Caro tio Titi, proponho o imediato cancelamento de dois dos seis NPOs previstos (a bem dizer, nunca ninguém acreditou que fossem construir tantos). Com as verbas "poupadas" pela não construção de dois NPO (cerca de 120 milhões) podem adquirir-se dois navios; com jeitinho, talvez pela módica quantia de 50 ou 60 milhões.
O primeiro seria o RFA Wave Ruler (ao serviço desde 2003), para substituir o Bérrio. É um navio grande, com enorme capacidade de transporte e além das missões militares de reabastecimento e transporte, também pode ajudar em missões civis, como prestar auxílio em caso de catástrofes naturais, em Portugal e no estrangeiro. Pode igualmente substituir fragatas em missões internacionais, com um custo muito inferior ao daquelas -- afinal há mais falta de navios de reabastecimento do que de fragatas.
O segundo navio seria o ex-HMS Clyde (ao serviço entre 2007 e 2019). É um NPO, mas com características especiais. Além de sensores militares que os nossos NPO não possuem, pode transportar mais de 100 fuzileiros equipados pois foi concebido para, entre outras coisas, efectuar transporte de militares nas ilhas Falkland/Malvinas.
Com estes dois navios, o tio substituía o Bérrio (e adiava a construção do novo AOR para as calendas, pois assim como assim não vai haver dinheiro nos próximos anos para o construir), reforçava a capacidade de patrulhamento e de intervenção da Marinha enquanto os novos NPO não são construídos, ficava com a capacidade de transportar umas duas centenas de militares, de efectuar evacuações -- e pasme-se até com o possível empenho de helis Merlin da FAP, pois o Wave Ruler tem hangar para transportar um destes aparelhos e o pequeno Clyde tem convés de voo com capacidade para receber um Merlin.
Assim, quando acontecer o próximo e inevitável desastre natural, ou necessidade de prestar apoio aos portugueses da diáspora, o tio Titi será visto como um político de grande visão, o tipo de homem que devia ocupar cargos ainda mais elevados -- o verdadeiro homem do leme, como o tio Cavacas.
Já agora uma pequena nota: não lhe fica muito bem dizer que não tem responsabilidade pelas decisões da Marinha. Ao que parece o tio é o responsável político pelas Forças Armadas Portuguesas, nas quais se inclui a Marinha. Tentar minimizar o seu papel é aquilo que em vernáculo se designa de conas e nós sabemos que o tio não é um conas.
Um forte abraço deste seu admirador.