Do ponto de vista económico, um conflito na Ucrânia beneficia sobretudo os Estados Unidos, na medida em que restaura a legitimidade e a razão de ser da OTAN (dominada pelos americanos) ... para além do mercado da defesa europeu que se vai abrir ainda mais para os EUA, principal fornecedor dos exércitos europeus. A escolha dos F 35 por alguns países europeus em detrimento do Rafale ou do Eurofighter (ou do Gripen) confirma a importância do mercado de defesa europeu para os States. O fornecimento do gás à Europa é mais uma cereja no bolo para os nossos amigos anglo-saxões.
Uma aproximação entre a Rússia e a Europa faria deste continente um bloco ainda mais poderoso que o da China o que confirma o interesse dos EUA por este conflito.
Já nos tempos em que o R.U. era a potência dominante e em que a Rússia era governada pelos Czares , uma aliança continental era uma ameaça ao domínio anglo-saxão ; a tática destes é colocar a UE contra a Rússia para enfraquecer ambos. Uma Rússia isolada e uma Europa sob a proteção da OTAN é o principal objetivo dos Estados Unidos, (seja qual for o regime vigente na Rússia).
A construção de uma UE forte é a principal parada que temos para deixarmos de ser um simples peão no tabuleiro de jogo.
No pé em que estão as coisas só posso fazer votos de êxito para os nossos militares destacados no T.O., especialmente o pessoal dos submarinos e da FAP assim como de todos os portugueses que se encontram na linha da frente. A situação está mesmo muito sensível, esperemos que tudo corra bem.
A escolha dos F-35 por boa parte dos países europeus deve-se ao facto de... os europeus não desenvolverem nada do mesmo nível, ie, 5ª geração. Como muitos destes países não são burros, não vão optar por um caça (como os "eurocanards") que já tem os dias contados, sendo num prazo de 10 anos caças de segunda-linha. E como com a defesa não se brinca, ficar com caças de segunda-linha por mais 30 anos como único caça em uso, é suicídio estratégico. Num mundo em que se vão começando a desenvolver caças de 5ª geração, e alguns países começam a dar passos para a 6ª, não faz sentido investir milhares de milhões em aviões de 4.5.
De resto a narrativa mantém-se. Foram os americanos que colocaram lá os 130 mil militares russos na fronteira com a Ucrânia, comprovando o claríssimo interesse americano no conflito. Os russos, coitados, acabam por ser as vítimas disto! Viram-se "forçados" a colocar tropas na fronteira, contra a sua vontade, sob ameaça dos americanos.
Esqueceu-se do ponto 3, que esta crise também revelou a dependência (energética) em relação à Rússia. Para qual a UE tinha de deixar de ser dependente deste país. Mas se calhar nisto não convém tocar, porque depender dos EUA e da China é mau, mas da Rússia é sem problema.
Não seja injusto, eu sei bem qual é a minha equipa. Sou português e europeu.
Os anglo-saxões têm relações de interesse não de "amizade". Se na maior parte do tempo foram nossos aliados, os acontecimentos que se seguem mostram que tudo pode mudar de um momento para o outro, segundo as suas conveniências.
- 27/12/1703 Tratado de Methuen : este tratado imposto pela Inglaterra a Portugal, levou ao abandono da politica de fomento industrial levada a cabo pelo Conde de Ericeira. Portugal entrou num declínio económico que prevaleceria pelos séculos seguintes, até hoje.
- 11/01/1890 Ultimatum inglês - Portugal foi obrigado, sob ameaça de guerra, a entregar aos britânicos parte do seu território africano .
- 17/12/1941 Invasão de Timor pelos ingleses e australianos - A ocupação de Timor pelos anglo-saxões justificou a invasão dos japoneses que sempre respeitaram a nossa neutralidade. 60 000 portugueses mortos.
- 16/01/1945 Bombardeamento de Macau pelos americanos - 5 (?) mortos
- 15/03/1961 Massacres de Angola perpetrados pela UPA, movimento terrorista financiado pelos EUA, milhares de portugueses mortos.
Eu sou como os anglo-saxões
... também acho que o interesse prevalece sobre o namoro, acho que uma boa relação com a Rússia é interessante para a UE. Neste momento não há condições para isso. Para que o relacionamento seja equilibrado é necessário que a UE tenha a mesma força que a Rússia.
Bem se formos a ver o historial do passado com 50 ou mais anos, ninguém se dá com ninguém, é cada um no seu canto. Acaba por ser feio, falar de algo que aconteceu em 1703, quando na Europa temos um país como a Alemanha que fez o que fez há muito menos tempo (2ª GM), e que agora tem uma das vozes mais sonantes na Europa. Ou a União Soviética de Estaline. Mas podemos falar de casos mais próximos a nós, as sucessivas invasões espanholas, ou as invasões francesas. Portanto podemos ser cabeçudos e guardamos rancores contra toda esta gente, e não somente contra os anglo-saxónicos, ou podemos tentar ter uma postura minimamente inteligente, senão acabamos isolados.
E relações de interesse todos têm. Achar que os franceses, os alemães, os russos, os chineses, são diferentes, é pura ilusão. Agora, por causa disso, termos de baixar as calças aos russos, parece-me estranho, para não dizer mesmo absurdo.