Guerra contra o terrorismo

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Lightning

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #285 em: Janeiro 28, 2013, 07:06:41 pm »
Franceses capturam Tombouctou em operação noturna.

Forças do 2º REP (Regimento Pára-quedista da Legião Estrangeira) fazem um salto a norte de Tombouctou.



Not a valid youtube URL
Forças de Operações Especias e do 1º RCP (Regimento de Caçadores Pára-quedistas) tomam de assalto o aeroporto de Tombouctou.



http://www.aljazeera.com/news/africa/20 ... 90704.html

o BPC Dixmude já chegou a Dakar.


Mais fotos e informação aqui
http://www.militaryphotos.net/forums/sh ... ?222149-Opération-Serval-French-intervention-in-Mali&p=6553885#post6553885
 

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Lusitano89

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #286 em: Janeiro 28, 2013, 08:53:20 pm »
Mali. Uma primeira reflexão
Alexandre Reis Rodrigues


Não fosse a França decidir intervir militarmente, sem mais hesitações, no Mali, provavelmente, Bamako, a capital, a estas horas, já estaria sob o controlo dos militantes jihadistas dos três grupos que controlavam o norte do País, uma área cuja dimensão equivale à da França e da Espanha juntas. Quatro dias antes, a 7 de janeiro, a cidade de Konna tinha caído nas suas mãos, na sequência de uma ofensiva para sul, aparentemente para ganhar profundidade territorial e começar a ameaçar diretamente a capital. Tratou-se, obviamente, de um muito sério agravamento da situação e, em especial, da segurança da capital. Konna tem um aeroporto militar nas proximidades e fica perto de Markala, onde a respetiva ponte sobre o rio Níger, seria o obstáculo restante para o assalto final à capital.

Com um Exército incapaz de se opor à continuação do avanço, por impreparação, falta de coesão e vontade de lutar, não restou ao Presidente do Mali, Dioncounde
Traore, senão pedir ajuda à França. Felizmente que havia da parte desta suficiente capacidade de atuar rapidamente para pôr a capital a salvo e parar qualquer nova
tentativa de progressão da insurreição. Felizmente, houve também da parte dos EUA capacidade de disponibilizarem transporte aéreo estratégico com alguns voos de C-17 para transporte de pessoal e material, não obstante não se ir verificar o seu envolvimento direto no conflito, na linha da estratégia de Defesa aprovada pelo Presidente Barack Obama no início de 2010. Cobriram, pelo menos, uma lacuna que os europeus ainda não conseguiram resolver e, que nas atuais circunstâncias era a mais premente.

A resposta insólita veio do lado da União Europeia, com o anúncio - já estava em curso a intervenção francesa – de convocação de uma “conferência de dadores”, para obter ajuda financeira (embora não esteja à vista quem a possa localmente utilizar com um mínimo de seriedade), e de abertura de uma delegação para o estabelecimento de uma missão de treino, que se espera ficar instalada em meados de fevereiro, mas que não será envolvida em operações de combate. Esta missão estava autorizada há já algum tempo pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, prevendo o envio de 250 efetivos militares para treino do Exército do Mali, mas ficou suspensa, em março de 2012, sem se ter sequer iniciado, devido à prisão do Primeiro-ministro do Mali, na sequência de um golpe militar levado a cabo por jovens oficiais, liderados pelo capitão Amadou Sanogo.

Na altura em que foi previsto, este apoio da União Europeia fazia bom sentido; depois de passada a crise será também bem-vindo. Neste momento, não é propriamente o que o Presidente do Mali precisa e muito menos o que seria expectável quando estão em causa muitos interesses europeus e não se espera que a NATO se interesse pelo assunto, não estando presentes os EUA. Foi precisamente para este tipo de circunstâncias que foi decidido desenvolver a Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD) e, em 2007, se avançou com a iniciativa de criar uma capacidade de resposta militar a situações de crise. Os apoios europeus que a França tem recebido (ou lhe foram oferecidos), da parte do Reino Unido, Bélgica, Dinamarca e Itália, surgiram numa base bilateral que não substitui o papel que caberia à União Europeia desempenhar.

A intervenção militar em curso encontrava-se aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas desde 20 de dezembro de 2012 (Resolução 20854) mas apenas prevista para ser concretizada em setembro/outubro deste ano, conforme anunciado pelo responsável pelas operações de paz das Nações Unidas, Hervé Ladsous (UN undersecretary for peacekeeping operations), no final de 2012. Não se esperava que fosse possível organizar antes a constituição da força africana em que deveria basear-se a resposta a dar. Perante este quadro, os líderes da insurreição fizeram o que era óbvio. Aproveitar a oportunidade de se anteciparem à prevista intervenção, ganhando mais algum espaço e consolidando posições. Estiveram perto de o conseguir; foram obrigados a recuar pela intervenção francesa mas a ameaça que representam está longe de erradicada, como é fácil de calcular.

Como poderá a situação evoluir no futuro é a questão com que se debate a França. Em declarações, mostra ter esperanças em que a colaboração africana vai avançar
com colaborações já previstas da Nigéria, do Chade e do Níger, entre outras. É no que Paris tenta confiar quando anuncia que a sua presença militar na região é para se manter apenas por algumas semanas e não meses, muito menos anos. Foi também sob este pressuposto que os EUA iniciaram as intervenções no Iraque e Afeganistão mas que acabaram por ter o desfecho que todos conhecemos. Veremos se vai ser como anunciado mas as perspetivas, como é evidente, não permitem otimismos, não obstante a recuperação das zonas sob controlo dos rebeldes esteja a progredir muito bem. Segundo as notícias de hoje, os três principais centros populacionais da região norte (Timbuktu, Gao e Kidal) já deixaram de estar nas mãos dos islamitas, num caso pelo menos, com a ajuda dos tuaregues.

O que se espera é que a insurreição recuse qualquer confronto direto e vá passando, conforme necessário, à luta de guerrilha. Em caso extremo, os seus militantes procurarão “santuários” nas imediações que lhes sejam mais familiares, enquanto não puderem regressar. Esta possibilidade vai levar os vizinhos a colocar como primeira prioridade impedir infiltrações e tentar melhorar a segurança interna, o que, por si só, já vai representar um grande esforço militar, difícil de conciliar com o reforço de que o Mali precisa enquanto não tiver as suas Forças Armadas à altura da situação.

A Argélia, que encarou com reservas a intervenção francesa, precisamente por receio de “contaminação interna” com a infiltração de militantes em fuga, sentiu o
primeiro impacto, seis dias depois da chegada das tropas francesas, quando um conhecido terrorista argelino identificado como tendo ligações com a al Qaeda, Mokhtar Belomokhtar, lançou um novo grupo terrorista, criado em dezembro passado (“Those who sign in blood”) num ataque às instalações argelinas de produção de gás em Tigantourine. O seu propósito era fazer reféns a usar em subsequentes negociações sobre a presença militar estrangeira no Mali e na obtenção de resgates, uma das suas fontes de financiamento. O Exército argelino conseguiu pôr termo à situação, recuperando o controlo das instalações mas com o preço elevado: 37 reféns foram mortos, não se sabe exatamente se às mãos dos terroristas, se em resultado direto da ação militar, por insuficientes medidas para evitar danos colaterais.

O que se perspetiva é mais uma complexa situação de instabilidade e de ameaça a interesses importantes europeus que não se vai resolver brevemente. Para já, evitou-se o problema de curto prazo. Se a insurreição tivesse conseguido chegar à capital e tomar o poder, o revés seria grande para a já precária situação de segurança no Sahel e para a defesa dos interesses europeus, pelo previsível alargamento da sua influência a países vizinhos. Como ficou comprovado pelo ataque de 16 de janeiro, um dos primeiros alvos seria a Argélia, onde uma combinação de vários fatores torna muito difícil a luta que o Estado vem mantendo, há duas décadas, contra o islamismo radical: fronteiras porosas, elevado número de estrangeiros a trabalhar em instalações de extração de petróleo e gás, cujo número(são mais de duzentos) e localização dispersa tornam a sua proteção simultânea impossível de garantir, não obstante os 150.000 efetivos do Exército argelino. Ainda ontem, três guardas, a quem competia vigiar um gasoduto a cerca de 120 quilómetros a sudeste da Argel, foram mortos por um grupo terrorista que visava fazer explodir a conduta. Possivelmente relacionado com este incidente e, sobretudo, com o receio de novos raptos, 250 trabalhadores estrangeiros abandonaram a exploração de gás em que trabalhavam.

A Argélia tem a segunda maior reserva de produtos energéticos, logo a seguir à Nigéria, e o dobro da que tem a Noruega. Esta está a assegurar, de momento, 19% do consumo europeu mas esta posição alterar-se-á em breve com o declínio de produção que se espera a partir de 2015. Perante a reduzida confiança que continua a merecer a Rússia, malgrado os esforço que Moscovo tem feito em dar garantias, a necessidade de diversificar vai levar certamente a uma maior aposta nos recursos petrolíferos da Argélia, que já se posiciona como o terceiro maior exportador para a Europa.

O Níger e a Mauritânia seriam também alvos prováveis, como evidencia o mapa ao lado que mostra a área de influência de grupos islamitas radicais na África do Norte
e Ocidental, alguns ligados diretamente à al Queda (Al Qaeda in the Islamic Maghreb – AQIM). Estes dois países têm sido alvos de alguns ataques pontuais da al Qaeda,10 ataques que certamente se intensificariam no quadro atrás previsto. O Níger tem uma importância destacada pelas suas reservas de urânio, de que a França depende para o reabastecimento das suas centrais nucleares.

Como se poderá combater a intranquilidade em que vive o Mali e, em geral, a região do Sahel e que prioridade e esforço lhe deve atribuir a Europa é uma questão que não pode deixar de interessar e envolver os europeus mas é preciso, como primeiro passo, tentar compreendê-la.

Existe a tentação - que se compreende - de comparar o Mali com o Afeganistão. A administração Obama chegou a comparar o norte do Mali com a situação do Afeganistão na década de noventa, antes do derrube do regime talibã. São ambos Estados falhados, na aceção de que não controlam a totalidade do território e não conseguem assegurar o normal funcionamento das suas instituições, algumas das quais são incipientes. No entanto, fora este ponto comum, existem diferenças importantes. O Afeganistão já foi um santuário da al Qaeda, mas, entretanto, deixou de ser graças à intervenção externa. O Mali está sob o risco de vir a ser um próximo santuário, se não tiver a assistência de que precisa. O Afeganistão esteve exclusivamente refém da al Qaeda e da sua agenda global. O Mali está refém de duas componentes. Uma de natureza ideológica, ligada à al Qaeda e com uma agenda política com objetivos islamitas de longo prazo, e uma outra associada à criminalidade transnacional organizada e a funcionar mais em termos de oportunidades do que objetivos. Esta última será, aliás, a que tem, presentemente, maior peso. Mokhtar Belomokhtar - também conhecido por “senhor Marlboro” pelo seu envolvimento no comércio ilegal de tabaco, ligações ao tráfego de drogas, obtenção de resgates para libertação de reféns, etc. – é uma das figuras que melhor personaliza a segunda componente.

Estamos, portanto, perante um problema regional que se constitui como fonte direta de duas importantes vertentes de risco para os europeus: instabilidade em zonas de que vários países têm dependência energética e agravamento de algumas das ameaças não convencionais que hoje dominam grande parte do espetro de segurança europeu. Estou a referir-me ao tráfico de drogas, proveniente da América do Sul e que faz da zona um centro de trânsito para a entrada na Europa, e o crime transnacional organizado que frequentemente lhe está associado.

O que será necessário fazer para responder a esta situação parece transcender o que a França pode acionar no âmbito da defesa direta dos seus interesses mais
imediatos. Também não parece poder ficar sob a exclusiva responsabilidade dos africanos, segundo o princípio, de que os problemas de África são para os africanos resolver, princípio que gostam de invocar mas a que têm frequentemente faltado com argumentos para os honrar. Recorda-se que a situação no Mali tem estado sob agravamento continuado desde março de 2012, mas apesar disso, a intervenção africana, concebida para ser concretizada pela ECOWAS, só estava prevista, como
se disse atrás, para o Outono deste ano.

A operação que está presentemente em curso, precisa de um apoio militar externo que vai além, em vários aspetos, do simples envio de uma missão para treino do Exército do Mali e tudo indica, por razões compreensíveis, que a França não irá, isoladamente, assegurar prolongadamente toda a ajuda necessária. Veremos se há sensibilidade e empenho para reconhecer que estão em jogo importantes interesses de segurança da Europa.

Jornal Defesa
« Última modificação: Fevereiro 02, 2013, 06:32:21 pm por Lusitano89 »
 

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #287 em: Janeiro 29, 2013, 04:17:13 pm »
Islamitas reorganizam-se após intervenção francesa no Mali


Os islamitas armados, que perderam em 48 horas dois dos seus três redutos no norte do Mali, reconquistados pelos soldados franceses e malianas, estão a reagrupar as forças no extremo nordeste do país, onde ainda representam perigo, segundo especialistas.
 
Gao, cidade mais importante do norte do Mali, no sábado, Timbuktu, cidade mítica mutilada pelos jihadistas, na segunda-feira, as duas cidades mais populosas da região e símbolos da destruição cometida pelos grupos islâmicos armados foram retomadas com facilidade.
 
Os islamitas preferiram evitar o combate directo frente ao poderio das forças francesas e malianas, que incluíram paraquedistas perto de Timbuktu, forças especiais na tomada do aeroporto de Gao e colunas de soldados no campo, além de ataques aéreos nos depósitos de armas e de combustível.
 
«É provável que eles comecem a utilizar tácticas mais clássicas de guerrilha, com ataques pontuais, sequestros e atentados», disse Alain Antil, membro do Instituo francês de Relações Internacionais (IFRI). As cidades retomadas vão mobilizar um número importante de soldados que poderão ser os novos alvos.
 
«Após a libertação das cidades, é preciso manter o controlo. Isso significa postos de controlo, revistas, e também significa o risco de atentados suicidas», afirmou Dominique Thomas, do Instituto de Estudos do Islão e das Sociedades do Mundo Muçulmano.
 
Diversos testemunhos falam de uma retirada dos chefes mais conhecidos como Iyad Ag Ghaly, da Ansar Dine, e do argelino Abu Zedi, da Al-Qaeda, ao Magrebe islamita, nas montanhas de Kidal, 1.500 km ao nordeste de Bamaco, perto da fronteira com a Argélia.
 
«Eles estão a disseminar-se no norte, nas regiões montanhosas de difícil acesso. Entrámos numa estratégia de conflitos assimétricos, em duas frentes: no Mali e no exterior», disse  à AFP Jean-Charles Brisbard, consultor independente sobre terrorismo.
 
Brisbard considera que atentados em território francês são possíveis, mas acredita que «por razões práticas, esses grupos lançarão represálias em África».
 
Os terroristas da Aqumi e os seus aliados já provaram no passado a sua capacidade de conduzir operações fortes na região, como a tomada do campo de exploração de gás de In Amenas, no Saara argelino, entre 16 e 19 de Janeiro.
 
Centenas de pessoas foram ameaçadas e 38 foram mortas durante esta operação, conduzida por forças jihadistas composta de diversas nacionalidades (argelinos, canadianos, egípcios, malianos, nigerianos).
 
Ninguém está a salvo, não existe santuário. Percebam a composição das forças que atacaram, todas as nacionalidades representadas: não é preciso dizer mais nada», declarou Kader Abderrahim, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), especialista em Argélia.
 
Os especialistas alertam contra a disseminação do perigo jihadista na região.
 
«Eles vão-se reposicionar na Líbia, na Argélia, até na Tunísia. É uma rede internacional. Vai haver uma hemorragia nos países fronteiriços», lamentou Souleimane Mangane, professor universitário malianio especialista em movimentos islâmicos.

Lusa
 

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #288 em: Janeiro 31, 2013, 01:15:24 pm »
Níger disponibiliza-se para acolher "drones" dos EUA


O Governo do Níger declarou-se hoje pronto para acolher uma base de aviões não tripulados ("drones") dos EUA, destinados a monitorizar os movimentos de grupos ligados à Al-Qaeda, atualmente instalados no norte do Mali, noticia a AFP. A declaração foi feita pelo ministro da Defesa, Karidjo Mahamadu, à agência noticiosa.

O ministro acrescentou, no entanto, que desconhecia a existência de um acordo formal, a autorizar a colocação de drones norte-americanos em território do Níger.

Um dirigente norte-americano afirmou na segunda-feira que o Pentágono estava a planear estacionar "drones" na região, muito provavelmente no Níger, para reforçar a vigilância da Al-Qaeda do Magrebe Islâmico (AQMI) e os seus aliados.

O Governo dos EUA tem expressado receios de que a AQMI, um dos grupos que se apoderou do norte do Mali há 10 meses, esteja a expandir-se na região e a evoluir para uma ameaça terrorista global.

Os combatentes da AQMI têm atravessado com facilidade as fronteiras no deserto entre Mauritânia, Argélia e Níger, e desenvolvido tráfico de drogas e pessoas para a Europa.

Estão bem treinados, estão bem armados e mantêm vários ocidentais como reféns, mas são muito dependentes de combustível para as suas deslocações na vasta área do Sahel.

Lusa
 

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #289 em: Fevereiro 02, 2013, 08:26:30 am »

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #290 em: Fevereiro 02, 2013, 06:40:27 pm »
Hollande avisa que combates não acabaram no Mali




Os islamitas que durante meses dominaram a vida em Tombuctu tinham proibido o toque dos tambores mas hoje eles voltaram a ouvir-se nas ruas da cidade libertada pelas tropas francesas e malianas para assinalar a chegada ao terreno do Presidente francês François Hollande. Aí, o político socialista garantiu que os combates ainda não terminaram no Mali.

O chefe do Estado francês chegou esta manhã a Tombuctu acompanhado pelo Presidente interino do Mali, Dioncunda Traoré, devendo, segundo a AFP, visitar aí uma mesquita histórica que funciona como centro de conservação de manuscritos antigos preciosos, alguns dos quais foram queimados pelos islamitas, antes de fugirem da cidade na passada semana.

Entre duas a três mil pessoas receberam Hollande, com agradecimentos, tambores a tocar e danças a condizer com o ritmo dos mesmos. Tombuctu, a 900 Km de Bamako, a capital do Mali, está sob alta vigilância: há posições de militares franceses a cada cem metros e blindados patrulham as ruas, bem como carrinhas pick-up cheias de soldados malianos, relataram os jornalistas da AFP no local, Hervé Asquin e Laurence Boutreux.

Nesta visita Hollande está acompanhado por três ministros: Laurent Fabius (dos Negócios Estrangeiros), Jean-Yves Le Drian (Defesa) e Pascal Canfin (Desenvolvimento).

"François Hollande, nós, mulheres de Tombuctu, agradecemos, mas é preciso dizer que cortaram a árvore, agora é preciso arrancar-lhe as raízes", avisa Fanta Diarra Touré, de 53 anos, uma ex-recepcionista, vestida de branco e envergando a bandeira francesa em sinal de agradecimento.

Antes de se deslocar para Tombuctu, o Presidente socialista francês foi recebido por Traoré, em Sevare, no aeroporto. Hollande é agora um líder bastante popular entre a população do Mali por ter enviado forças militares em auxílio dos soldados malianos para ajudar a expulsar os islamitas. Estes foram avançando ao longo dos meses e controlavam já uma parte considerável do Mali.

"Desde 11 de janeiro já fizemos um grande trabalho, mas ainda não está completamente terminado. Vai demorar mais algumas semanas, mas o nosso objetivo é passar o testemunho", disse o Presidente francês.

"Nós não temos vocação para ficar. Os nossos amigos africanos poderão fazer o trabalho que até agora era nosso", acrescentou.

O Presidente do Mali, por seu lado, agradeceu aos soldados franceses pela sua "eficácia" e o seu "profissionalismo", que permitiram libertar a população do norte do país após "meses e meses sob a barbárie e o obscurantismo".

A falta de recursos financeiros e logísticos tem atrasado o destacamento de uma força de perto de 6.000 soldados africanos para o Mali.

Até agora, apenas 3.000 tropas africanas foram enviadas para o Mali ou para o vizinho Níger, a maior parte delas do Chade, cuja contribuição não está integrada na força africana (AFISMA).

DN
 

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #291 em: Fevereiro 03, 2013, 12:29:03 am »
Mali levanta o véu islâmico


Praticamente garantida a vitória militar de franceses e malianos na ofensiva relâmpago sobre rebeldes tuaregues e extremistas islâmicos, o Mali caminha agora para um processo negocial que tentará preservar a integridade territorial daquela nação africana e evitar o alastramento da sua crise à longa faixa semidesértica agora apelidada de Africanistão.

O mote foi lançado na quarta-feira pelo porta-voz da diplomacia gaulesa Philippe Lalliot, que veio apelar a um «processo político», um «diálogo norte-sul» entre as autoridades centrais de Bamako e os «legítimos representantes» das comunidades tuaregues setentrionais.
 
Recorde-se que a actual crise do Mali foi desencadeada pela mais recente de uma série de rebeliões da minoria tuaregue do norte, cujo sucesso militar gerou um profundo descontentamento nas forças armadas de Bamako, que derrubariam em Março de 2012 o então Presidente Amadou Toumani Touré. À crise juntou-se a infecção oportunista de um radicalismo islâmico estrangeiro, sem raízes locais, que levou uma miríade de grupos afectos à al-Qaeda a aliarem-se de forma intermitente aos separatistas tuaregues que lutam pela independência do chamado Azawad.

Na quinta-feira, o Presidente interino Dioncounda Traoré assumiu em declarações à rádio francesa RFI a intenção das autoridades centrais de dialogarem com o Movimento Nacional para a Libertação do Azawad (MNLA, grupo secular tuaregue), mas pôs de parte qualquer contacto com os terroristas do Ansar Dine, da al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) ou de qualquer um dos vários grupos dissidentes entretanto surgidos.

Na frente militar, a semana foi marcada por importantes avanços da aliança franco-maliana. Dias após a captura das cidades de Gao e Timbuctu, os franceses tomaram na quarta-feira Kidal, feudo tuaregue às portas da Argélia e importante entreposto do Saara que esteve durante meses nas mãos do Ansar Dine. Apesar de a situação permanecer incerta na Kidal tuaregue e árabe, que fica a mais de 1.500 quilómetros de distância da Bamako negra, em cidades como Gao e Timbuctu o tempo é de celebração pelo fim da vigência da lei islâmica, a charia. Os militares franceses e malianos foram recebidos como libertadores após meses de repressão, de rostos tapados, de proibição da música e da celebração de ritos tradicionais, da amputação de membros a pequenos delinquentes. Ali, onde a população negra é maioritária, surge o receio de uma campanha de vingança étnica contra os malianos de pele clara, conotados com o separatismo e o radicalismo.

A França defende por isso a constituição de um contingente internacional de manutenção de paz que, perante a demissão das nações europeias, será composto por tropas de países africanos. Cerca de 2.000 soldados do Chade, Benim, Nigéria, Senegal, Togo, Níger, Burkina Faso estão já no terreno. Mais elementos, cerca de 6.000, deverão chegar nas próximas semanas.

Em sentido inverso, Paris não está interessada em manter os seus 4.500 homens no Mali durante muito mais tempo. A bem sucedida campanha, na qual os franceses perderam apenas um militar, foi planeada como uma operação relâmpago e à medida que os dias passam cresce o receio de uma contra-ofensiva da guerrilha, com raptos e atentados como o ocorrido recentemente na refinaria de In Amenas, na vizinha Argélia.

«Mobilizámos os meios e os homens necessários para um ataque em força. Mas o contingente francês não veio para ficar e partirá muito rapidamente. Cabe agora às nações africanas tomarem conta da operação», declarou o ministro francês dos Negócios Estrangeiros Laurent Fabius em entrevista ao diário Le Parisien.

Este sábado, o Presidente francês François Hollande esteve em Bamako e Timbuctu, onde promete ajudar o Mali no esforço de reconstrução.

História preservada


Entre a libertação de várias cidades, a tomada de Timbuctu foi recebida com especial alívio pela comunidade internacional ao confirmar que a esmagadora maioria dos manuscritos milenares guardados naquele centro cultural do Saara, Património Mundial da UNESCO, escapou à destruição dos salafistas. Perante a derrota iminente, no fim-de-semana, os radicais islâmicos tinham ateado fogo a uma importante biblioteca, denunciara o autarca Ousmane Halle. Dentro do edifício estavam documentos que representavam um compêndio dos saberes de antigas gerações e que permitiam traçar a história política, comercial e científica de grande parte do mundo islâmico – a importância do acervo é frequentemente comparada à dos manuscritos do Mar Morto.

No entanto, sabe-se agora, perderam-se pouco mais que 2.000 documentos em cerca de 300.000. Segundo a Reuters, os manuscritos foram salvos devido aos esforços dos funcionários dos serviços de conservação do património que, após a tomada de Timbuctu pelos tuaregues e antes da chegada dos extremistas islâmicos, esconderam as relíquias em casas particulares e em localidades vizinhas. Confirmados estão porém os estragos infligidos em edifícios de um dos principais centros mundiais da cultura sufista – uma corrente mística do Islão que é atacada pelos defensores de uma interpretação literal do Alcorão.

SOL
 

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #292 em: Fevereiro 03, 2013, 02:57:49 pm »
MNE maliano quer manter militares franceses no país


O ministro maliano dos Negócios Estrangeiros, Tieman Hubert Coulibaly, disse hoje esperar que a operação militar francesa continue no Mali, onde "a dimensão aérea é muito importante (...) face a combatentes aguerridos cujo arsenal é preciso destruir".

"Com o fim do avanço dos terroristas e a libertação das três grandes cidades do norte, a operação francesa vai permitir a instalação nesta zona do exército maliano e da Misma, a missão africana de apoio ao Mali. Mas, face a combatentes aguerridos cujo arsenal é preciso destruir, desejamos que a missão continue. Sobretudo porque a dimensão aérea é muito importante", declarou Coulibaly numa entrevista ao semanário francês Le Journal du dimanche.

O presidente francês, François Hollande, que no sábado visitou o Mali, disse na altura que a França ficará "o tempo que for preciso" no Mali.

Hoje, horas depois da partida do presidente francês, o estado-maior das forças armadas francesas informou ter havido "importantes ataques aéreos" no norte de Kidal, o último bastião dos radicais islamitas no norte do Mali.

Estes bombardeamentos, no norte de Kidal e na região de Tessalit, visavam "depósitos logísticos e centros de treino" dos grupos islamitas armados, precisou o porta-voz do estado-maior das forças francesas, o coronel Thierry Burkhard.

Após as tomadas sucessivas de Gao e Tombuctu, os soldados franceses tomaram o controlo, há cinco dias, do aeroporto de Kidal, cidade ocupada pelos rebeldes tuaregues e pelos islamitas dissentes, que se afirmam "moderados".

O Mali vive uma profunda crise desde 22 de março, quando um golpe de Estado perpetrado por membros do Exército maliano afastou o Presidente eleito, Amadou Toumani Touré.

Os militares protestavam contra a falta de atenção que o Governo de Bamako estava a dedicar à rebelião tuaregue no norte do país, mas o golpe de Estado não fez mais do que agravar a situação na zona.

Aproveitando o vazio de poder em Bamako, o Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA) proclamou unilateralmente, em abril, a independência da região setentrional do Mali, de 850.000 quilómetros quadrados.

Diversos grupos islamitas, como a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI), o Monoteísmo e Jihad na África Ocidental (MYAO) ou o Ansar Al Din ganharam força na região, retirando o controlo das mãos dos tuaregues e estabelecendo na zona uma versão da sharia, lei islâmica.

Temendo que a sua antiga colónia se tornasse um santuário para radicais ligados à Al Qaeda, a França decidiu intervir no Mali a 11 de janeiro, tendo no terreno quase 3.000 militares, aos quais deverá juntar-se uma força militar africana, de perto de 6.000 soldados.

Lusa
 

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« Responder #293 em: Fevereiro 05, 2013, 06:17:15 pm »
Hollande diz que interveio no Mali «porque não havia tempo a perder»


O presidente francês, François Hollande, disse hoje que fez uma intervenção no Mali «porque não havia tempo a perder», face ao avanço rápido de grupos radicais islâmicos sobre o país, o que poderia criar instabilidade na região.
 
A França ocupou o Mali, que é uma de suas ex-colónias, a 11 de Janeiro, após pedido do presidente interino do país, Dioncounda Traoré. Cerca de 4.500 soldados foram deslocados e conseguiram recuperar as três cidades mais importantes do norte do país e conter o avanço dos extremistas.
 
Em discurso no Parlamento Europeu, Hollande defendeu a decisão que, para ele, foi tomada de acordo com os tratados internacionais. «Não havia tempo a perder. Se tivéssemos deixado passar o tempo, o terrorismo teria conquistado todo o Mali».
 
O presidente disse acreditar que o Mali conseguirá a reconciliação entre os diferentes grupos políticos e alcançará a integridade territorial. «Está próximo o tempo da reconciliação, da estabilidade do país e do desenvolvimento dos malianos», salientou.
 
Agradeceu o apoio do parlamento europeu e da própria União Europeia, que enviou soldados para missões de treino do exército do Mali, que decorrem em países vizinhos.
 
Hoje, prosseguem as operações militares para a retomada do controlo no norte do Mali. Cerca de 1.800 soldados do Chade, que pertencem às forças da União Africana, entraram na cidade de Kidal para garantir o controlo da região.
 
Segundo o Ministério da Defesa de França, o controlo do aeroporto da região continua a ser feito pelas tropas francesas.
 
Em Timbuktu, rebeldes tuaregues anunciaram a prisão de dois extremistas islâmicos do grupo Ansar al Dine, que são acusados de torturar e matar moradores da região. Os castigos eram empregados sobre pessoas que violavam a lei islâmica, a sharia, que esteve em vigor na cidade desde Junho até à semana passada.

Lusa
 

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #294 em: Fevereiro 06, 2013, 01:20:15 pm »
EUA defende uso de "drones" contra suspeitos de terrorismo




A Presidência dos EUA defendeu na terça-feira a realização de ataques com aviões não tripulados ('drones') contra cidadãos norte-americanos no estrangeiro suspeitos de terrorismo, considerando-os "legais, éticos e sensatos".

Estas considerações foram feitas depois da divulgação de um relatório governamental, em que os ataques são justificados, mesmo sem provas de um ato terrorista iminente.

"Realizamos esses ataques porque são necessários para mitigar as ameaças reais em curso, deter conspirações, prevenir ataques e salvar vidas norte-americanas", indicou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, durante a conferência de imprensa diária, dedicada em boa parte ao tema dos "drones".

Carney sustentou que os EUA usam "em algumas ocasiões" aviões dirigidos por controlo remoto para "realizar ataques seletivos contra determinados terroristas da Al-Qaeda", mas negou-se a dar detalhes dos critérios seguidos para os autorizar.

"O Governo dos EUA toma com muito cuidado a decisão de perseguir um terrorista de Al-Qaeda, para garantir a precisão e evitar a perda de vidas inocentes", garantiu o porta-voz.

O canal NBC News obteve na segunda-feira uma cópia exclusiva de um relatório do Departamento de Justiça, disponível em http://on-msn.com/11DYOoy, no qual se sustenta que a morte de um norte-americano no estrangeiro, através de um ataque com "drones", é justificada se se tratar de um "líder operacional" da Al-Qaeda ou "uma força associada".

O documento revela que o Governo pode ordenar a morte de um suspeito de terrorismo, mesmo sem provas suficientes de estar implicado no planeamento de um ato terrorista iminente.

Um grupo de 11 senadores pediu na segunda-feira, em carta dirigida a Barack Obama, que revele os pressupostos das aprovações de ataques com 'drones' quando se trata de cidadãos norte-americanos.

Este pedido de informação acontece na véspera da ida do assessor de Obama para a luta antiterrorista, John Brennan, promotor do uso estratégico dos 'drones' e indigitado para chefiar a CIA, ao Senado no âmbito do processo da sua confirmação para o cargo.

A União Americana das Liberdades Civis (ACLU, na sigla em Inglês) já considerou, em comunicado, o memorando governamental sobre o uso dos 'drones' como "profundamente preocupante".

A ACLU justificou a sua preocupação com o facto de o Governo ter a possibilidade de matar uma pessoa "longe de um campo de batalha conhecido e sem qualquer tipo de intervenção judicial, antes ou depois dos factos".

Lusa
 

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #295 em: Fevereiro 11, 2013, 02:15:30 pm »
Combates prosseguem contra islamitas em Gao


Unidades do exército do Mali, apoiadas por militares franceses, estão a combater as milícias islamitas na cidade de Gao. Após um recuo inicial, os islamitas voltaram a penetrar na cidade e continuam a resistir em vários pontos.

O exército francês bombardeou, na madrugada de hoje, o comissariado da cidade de Gao, no nordeste do Mali, onde se encontravam os islamitas armados que no domingo passado atacaram tropas malianas, disseram testemunhas citadas pela agência AFP.

De acordo com as testemunhas, um helicóptero do exército francês bombardeou o edifício, que foi totalmente destruído, como verificou um jornalista da agência France Presse.

Uma das testemunhas afirmou que um dos islamitas que se encontrava no interior do edifício se fez explodir.

O bombardeamento do comissariado, antiga sede da "polícia islâmica" antes da chegada das tropas francesas e malianas a 26 de janeiro último, ocorreu depois de um recrudescimento da atividade dos islamitas armados.

Após uma aparente fuga da cidade, quando esta foi tomada pelos exércitos francês e maliano, os islamitas armados regressaram nos últimos dias, intensificando os ataques, incluindo suicidas.

Estes atentados foram reivindicados pelo Movimento para a Unicidade e a Jihad na África Ocidental (Mujao), grupo islamita armado que controlava a cidade de Gao desde junho último.

No domingo, combatentes do movimento defrontaram, durante várias horas, soldados malianos nas ruas do centro da cidade.

Por medida de precaução, cerca de 50 jornalistas foram retirados pelo exército francês do centro da cidade no domingo, após um ataque liderado por um grupo islamita, anunciou o porta-voz do Estado-maior, Thierry Burkhard.

Em declarações à agência noticiosa francesa AFP, o oficial não indicou a existência de feridos entre os jornalistas, referindo apenas que foram transportados para o aeroporto. Segundo Thierry Burkhard, o ataque ocorreu no início da tarde quando um grupo de islamitas se refugiou nas instalações da antiga esquadra central de Gao, na zona oeste da cidade.

Foi registada uma intensa troca de tiros entre os islamitas e as forças de segurança malianas (exército e polícia), que conseguiram cercar o local.

Os jornalistas estavam num restaurante e num hotel próximos do local dos confrontos, segundo relatou o porta-voz do Estado-maior francês.

Lusa
 

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #296 em: Fevereiro 14, 2013, 12:48:33 pm »
Argélia mostrou "determinação" contra terroristas em In Amenas


A embaixadora da Argélia em Lisboa considerou que o seu país mostrou "determinação" na luta antiterrorista ao intervir militarmente no complexo de gás de In Amenas e, apesar da morte de 38 reféns, sublinhou que muitas vidas foram salvas. No passado dia 16 de Janeiro, um comando islamita atacou um complexo de exploração de gás na localidade argelina de In Amenas, fazendo reféns centenas de trabalhadores, muitos dos quais estrangeiros.

Forças especiais argelinas recuperaram, três dias depois, o controlo do local e puseram fim ao sequestro. Pelo menos 38 reféns foram mortos, 37 dos quais estrangeiros, um balanço que valeu algumas críticas à actuação argelina.

"O nosso exército fez o que pôde para evitar perdas civis (...). A nossa preocupação era preservar o máximo de vidas e evitar uma explosão do complexo, o que teria consequências graves. O número de pessoas libertadas é muito mais importante do que o de pessoas que morreram, apesar de lamentarmos essas mortes, dado que eram inocentes", afirmou Fatiha Selmane, em entrevista à Lusa.

A diplomata referiu que foi a primeira vez que um ataque do género (contra um complexo de gás) ocorreu no país e salientou que o alvo neste caso não era a Argélia, mas os estrangeiros que trabalhavam nas empresas que operavam no local, sobretudo ocidentais.

"Nunca estamos suficientemente preparados para um terrorista", considerou, apontando que o país tem, no entanto, uma experiência na luta contra o terrorismo que vem dos anos 90.

"Temos a mesma determinação que tivemos no passado", referiu a embaixadora, insistindo que "a luta contra o terrorismo não diz respeito apenas à Argélia, é um assunto internacional".

A ameaça terrorista na região do Sahel tem sido, segundo a embaixadora, alimentada "pelo armamento abundante que saiu da Líbia", após a queda do regime de Muammar Kadhafi, em 2011.

"Esse armamento foi utilizado no ataque" ao complexo de gás, afirmou, explicando depois que o objetivo inicial do grupo era levar os reféns estrangeiros para o Mali e usá-los como moeda de troca.

A diplomata argelina considerou ainda que as fronteiras na região são "permeáveis" e difíceis de controlar devido à sua extensão. "São necessários meios que não temos", disse, lembrando que a fronteira da Argélia com o Mali se estende por 1.400 quilómetros.

Sobre a intervenção militar francesa no país vizinho, Fatiha Selmane disse que a Argélia privilegia sempre o diálogo político à intervenção armada. "Nunca sabemos como vai evoluir um conflito", indicou, acrescentando: "os diplomatas, em geral, continuam o trabalho dos militares".

Quanto às relações com um outro país vizinho, Marrocos, apontado como o rival da Argélia na região, a embaixadora disse que se baseiam "no respeito mútuo".

Selmane remeteu a questão do Saara Ocidental, território anexado por Marrocos e cuja independência é apoiada pela Argélia, para a ONU.

Lusa
 

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #297 em: Fevereiro 16, 2013, 05:42:35 pm »
A Europa perante o conflito no Mali
Alexandre Reis Rodrigues


Paris insiste em que a intervenção militar no Mali tem um objetivo claro e uma data-limite. No entanto, sobre o objetivo quase nada tem sido dito; sobre a data-limite tem sido referido o mês de março para o início da retirada.

O objetivo, em qualquer caso, será sempre limitado. A França, sensatamente, nunca falou em derrotar a AQMI, o ramo da al Qaeda no Magreb. Pode deduzir-se, quando muito, que terá os dois seguintes objetivos principais: 1. Tentar repor a situação anterior à declaração de independência do nordeste do Mali, em março de 2012, e subsequente aliança do movimento independentista dos tuaregues (“National Movement for the Liberation of Azawad”) com três movimentos islamitas que operam na região; 2. Evitar que o conflito interno se expanda para países vizinhos onde tem interesses relevantes (Níger, como fornecedor de três quartos do urânio que consome em centrais nucleares e a Mauritânia, onde tem concessões de exploração de ouro).

Se for possível quebrar os laços que os dois movimentos criaram, processo que se começou a desenvolver logo a seguir à intervenção francesa, talvez haja espaço para o Presidente do Mali negociar um entendimento com os tuaregues que ponha, finalmente, fim à sua tradicional rebeldia contra a liderança do sul e permita criar um ambiente minimamente aceitável para a realização de eleições previstas para julho (Presidenciais a sete e legislativas a 21). Negociar com os islamitas é hipótese que o Presidente claramente rejeitou.

Não obstante o notável sucesso inicial da intervenção francesa, a situação não está segura. Os centros populacionais sob controlo dos rebeldes foram libertados mas estes, entretanto, já demonstraram que são capazes de voltar a qualquer momento, não exatamente para se reinstalarem mas para criar caos e insegurança. Só não tiveram sucesso na tentativa de 10 de fevereiro para voltar a Gao e infiltrarem-se entre a população apenas porque os franceses estavam por perto, com meios aéreos e blindados para os desalojar.

Falta talvez o mais difícil, que será expandir as operações para a zona nordeste do Mali, nomeadamente a região montanhosa de Tigharghar, onde os jihadistas prepararam o terreno para a sua defesa e dão sinais de ter optado por entrar numa guerra de guerrilha combinada com ataques de bombistas suicidas em zonas
populacionais ou instalações militares do Exército do Mali. A cinco de fevereiro as tropas do Chade sofreram uma primeira emboscada, em que terão morrido 24
soldados, e a oito de fevereiro, junto de um posto de controlo militar, ocorreu o primeiro ataque de um bombista suicida.

Estava previsto. Só não se sabe como esta situação evoluirá porque tudo vai depender, em parte importante, da capacidade de os vizinhos “selarem” as suas fronteiras com o Mali e não permitirem “santuários” no seu território. Se este requisito não for garantido - pouco provável que seja dada a natureza muito porosa das fronteiras africanas, agravar-se-á o risco de o conflito inflamar toda a região, transformando o atual problema local num problema regional, que, mais tarde ou mais cedo, afetará a Europa. O próximo alvo mais provável será o Níger, um País que vive numa situação de muito precária estabilidade, que é também produtor de petróleo e onde, para além da França como atrás referido, a China tem também interesses.

A partir da retirada francesa as interrogações crescerão. A prontidão e treino das forças africanas e sobretudo a sua determinação em resolver o problema poderão variar significativamente. Regra geral, as suas capacidades operacionais estão marcadas por défices gritantes de meios que a ECOWAS, organização regional em que se inserem, nunca conseguiu resolver. Aliás, a sua disponibilidade está dependente de ajuda financeira já solicitada ao Ocidente (mil milhões de dólares). Nem todas têm as qualificações das tropas do Chade, que são as mais treinadas para operar no deserto e têm experiência de colaborar com o Exército francês, estando a ser o seu principal apoio direto.

Desconhecem-se os moldes em que se processará a retirada francesa, nomeadamente se será total ou apenas parcial. Não se estranharia, pelas razões atrás apontadas, que fossem deixados meios aéreos para apoio tático das operações terrestres que se espera que continuem com as forças africanas entretanto deslocadas para o terreno. Algum apoio irá com certeza permanecer no terreno, quer seja no próprio Mali, quer seja em Países vizinhos. Também não se sabe até que ponto a França poderá contar com a solidariedade dos seus parceiros europeus e o dos EUA. Falta a Paris a capacidade, que geralmente Washington tem demonstrado ter, para captar apoios em situações semelhantes. Não será preciso explicar porquê.

Entre os europeus, é o Reino Unido o que tem mostrado mais disponibilidade e empenho na solução da crise, quer em ofertas de apoio à intervenção francesa, quer em contactos regionais, nomeadamente com a Argélia, tendo a imprensa referido a realização de um acordo de segurança fronteiriça, na sequência da visita do primeiro-ministro Cameron a Argel, no passado dia 30 de janeiro. O que farão os EUA está condicionado pela atual prioridade dada à política interna e, certamente, ligado à nova estratégia de “liderar de trás” (“leading from behind”). Realisticamente, quando muito, não será de esperar mais do que a sua aposta no recurso a operações “covert”, com o recurso a “UAVs”, como tem sido habitual com a administração Obama, portanto, sempre longe da possibilidade de envolvimento nas chamadas “endless wars” de que o Presidente tenta precisamente afastar-se. Mas mesmo no campo do apoio com “UAVs” falta resolver a questão de uma base
próxima da região, pois a mais próxima está a mais de 3000 quilómetros (Djibouti).

Perante estas circunstâncias e, em especial, a possibilidade forte de o conflito se alargar a todo o Sahel, não deveria a União Europeia rever desde já o previsto empenhamento na solução desta crise?

Jornal Defesa
 

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #298 em: Maio 20, 2013, 06:47:23 pm »
Forças especiais russas travaram ataque terrorista em Moscovo


As forças especiais russas frustraram um ataque terrorista em Moscovo que estava a ser preparado por três rebeldes, dois dos quais foram mortos, anunciou hoje fonte oficial.

"As forças de segurança frustraram uma tentativa de ataque na capital russa", disse uma fonte do Comitê Nacional Antiterrorismo da Rússia, citado pelas agências noticiosas internacionais.

Os rebeldes, que preparavam um ataque na capital russa, foram cercados pelas forças especiais russas quando se encontravam numa casa na cidade Orekhovo-Zuyevo, na região de Moscovo.

De acordo com a mesma fonte, trata-se de cidadãos russos treinados no estrangeiro.

"Esses criminosos, cidadãos russos, chegaram do Afeganistão e do Paquistão, onde foram treinados e preparados para realizar um ataque", precisou a fonte

Os suspeitos abriram fogo e, numa curta troca de tiros com as forças especiais russas, dois deles acabaram por morrer, adianta a fonte do Comitê Nacional Antiterrorismo da Rússia, que falava sob anonimato.

Um membro das forças especiais russas ficou "levemente ferido", acrescentou.

As autoridades russas não especificaram o tipo de ataque que estava a ser preparado.

O Presidente russo, Vladimir Putin, foi informado da operação, confirmou o seu porta-voz, Dmitry Peskov.

"Vladimir Putin recebeu os relatórios das forças especiais durante a preparação da operação para deter os terroristas, e imediatamente após o final da operação", afirmou Dmitry Peskov.

Lusa
 

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Re: Guerra contra o terrorismo
« Responder #299 em: Maio 24, 2013, 10:43:03 pm »
Paris anuncia intervenção de forças especiais em Agadez


Forças especiais francesas lançaram uma operação em Agadez, no norte do Níger, após islamitas terem realizado, na quinta-feira, ataques com carros armadilhados contra um campo militar, divulgou hoje o ministro da Defesa francês.

"Neste momento, a situação está estabilizada, em particular em Agadez, onde as forças especiais francesas intervieram em apoio às forças nigerinas, a pedido do Presidente nigerino [Mahamadou] Issoufou", afirmou Jean-Yves Le Drian, quando questionado pelo canal francês de notícias BFM TV.

"O objetivo era que o Mali fosse transformado num santuário islâmico, isso não irá acontecer. É preciso evitar agora, no norte do Níger ou em parte do Chade, os riscos idênticos", disse o ministro, qualificando a região do Sahel como uma "zona de instabilidade".

Pelo menos 24 pessoas morreram, a maioria soldados nigerianos, e mais de vinte outras ficaram feridas na quinta-feira em ataques com carros armadilhados contra um campo militar em Agadez e uma mina de urânio explorada pela empresa francesa Areva em Arlit, também no norte do Níger.

Os ataques foram reivindicados pelo Movimento pela Unidade e a Jihad na África Ocidental (Mujao).

Entretanto, a agência francesa AFP, citando uma fonte do Ministério da Defesa francês, divulgou que pelo menos "dois terroristas", qualificados também como "sequestradores", morreram durante a operação realizada "hoje de madrugada" em Agadez.

"O assalto decorreu hoje de madrugada", assegurou o ministério francês, enquanto o ministro de Defesa nigerino, Mahamadou Karidjo, afirmou que a operação tinha sido lançada na quinta-feira à noite.

A mesma fonte do Ministério de Defesa francês sublinhou que este "era o primeiro balanço" da operação.

O grupo islamita radical liderado pelo argelino Mokhtar Belmokhtar ameaçou hoje, num comunicado divulgado na Internet, lançar novos ataques no Níger.

"Vamos lançar mais operações" no Níger, indicou o grupo, alargando a ameaça à França e a todos os países envolvidos na operação militar internacional no Mali.

Mokhtar Belmokhtar, chefe histórico da Al-Qaeda do Magrebe Islâmico (Aqmi), abandonou aquela organização em outubro para formar a sua própria unidade de combate, os Signatários pelo Sangue, que reivindicaram o ataque seguido de sequestro de 16 de janeiro numa fábrica de gás em In Amenas, na Argélia, no qual morreram 37 reféns estrangeiros e 29 terroristas.

Mokhtar Belmokhtar chegou a ser dado como morto pelas autoridades do Chade, mas a sua morte nunca foi confirmada.

Lusa