Desculpa, mas subsidiar empresas privadas é deitar dinheiro à rua.
Em primeiro lugar vai contra as leis de concorrência e do mercado livre, a Antonov veio cá bater à porta ninguém lhe ofereceu as condições que ofereceram à Embraer.
Para mim as empresas serem brasileiras, ucranianas ou burkinabes é exactamente igual e as condições para operar no mercado português têm que ser iguais.
Outro questão relativa aos subsídios é são uma política de curto prazo para segurar cá empresas privadas. No dia que a Embraer se quiser ir embora, vai e as empresas portuguesas ficam a arder. É um cenário que já aconteceu várias vezes em Portugal e pelos vistos nunca se aprendeu com ele.
Todo o investimento estrangeiro feito em Portugal, trás muitos benefícios, a todos os níveis, por isso é natural haver muitos apoios públicos e mesmo esses apoios, é bom referir, são na sua maioria financiados pela União Europeia, ajudas (muitas delas a fundo perdido) para a criação de postos de trabalho, requalificação e investimento.
Aliás até acho que devíamos fazer mais, como por exemplo isentar as empresas do pagamento de IRC por 5 ou 10 anos e depois disso aplicar a taxa igual ao que faz a Irlanda, só para a UE não chatear.
Mas agora imagina o seguinte, no caso da Auto Europa, um dos maiores exportadores nacionais (não é o maior, esse costuma ser sempre a Galp), em que os custos de pessoal representam quase 40% do total, esquecendo todos os outros impostos, já imaginaste o que representa 40% de 1,5 mil milhões de euros por ano em impostos (Segurança Social, Finanças, etc e depois o gasto do salário líquido em iva e o restante no incremento da actividade económica)?
Agora imagina todos os novos investimentos feitos no país. ....
Eu sou totalmente a favor da criação de condições, especialmente a nível dos impostos, para atrair investimento estrangeiro, mas não é isso que está em questão.
O que está em questão, é pagar a uma empresa para se estabelecer em Portugal sem criar condições gerais para todo o mercado.
Porque se a politica do estado para atrair empresas é simplesmente a atribuição de subsídios
ad æternum para financiar projectos, no dia em que por alguma razão o estado tiver que cortar esses subsídios é o dia em que essas empresas saem de Portugal.
Estou completamente de acordo em que o estado baixe impostos, facilite o acesso a mão de obra, garanta que exista infraestrutura, até não sou contra que o estado contribua na instalação das empresas no país.
Uma coisa é subsidiar ou facilitar capital às empresas para as ajudar a investir na economia nacional na construção/aumento de instalações, contratação de pessoal, aquisição de novas tecnologias, etc. Outra coisa é subsidiar projectos com que nós não temos nada a ver, especialmente quando o principal beneficiário é um estado estrangeiro.
O estado subsidiou os projecto da VW Sharan, ou do VW Scirocco, ou do VW Eos ou do SEAT Alhambra ?
Imaginemos que a Antonov e Lockheed Martin amanhã também se querem instalar em Portugal, o Estado tem capacidade para subsidiar projectos das três empresas ? Ou vai ter que beneficiar alguém ?
O estado tem que facilitar a chegada de empresas, mas não pode ser a razão da sua vinda.