Vocês têm em conta a necessidade de pessoal para operar e manter todas essas futuras aquisições virtuais?
Temos uma imensidão de tarefas logísticas que estão a ficar para trás, cada vez maior recurso a outsourcing sem capacidade financeira para contratar...
Um aparte a TAP para 2019 necessita de 390 novos pilotos, o mercado civil formará 90 na melhor opção...sobra para quem? Para 2019 vai ser uma sangria generalizada e em termos de fontes de financiamento...sem comentários.
Raphael, a TAP não vai buscar só ao mercado Nacional os pilotos que necessita, por variadíssimos motivos, entre os quais os pilotos quando são formados tem muito poucas horas de voo e a TAP para admissão passou em 2000 das 1500 horas/voo para em 2013 exigir 300 horas/voo, em 2016 as 250 horas/voo, e, em 2017 manter as 250 horas, tal é a falta de pilotos a nível mundial.
A TAP tem 944 pilotos e nos últimos três anos admitiu 145, quase um por semana.
Abraços
Creio que esta troca de pontos de vista começou porque algures lá para trás postei algo em que dizia que achava desejável que a FAP pudesse vir a possuir no seu inventário 2 C-17.
Bom, primeiro, trata-se tão só e apenas de uma opinião. Já o disse, e repito: só decorrente da necessidade de dar suporte às muitas missões exteriores em que as Forças Armadas Portuguesas estão desde há vários anos envolvidas, possuir no inventário o C-17 seria um acréscimo de capacidade excelente. Há outros foristas que não pensam da mesma forma, o que é óptimo – normalmente, diferentes opiniões servem para aprendermos algo e, muitas vezes, até para nos fazer pensar um pouco mais sobre o assunto e adequarmos os nossos pontos de vista. No caso concreto, depois de ler vários post’s com várias opiniões, sigo na minha: entendo que possuir esta capacidade seria uma enorme mais valia para o Estado Português – para as Forças Armadas à cabeça, mas também para o Serviço Nacional de Protecção Civil que, em caso de necessidade, teria também à disposição uma alternativa viável para projectar muito rapidamente uma significativa quantidade de meios humanos e materiais.
Segundo, porque é que acho que o C-17 seria a melhor opção? Porque entendo que a investir num meio com verdadeira capacidade de projecção estratégica, mais vale optar pelo que de melhor o mercado oferece em termos de capacidade (em sentido lato), do que optar pela segunda melhor hipótese disponível (A-400M). O post do Tenente, em que compara a capacidade do C17 com o A-400M é bastante esclarecedor a propósito deste ponto.
Terceiro, e como atrás também disse, se não existisse uma vontade de possuir uma verdadeira capacidade de projecção estratégica, não teria existido uma participação no projecto do A-400M há uns anos atrás. Ou seja, existia vontade do Estado Português (ou pelo menos das Forças Armadas), em possuir essa capacidade, vontade essa que, por razões várias (com a crónica falta de liquidez tuga à cabeça), não passou disso mesmo – de um desejo não concretizado.
Quarto, é um facto que uma boa parte das missões exteriores realizadas pelas Forças Armadas Portuguesas são ao serviço da ONU e, como mencionou o Pedro Monteiro, na área dedicada à missão na RCA, a ONU liquida esses custos aos países envolvidos. Mas creio eu (e alguém me corrija se estiver enganado), que tanto liquida a “factura” dos Antonov contractados, como o custo das horas de vôo dos C-130 da FAP. Desse ponto de vista, ter um aparelho que consegue fazer mais (transportar mais homens e equipamentos) com menos (menos escalas e horas de vôo e, consequentemente, menos vôos), resulta numa mais valia para todos.
Quinto, mesmo que por milagre um dia aterrassem numa base aérea portuguesa dois C-17 com as cores nacionais, seria sempre necessário possuir outra aeronave intermédia, como o C-130 ou o KC-390. OK, são dois tipos diferentes de aeronaves, duas linhas logísticas, tripulações e pessoal de manutenção para uma e para outra, etc, etc, etc. Mas será que, bem feitas as contas, mesmo assim, possuir tal capacidade não compensaria? Essa é uma questão à qual não consigo, evidentemente responder. Entendo que as vantagens de ter seriam sempre superiores aos prováveis constrangimentos que a existência dessa capacidade traria.
Sexto, sejamos honestos: C-17 e Portugal, só mesmo se e quando os virmos a aterrar por cá no âmbito de um exercício que implique a deslocação de suporte logístico por parte dos EUA ou do Reino Unido. Pensar em possuir tal capacidade é isso mesmo – um desejo, uma utopia que jamais se concretizará. Não invalida que não ache que essa seria uma importante opção.
Já agora, e sobre a nota do Raphael – andam por aí a discutir há anos a possibilidade de estender o tempo de serviço obrigatório dos pilotos da FAP de 12 para 16 anos, precisamente para “aliviar” a sangria de que o ramo tem sido alvo. Porque carga de água é que ainda nada foi feito nesse sentido?
Cumprimentos, e venham de lá os KC-390 que, se um dia destes chegarem, já vamos cheios de sorte.