Esqueceu-se do ponto 3, que esta crise também revelou a dependência (energética) em relação à Rússia. Para qual a UE tinha de deixar de ser dependente deste país. Mas se calhar nisto não convém tocar, porque depender dos EUA e da China é mau, mas da Rússia é sem problema.
Não seja injusto, eu sei bem qual é a minha equipa. Sou português e europeu.
Os anglo-saxões têm relações de interesse não de "amizade". Se na maior parte do tempo foram nossos aliados, os acontecimentos que se seguem mostram que tudo pode mudar de um momento para o outro, segundo as suas conveniências.
- 27/12/1703 Tratado de Methuen : este tratado imposto pela Inglaterra a Portugal, levou ao abandono da politica de fomento industrial levada a cabo pelo Conde de Ericeira. Portugal entrou num declínio económico que prevaleceria pelos séculos seguintes, até hoje.
- 11/01/1890 Ultimatum inglês - Portugal foi obrigado, sob ameaça de guerra, a entregar aos britânicos parte do seu território africano .
- 17/12/1941 Invasão de Timor pelos ingleses e australianos - A ocupação de Timor pelos anglo-saxões justificou a invasão dos japoneses que sempre respeitaram a nossa neutralidade. 60 000 portugueses mortos.
- 16/01/1945 Bombardeamento de Macau pelos americanos - 5 (?) mortos
- 15/03/1961 Massacres de Angola perpetrados pela UPA, movimento terrorista financiado pelos EUA, milhares de portugueses mortos.
Eu sou como os anglo-saxões
... também acho que o interesse prevalece sobre o namoro, acho que uma boa relação com a Rússia é interessante para a UE. Neste momento não há condições para isso. Para que o relacionamento seja equilibrado é necessário que a UE tenha a mesma força que a Rússia.
Certamente os russos estiveram por detrás de tudo isto... por isso temos de continuar a prestar cegamente vassalagem a estes sempre fiéis aliados.
Mas há mais, muito mais, que nem convém aqui falar porque é "chato".
Centremo-nos no presente, no alargamento/expansão da NATO a leste, na ingerência e pressões externas sobre os relacionamentos na Europa e destes com o exterior, nos exemplos recentes de total desrespeito pelas instituições internacionais e pelos "supostos" parceiros, no rompimento de acordos internacionais unilateralmente... tudo tem servido, entre outras coisas, para impor a sua supremacia sobre todos os outros, ou quase todos.
Essa arrogância de terem de "validar" tudo o que se passa no mundo a mim particularmente enoja-me. Porque acima de tudo peca por ser incoerente e basear-se quase sempre numa visão demasiado egoísta, onde o interesse ( seu ou dos seus parceiros) sobrepõe-se a tudo o resto.
Pior, quando o resto do mundo segue atrás como numa seita, sem hesitações.
Se a Rússia tem direito a invadir quem quer que seja? Obviamente não.
Se se acha nesse direito para preservar a sua segurança ou interferir internamente de acordo com os seus interesses? Bem, sobre isto peço que reflitam sobre o que tem sido o passado recente de conflitos e respondam.
Se poderá ser evitado? Cada dia que passa fica mais difícil, mas só se a Europa tiver coragem de ter voz própria.
Senão vai ser arrastada para uma situação que ainda a vai isolar, fraturar e fragilizar mais.
Irónico é que o assunto supostamente é de primordial interesse europeu, mas parece que não serão os europeus a decidi-lo.