia (APU) e tem OBOGS, sistema que gera o próprio oxigênio para os pilotos dispensando a necessidade de cilindros de oxigênio na linha de voo para as aeronaves.
Há que se destacar, ainda, que o Mosquito foi projetado para dispor de head-up display (mostrador digital ao nível dos olhos); full-glass cockpit com wide area display; cockpit compatível com óculos de visão noturna (NVG); helmet-mounted display (mira montada no capacete); sistema HOTAS (hands-on throttle and stick) onde os principais comandos de voo e táticos estão concentrados na manete de potência e no manche; e radar multimodo. Dispondo de estrutura metálica, a aeronave teria, ainda, probe de reabastecimento em voo.
O projeto foi desenvolvido para atender a um requisito dos Emirados Árabes Unidos que acabou optando em seguir com o projeto B-250 da Calidus.
Em 2018, a Akaer foi consultada para uma nova demanda. Desta vez, seria um drone de grande autonomia para missões SAR em ambiente marinho. Batizado de Albatross, o drone de Classe 3 foi equipado com radar SAR, com sistema eletro-óptico e três compartimentos para o lançamento de botes salva-vidas. A capacidade de carga útil é de 150kg e autonomia de 26 horas.
Com aproximadamente 8m de comprimento e 15m de envergadura, o tipo foi projetado para usar dois motores a pistão Rotax 914U de 100hp cada permitindo teto de serviço de 9.100m.
Aproveitando novas tendências do mercado, a Akaer modificou o Albatross para um drone armado e de reconhecimento e inteligência. Batizado de Osprey, por meio dos dois pontos subalares, é possível colocar dois lançadores de foguetes ou as munições guiadas turcas de pequenas dimensões Rokestan MAM-C e MAM-L. Mais uma vez, a escolha inusitada de armamentos turcos desperta atenção.
Na baia interna, a empresa optou por instalar um casulo que pode levar até oito loitering munitions, munições que fazem a aquisição e o ataque de alvos de forma autônoma. Ou, um radar de patrulha que reduz a quantidade de munições mas agrega uma nova capacidade ao drone.
As munições guiadas turcas de pequenas dimensões Rokestan MAM-C e MAM-L.
Tanto o Osprey quanto o Albatross possuem comunicação via satélite e datalink. Com esse produto, a Akaer espera despertar o interesse de países que querem desenvolver a sua própria indústria de defesa por meio de uma produção local desses sistemas.
Por fim, há o Alfa – Advanced Light Freighter Aircraft, um conceito que nasceu para atender a um requisito da Força Aérea Brasileira (FAB) para um novo cargueiro de transporte tático com motorização híbrida (motor convencional e motor elétrico). Além da própria Akaer, outras duas empresas responderam à Request For Information (RFI, pedido de informações) da FAB, sendo a Desaer e a Embraer com o Stout.
O Alfa é um biplano, tenho uma asa menor posicionada na parte da frente da fuselagem. Segundo a Akaer, a solução reduz o peso estrutural em 18% e a necessidade de uma grande envergadura para um avião dessa categoria.
Já nos planejamentos iniciais da Akaer para o Alfa, a empresa considerou a possibilidade de o produto ter utilidade dual, ou seja, atender ao segmento militar e civil. Isso porque, além da rampa de cargas traseira, há uma porta lateral para responder a demanda da aviação comercial.
Com 3,5 toneladas de capacidade em carga em quatro paletes 463L ou cinco LD-3 e um 463L, o Alfa tem 19,72m de envergadura e 21,71m de comprimento. Com carga máxima, o seu alcance é de 830km, a velocidade de cruzeiro é de 500km/h e o teto de serviço de 7.600m.
Além dos dois motores turboélices, a aeronave está preparada para ser equipada com novas tecnologias no futuro como quatro motores elétricos que aumentariam o alcance.
O Alfa foi projetado para operar de pistas curtas, de até 1.000m, consumindo o mínimo possível de combustível.
Apesar da FAB ter cancelado o memorando de entendimento com a Embraer para o Stout, modelo escolhido dentre as três empresas que responderam ao seu RFI na época, a Akaer acredita que essa demanda voltará no futuro para substituir o Bandeirante e o Brasília.
De forma a se preparar, a Akaer está buscando parceiros internacionais que tenham interesse nesse tipo de projeto para o mercado civil ou militar.
https://tecnodefesa.com.br/cargueiros-avioes-de-ataque-e-drones-os-produtos-em-desenvolvimento-da-akaer/