BBC aponta «pontos quentes» do terrorismo em 2012 
A BBC preparou uma lista com os pontos críticos do terrorismo no ano de 2012. Com as incertezas no Médio Oriente, suspeitas crescentes em relação ao programa nuclear do Irão, uma crise política cada vez mais profunda no Paquistão e o aumento da violência na Nigéria, há diversos locais que apresentam ameaças para o ano que começa. Mas é preciso distinguir entre conflitos locais, em grande parte contidos pelas fronteiras de um país, e o terrorismo transnacional que produziu eventos como o 11 de Setembro de 2001, as bombas em Madrid e, aos olhos de muitos, operações militares destruidoras como a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos.
AFEGANISTÃO 2011 foi mais um ano violento para o Afeganistão, com mais de dois mil civis mortos nos primeiros dez meses do ano. As razões dessas mortes - insurgência, tiroteios, ataques aéreos e criminalidade - não vão desaparecer de uma hora para a outra, mas o quadro no país está a mudar.
A NATO, a aliança militar ocidental, está a preparar-se para a retirada das suas forças de combate até ao fim de 2014, acelerando o treino das forças de segurança afegãs na esperança de que estas se tornem robustas o suficiente para manter uma segurança nacional mínima e manter a al-Qaeda fora do país.
Mas a futura partida da maior parte das forças estrangeiras não significa necessariamente o fim do conflito. O pior cenário possível - que a NATO está a tentar evitar - é que o Afeganistão volte a enfrentar a desordem e a divisão interna que vigorou no país no início dos anos 90, logo após a retirada dos soviéticos, e que os talibã voltem a ganhar poder no sul, levando junto a al-Qaeda.
PAQUISTÃO Um enfraquecimento do conflito entre a NATO e os talibã no Afeganistão deveria reduzir a ameaça da insurgência no vizinho Paquistão, mas os problemas do país são muito mais profundos, já que começa 2012 com uma crise entre o seu frágil governo civil e as suas poderosas Forças Armadas, assim como uma grave desconfiança entre Washington e Islamabad.
As preocupações sobre a segurança do arsenal nuclear do Paquistão foram amplamente abordadas pelos media americanos. Apesar do possível exagero nesses temores, alguns militantes tentarão explorar o caos político no país e 2012 parece estar fadado a ser mais um ano violento. O fim parece estar longe tanto para os ataques da CIA contra os territórios tribais no Paquistão como para as actividades da Al-Qaeda no país.
IRÃO E O GOLFOA preocupação internacional com o programa nuclear do Irão é agora tão profunda que Israel - que se sente mais ameaçado pelo país - está a ter que escolher entre duas opções nada agradáveis: conviver com a existência de um país que tem armas nucleares e mísseis capazes de atingir o seu território ou lançar um ataque preventivo e começar uma guerra que pode não ter como terminar.
O Irão tem estado a preparar-se para este último caso por anos e teria diversas medidas de retaliação agendadas caso sofra um ataque em grande escala, entre elas estaria o Hezbollah lançar uma série de foguetes contra Israel a partir do Líbano, lançar os seus próprios mísseis contra bases americanas no Golfo, fechar o estreito de Ormuz para navios e activar células em países do golfo árabe para atacar infra-estrutura e causar pânico.
As Forças Armadas dos Estados Unidos até agora mostraram pouca ou nenhuma vontade de iniciar um novo palco de conflito no Irão.
IRAQUE A retirada das forças de combate americanas no mês passado após quase nove anos ainda não resultou no fim da violência no Iraque.
A franquia iraquiana da Al-Qaeda, que muitos consideravam uma força derrotada, assumiu a autoria de explosões coordenadas em Bagdad, em Dezembro, que mataram mais de 60 pessoas.
Se a maioria sunita no país continuar a sentir que tem as mãos atadas e que sofre discriminação por parte do governo do primeiro-ministro Nouri Al-Maliki, de maioria xiita, há um risco de que extremistas violentos consigam recrutar mais militantes para a sua causa.
IÉMEN O Iémen está actualmente num momento de desordem em câmara lenta. Há confrontos quase diariamente, às vezes entre manifestantes pró-democracia e atiradores leais ao presidente Saleh, às vezes entre pessoas de grupos tribais rivais, às vezes entre o Exército e grupos de militantes islâmicos na província de Abyan, no sul do país.
Os vizinhos do Iémen no Golfo, assim como os Estados Unidos e Grã-Bretanha, temem que os problemas do país somados à crise económica possam levar ao colapso do Estado.
2012 será um ano fundamental para determinar se o Iémen conseguirá sair do actual impasse.
SOMÁLIA Já houve especulações, até hoje não comprovadas, de uma ligação institucional entre o grupo somali al-Shabab e os temidos piratas do país. Há uma coexistência limitada, principalmente por razões financeiras, mas nenhum sinal até o momento de que os piratas somalis estariam dispostos a entregar reféns capturados ao al-Shabab.
Para as autoridades britânicas, a maior preocupação é o pequeno fluxo de britânicos indo para a Somália com a intenção de se unir à jihad.
O maior temor é que, mais cedo ou mais tarde, alguns deles decidam voltar, como outros fizeram vindos do Paquistão, para atacar no Reino Unido em vez de lutar e morrer num país estranho.
NORTE DE ÁFRICA As revoltas populares na Tunísia, Líbia e Egipto motivadas pela Primavera Árabe foram seguidos por um pequeno número de eclosões de violência, mas certamente no caso de Líbia e Egipto, há um risco de que mais confrontos ocorram.
Na Líbia, tem sido difícil convencer milícias armadas a entregar as suas armas e há um temor de que armamentos saqueados do arsenal do coronel Muammar Kadhafi tenham cruzado a fronteira no sul, indo parar nas mãos de militantes em Mali e noutros locais.
A maior preocupação é em relação a lançadores de mísseis que podem chegar até terroristas e há um grande esforço para localizá-los.
A franquia da al-Qaeda no Saara, Aqim, tem actualmente no seu poder 12 europeus, e governos ocidentais alertaram os seus cidadãos de que certas partes do Saara devem ser evitadas por medo de sequestros.
NIGÉRIA No ano passado, ataques conduzidos pelo grupo Boko Haram, que significa «Educação Ocidental é Proibida», mataram mais de 450 pessoas, parte delas na sede da ONU em Abuja, uma mudança radical em relação aos seus tradicionais alvos na polícia, poder judiciário e entre figuras locais.
Em meados de 2011, autoridades americanas alertaram que pode haver ligações entre o Boko Haram e a Aqim. A agência de inteligência doméstica britânica, o MI5, estaria a procurar sinais de ligações do Boko Haram na considerável comunidade nigeriana na Grã-Bretanha.
JOGOS OLÍMPICOS Os Jogos Olímpicos deste ano em Londres terão «a maior operação de segurança já vista no país desde a Segunda Guerra Mundial», segundo as autoridades.
Cerca de 13,5 mil militares estarão a trabalhar; um navio de guerra da marinha ficará ancorado perto do estádio Olímpico; mísseis estarão à disposição e caças Typhoon ficarão a postos, mas nada disso será necessário, se tudo correr de acordo com os planos.
Os Jogos Olímpicos são vistos, no entanto, como um alvo de primeira grandeza para qualquer um com intenções de atingir o Reino Unido e os preparativos de segurança estão a ser feitos considerando que a ameaça terrorista no país esteja no segundo grau mais severo numa escala de cinco.
ATAQUES CIBERNÉTICOS Computadores de instituições governamentais, organizações comerciais e indivíduos estão sob ameaça constantes de ataques cibernéticos, que podem variar de espionagem comercial ao roubo de informações de cartões de crédito até à tentativa de aceder a informações militares confidenciais.
No Reino Unido, as autoridades estão a investir pesado em medidas protectoras no que consideram uma «constante corrida armamentista no espaço cibernético» com o objectivo de eliminar a ameaça de um ataque cibernético de proporções catastróficas contra a infra-estrutura do país.
Lusa