Querem reformar e modernizar as FA nacionais?
Que tal começar por algo que me parece bastante simples.
Ministério da Defesa Nacional solicita um relatório exaustivo a cada ramo sobre as suas reais e imediatas necessidades e aspirações a curto/médio prazo. Sem quintinhas, sem apontar o dedo seja a quem for. Um relatório assertivo e relativamente detalhado, que vá desde o mais "simples" (fardamento/EPI) até ao mais complexo e caro (caças/fragatas/etc).
E após receção e análise do mesmo por parte do MDN, uma reunião com cada ramo para definir prioridades concretas e estratégias a médio prazo. Obviamente que, entretanto, mandar o mecanismo que é a LPM para Plutão seria fundamental.
Estou a sonhar acordado, não estou?
Estou.
Com as notícias recentes de que se estima que a NATO e a Rússia possam entrar em
conflito num prazo de 2/3 anos, diria que é preciso ter duas versões do plano de reformular e modernizar as FA.
-Um plano a curto prazo, para resolver de imediato problemas óbvios, para enfrentar uma potencial ameaça russa, para não sermos apanhados de calças na mão.
-Um plano de médio/longo prazo, que aborda uma estratégia e planeamento com pés e cabeça, a pensar nas ameaças do futuro e com muito maior peso da indústria nacional.
No plano de curto prazo, incluía coisas como:
FAP-upgrade dos F-16 (PA I) para V + armamento para eles, incluindo mísseis de cruzeiro, anti-navio, bombas planadoras (SDB, SDB-II, etc), mais AIM-9X e AMRAAM, eventualmente AARGM, etc;
-reforço do stock de Harpoons, torpedos e sonobóias dos P-3. Eventualmente integração de um novo míssil anti-navio de maior alcance, e/ou de um míssil de cruzeiro;
-reforço de reservas de guerra em geral;
-UH-60 militares usados, modernizados, para funções diversas para a FAP e EP;
-upgrade aos Merlin e C-295, com especial destaque para os sistemas de auto-defesa dos 4 Merlin CSAR e dos 12 C-295 (possível upgrade ASW e/ou ASuW para os VIMAR);
-AA de médio alcance, para defesa das principais bases aéreas;
-aquisição/fabrico (nacional) de shelters (desmontáveis) sobretudo para permitir iludir o adversário quanto à localização dos caças. Incluí-los em mais do que uma unidade.
MGP-para as fragatas VdG:
1. procurar opções em segunda-mão para substituir as 3, idealmente mantendo um nº de 5 fragatas;
ou2. encomendar 3 fragatas novas, a um estaleiro que as consiga produzir com rapidez elevada, caso das Mogami japonesas;
ou3. upgrade a sério às VdG, que além de tudo o que já está planeado, acrescenta 2x Mk-41 de 8 células para ESSM, modernização dos Harpoon e torpedos, substituição da peça de 100mm por uma de 76mm Strales;
-modernização das BD, com novos radares, modernização dos Harpoon e torpedos;
-reforço do stock de munições de todos os tipos;
-perceber o que fazer aos Lynx, se se aguentam ou se é necessário substituir por problemas com a modernização;
-perceber qual a participação/contribuição que terão os NPOs em caso de conflito. Com base nisto, pensar possíveis upgrades de forma a que sejam úteis.
EP-aquisição de sistemas SHORAD (alcance >10km) e sistemas VSHORAD (em Pandur da Brigada Mista e em ST5/L-ATV da BRR + Fuzileiros);
-resolver problemas em torno do equipamento individual, a todos os níveis;
-
reestruturar as duas principais brigadas, consolidando numa Mista à imagem dos tais Agrupamentos Mecanizados (em 2/3 anos nunca veremos a BrigInt e BrigMec a atingirem os padrões operacionais necessários), e:
1. comprar IFVs de lagartas usados (Bradley);
2. avançar com a substituição dos M-114 por um sistema AP de rodas;
3. substituir os M-109 por um MLRS moderno (com potencial para desempenharem a função de artilharia costeira);
4. comprar viaturas de apoio baseadas em Leopard 2 + possível upgrade aos Leopard;
5. reforçar a frota Pandur, com mais Pandur nas versões que faltam (PM, AC, RWS, VSHORAD);
-aquisição de mais ST5 ou L-ATV como viatura blindada 4x4 generalista;
-continuar a substituição de viaturas tácticas e logísticas;
-substituir mísseis anti-carro mais antigos;
-reservas de guerra.
-Continuava com a incorporação de sistemas não tripulados para os 3 ramos.
-Retirava da LPM actual programas como o NAVPOL, os ST e o 6º KC.
É uma longa lista, porque as necessidades são muitas, e certamente esqueci-me de alguma coisa. Algumas das alíneas são mais prioritárias que outras, mas preferi deixar logo tudo de uma vez.
A LPM não nos prepara para um conflito daqui a 10 anos, muito menos para um num prazo de 2 ou 3. É preciso mudar isto.
Eu sei que é remar contra a maré, porque já se sabe que para as chefias militares, mais vale não investir a sério nestas coisas, e em caso de conflito tenta-se solucionar tudo com uma mobilização de carne para canhão.
Como eu não sou a favor dessa mentalidade antiquada, prefiro encontrar caminhos para uma possível vitória que implique o mínimo de sangue português derramado. Tal como prefiro que não sejamos olhados pelos russos, como o ponto fraco da NATO.