Desviar porquê? Não será esse o fulcro da questão?
Não! O fulcro da questão não é a especulação que ocorre sempre em qualquer obra do Estado, e mesmo sem ser do Estado.
O fulcro da questão é o interesse do país, e o desejo de construir um aeroporto, num lugar onde se sabe que ele não vai poder crescer.
Onde andaram esses "especialistas" durante estes anos todos?
Tantos anos de estudos que convergiram para a OTA, como sendo a melhor solução
O problema é simples ricardo nunes:
O problema é que é exactamente ao contrário. Como se pode ver pelo último (e esclarecedor) programa na TV sobre o assunto (e devia haver mais programas daqueles) todos os estudos que foram feitos, já desde os anos 70 apontavam para um aeroporto na margem sul e não na margem norte do Tejo.
A solução "Ota" é uma solução que aparece apenas no final dos anos 90, depois de uma pressão por parte dos ecologistas no famoso episodio das "Gravuras não sabem nadar" em que o governo Guterres se viu forçado a cancelar a construção de uma barragem, por causa da pressão de alguns sectores da sociedade.
Infelizmente Guterres confundiu "Dialogo" com cedência e quando os mesmos ecologistas do anti-Foz Coa começaram a fazer barulho por causa das cegonhas de Rio Frio, de repente o aeroporto foi "varrido" para a Ota, porque Guterres não queria problemas com os ecologistas.
Não houve estudos, não houve trabalhos preparatórios, não houve NADA a apontar a Ota como a melhor solução.
As cegonhas foram (e ainda hoje são) a única razão objectiva válida do ponto de vista técnico para mudar o aeroporto de um lugar para o outro.
Não há nem nunca houve estudos a considerar a Ota, a única coisa que houve foram estudos a dizer que em Rio Frio desaparecem as cegonhas. E são esses estudos - que colocariam o governo em posição desconfortável perante os ecologistas - que levaram o aeroporto de Lisboa para a Ota. Não há nem nunca houve mais nada.
E é por causa dessas mesmíssimas Cegonhas que o ministro Lino vem dizer que isso é "MORTAL".
E é por causa das cegonhas que o ministro Lino convocou até há pouco tempo organizações ecologistas que mais uma vez defenderam os mesmos pontos de vista de Lino.
Os ecologistas estão preocupados em poupara as cegonhas, e em nome das cegonhas, deve-se construir o aeroporto na Ota.
O problema é que as cegonhas acabam por ter que sair, porque a Ota é uma solução provisória e depois da Ota, vai ser necessário construir na margem sul outra vez.
A «Estória» da Ota é das mais mal contadas dos últimos tempos, e começa a ser óbvio para toda a gente, porque é que o próprio governo omitiu e escondeu relatórios e análises que demonstravam claramente a desvantagem da Ota.
De um lado estão as cegonhas a empurrar o aeroporto para a Ota.
Do outro lados estão as montanhas que condicionam a segurança
Do outro lado está a orografia que impede o aumento do aeroporto
Do outro lado está uma autoestrada que vai ficar entupida sem que haja possibilidade de a alargar
Do outro lado está uma linha de TGV que tem tão pouco espaço que até se fala em faze-la passar primeiro para sul do Tejo, porque não há espaço.
Enfim:
Os estudos podem dizer o que quiserem, mas o bom senso continua a ser o bom senso.
Quando os estudos vão contra o mais básico bom senso, então ou os estudos explicam muito bem as razões do absurdo, ou então são os estudos que estão mal feitos.
O caso da Ota, é neste momento uma questão de bom senso.