Creio que nos devemos desviar das noticias e das alegações relativas a expeculação imobiliaria.
Ela vai existir sempre que houver noticias sobre a construção de um aeroporto (qualquer aeroporto).
Não é isso que está em questão. Qualquer das regiões terá os seus lobbies.
Do meu ponto de vista pessoal - e como cidadão - eu sou sensível a argumentos como os da preservação da natureza.
Quando há uns anos atrás se resolveu "arrumar" o aeroporto na margem sul do Tejo e "varre-lo" para a Ota, houve argumentos considerados como "mortais" e definitivos, e aos quais eu como disse sou sensível:
- Na margem Sul é necessário destruir consideráveis áreas de sobreiros
- Na margem Sul estamos a destruir uma das nossas mais importantes reservas de água
- Na margem sul estamos a destruir um dos últimos "habitat's" de cegonhas que existe no país.
Pode parecer estúpido para muitos, mas para mim este tipo de argumentos têm peso, e o maior peso de todos, tem a ver com a reserva de zonas humidas do estuario do Tejo.
Assim sendo, eu aceitei que o aeroporto fosse para a Ota, e mesmo achando que era uma construção num lugar relativamente remoto e estranho.
Hoje estou no entanto convencido de que foi uma decisão errada.
O mais importante factor que contribui para isso, é o facto NÃO DESMENTIDO POR NINGUÉM de que o aeroporto na Ota não tem possibilidade de expansão, e está limitado a duas pistas.
A pergunta que eu, um pobre desqualificado - coloco a mim mesmo depois de ter pensado que a Ota era uma solução, quando os senhores inteligentes dos estudos me disseram que era melhor fazer um aeroporto numa montanha que numa planície é a seguinte:
Onde é que se vai colocar o aeroporto que vai ser necessário construir depois da Ota?
Resposta: Na margem Sul!
Ou seja: O argumento que me levou a achar aceitável a Ota, caiu por terra, quando percebi que estamos apenas a comprar tempo, porque não tendo capacidade de expansão, a Ota acaba por garantir que vai sempre ser necessário construir um aeroporto na margem sul de aqui a uns 30 anos.
Por isso, voltei à "primeira forma".
Se de qualquer forma, mais tarde ou mais cedo vamos ter que construir o aeroporto na margem Sul, então é melhor começar já, porque pelo menos será necessário construir apenas um, dado que na margem sul a planicie permite aumentar o numero de pistas.
Isto não é uma questão de "Bairrismo" é uma questão de defesa do país.
Como vimos no último "Prós e Contras" os interesses espanhóis também se movem neste contexto, querendo afastar o novo aeroporto de Lisboa o mais possível da fronteira.
Com um aeroporto na Ota, o aeroporto do Porto perde força e facilita a ascenção de um grande aeroporto na Galiza.
Ao mesmo tempo, um aeroporto em Badajoz-Mérida não será afectado por um aeroporto na margem sul do Tejo.
Ao contrário:
Um aeroporto na margem sul, pode atrair trafego e passageiros do sul de Espanha e ao mesmo tempo implica a necessidade de aumentar Pedras Rubras, com a contrução de uma segunda pista (e com o fim do absurdo estangulamento da pista do lado norte que faz com que a pista tenha que servir de Taxiway).
Portugal não tem um só polo que vai de Setubal a Braga.
Portugal tem dois grandes polos, um centrado em Lisboa e o outro centrado no Porto. Cada um destes polos tem que ter o seu conjunto de aeroporto / porto marítimo e plataforma logística.
Deste ponto de vista, a Ota vai contra tudo e contra todos. Vai contra a lógica mais básica que diz que não se devem construir aeroportos nos montes quando se pode faze-lo na planície.
A Ota, do ponto de vista da lógica é indefensável.
A Ota, aparece cada vez mais como uma espécie de Alcacer Quibir da economia portuguesa. Mas ainda estamos a tempo de impedir a aventura.