Nuno Melo responde a José Luís Carneiro: “Compra quem paga”
Segundo o ministro, a sua versão dos factos está em Diário da República, "na RCM 82/2024, aprovada pelo governo da AD". Trata-se da Resolução do Conselho de Ministros que autoriza e reprograma os encargos plurianuais para a aquisição, pela Força Aérea Portuguesa, de dois aviões bombardeiros pesados DHC‑515 (os chamados Canadair), bem como a formação, infraestrutura e equipamentos associados. "Oposição não devia ser ficção”, escreve ainda o governante.
Melo sustenta assim que a formalização e o pagamento da compra ocorreram já sob o atual executivo da Aliança Democrática.
https://www.dn.pt/política/nuno-melo-responde-a-josé-luís-carneiro-compra-quem-paga

Enquanto a malta com responsabilidade politica não entender que quem compra e quem paga é PORTUGAL vai ser todos os anos a cegada dos incendios
Achas que haverá algum verão em Portugal sem incêndios?
Não sei que idade tens, mas eu já passei das quatro décadas e não me recordo de nenhum ano sem incêndios. Fui bombeiro voluntário em jovem e no meu primeiro ano de incêndios, em 2003, tivemos um dos maiores incêndios de sempre em Portugal, desde que há registo fiável de aéreas.
Como já disse noutro tópico, o maior incêndio desde que há registos minimamente fiáveis na Península Ibérica data de 949, ainda não havia Portugal ou Castela, ardeu grande parte do Reino de Leão, há registos de localidades com várias dezenas ou centenas de habitações queimadas e depois um ano de fome, porque as colheitas e os alimentos guardados arderam.
E depois, também há teorias da conspiração como as de hoje, hoje é a indústria do fogo em Portugal e a proibição de limpar os terrenos por parte do ministério da transição económica em Espanha. Na altura havia quem dissesse que o incêndio veio do mar.
As sociedades gostam de explicações fáceis e que as isenta de culpas para as colocar noutros, nesse sentido nada muda desde há milénios.
Quem espera por um milagre, e ache que não vamos ter grandes incêndios no verão em Portugal, vai estar com a mesma ladainha daqui a 50 anos, por mais dinheiro que se gaste.
O meu argumento é sobre o poder politico achar que a sua imagem no contexto publico está acima dos interesses do País.
Em que momento escrevi que não teríamos nem teremos incêndios em Portugal?
Mas sobre isso... o problema não é existirem incendios no verão. Existiram e irão continuar a existir. O problema é a dimensão e extensão dos mesmos.
Para alguem que foi bombeiro diz-me: é igual combater o fogo numa floresta não limpa e sem acessos e numa ordenada e com acessos?
Ou devemos aceitar que por terem existido fogos há mais de mil anos atrás, então é algo normal e aceitável ter o país a arder? É aceitável ter populações sem meios para defender casas ou propriedades? É algo normal e não se pode e se devia fazer mais e melhor?
Existe uma falência do Estado Português na defesa do seu território, e isto é no nível civil e militar.
E isso é algo que enquanto Cidadão, Português e contribuinte não posso nem nunca irei aceitar
Não é igual combater incêndios num território ordenado ou desordenado.
Por isso o que há a fazer é de fundo e medidas que têm resultados, vão demorar anos a produzir efeitos.
O que há fazer é melhorar o ordenamento do território, tentar fazer com que a probabilidade rural tenha mais alguma dimensão para ter retorno económico, combater a desertificação do território rural e tentar combater comportamentos de risco.
Claro que se pode melhorar o combate, ajustar meios etc, algo que deve ser objecto de melhorias contínuas, mas os resultados não serão significativamente melhores.
O cidadão contribuinte é o principal responsável pelo que se passa, porque é quem escolhe as políticas e os políticos.
Mas não os políticos os incendiários, não são maioritariamente os políticos que lançam foguetes no meio do verão, não são os políticos que constroem casas no meio da floresta, que não limpam os terrenos privados, que não cultivam os terrenos agrícolas etc.
Podem escolher os políticos que quiserem e podem criticá-los por ir à praia no verão. Mas o problema é da sociedade e não vai mudar tão cedo.
Que alternativas de politicos poderiam as pessoas escolher? Se é a população a culpada, quem deveria na sua opinião escolher?
Não são os politicos que constroem casas mas quem legisla onde se pode construir ou não? São os politicos ou a população?
Qual a percentagem que arde é que é privada e que é publica? Conheço particularmente bem o terreno de um dos incendios que decorre há mais dias no país. A grande maioria dos terrenos pertencem ao Estado. Sei de terrenos por limpar junto a casas, não na serra mas nas povoações, que a Junta de Freguesia nunca limpa. A justificação é que não há dinheiro.
Ora eu enquanto Português devo aceitar esta justificação do Estado, enquanto simultaneamente um privado é multado por não limpar?
Não são os politicos que não limpam os terrenos privados, mas são os politicos que também não atribuem verba para limpar os terrenos do Estado, que deveria comportar-se como cidadão de bem e dar o exemplo o cumprir ele em 1º lugar a lei!
O Estado deveria ser o 1º após um incendio a tentar recuperar a área ardida e reflorestar. Promover o reordenamento do território e a construção de matas ordenadas e com acessos. Como disse conheço relativamente bem o interior e são escasas as zonas em que após os incêndios o Estado ou as Juntas actuaram. Muitas, depois de 2017 estão hoje praticamente iguais! Não se aprendeu nada! E isto é culpa da população?
Você diz que não são os politicos os incendiarios, mas quem legisla e aprova neste país as penas para os incendiarios?
Enfim... é como dizer que a culpa de uma equipa que não ganha os jogos é dos adeptos que pagam quotas e não da estrutura e staff de um clube
Acho que as minhas opções políticas são pouco relevantes, no entanto eu não escolheria nenhum dos três principais partidos na AR neste momento. Nas últimas legislativas concorreram 18 forças políticas, escolhas não faltam.
Quanto à área florestal, não tenho números da área ardida de momento, no entanto o Estado é proprietário de 2% da área florestal em Portugal. Sei que o Estado é mau gestor de quase tudo e aqui não é excepção, no entanto pela pouca posse de terrenos, não será detentor de grande parte da área ardida, antes fosse.
A lei pode sempre mudar, o ordenamento pode e deve melhorar, mas as pessoas não têm que apenas cumprir o exclusivamente previsto na lei.
Não sei se é proibido saltar das janelas a partir do 5 andar, mas sei que é má ideia e, mesmo sendo legal, não se deve fazer.
Na construção passa-se o mesmo, pode não ser proibido construir uma habitação isolada no meio de um eucaliptal ou pinhal, encostadinha às árvores para estar fresquinha e à sombra, num sítio com maus acessos e com alto risco de incêndios florestais, onde os há quase todos os anos, mas não me parece a melhor ideia.
Quem tomar uma decisão dessas corre riscos, a nível pessoal põe o coletivo em risco, e no dia em que a sua casinha arder tem que assumir essa decisão, principalmente se tiver outras escolhas.
Não se pode culpar o Estado de tudo, se a nossa vida estiver regulada em absoluto pelo pai Estado, deixamos de ser pessoas.
Os cidadãos, até ver, têm vontade e agência, pelo que têm que ser responsáveis e tomar as melhores decisões e aceitar as consequências.
E não, desde 2017 não se aprendeu quase nada, continuo a ver pessoal em tronco nu nas frentes de incêndio, continuo a ver novas construções no meio de mato, continuo a ver gente a passear entre aldeias para ver os fogos, continuo a ver gente a conduzir em estradas tomadas pelo fogo, continuo a ver muita gente a recusar ser evacuada das suas aldeias e as TV's a fazer directos a valorizar isso e chamar heróis a pessoas que se colocam em alto risco (basta ver aqui no país ao lado quantas aldeias e vilas inteiras já foram evacuadas, e como foram). Portanto, em suma, não se aprendeu mesmo nada, e não se repetiu ainda 2017 por muita sorte.