No primeiro trimestre de 1937,face às fracassadas ofensivas contra Madrid em Jarama e Guadalajara,Franco decidiu mudar o centro de gravidade da guerra para o Norte de Espanha.Apesar dos insucessos passados iria apoderar-se de quase toda a produção de armas e munições de Espanha,bem como dos recursos mineiros que alimentavam essas indústrias. Do outro lado o País Basco, com uma tradição de vontade independentista. Os bascos eram governados pelo PNV,cujo chefe,José António Aguirre,detinha a chefia das forças armadas,apesar da sua impreparação militar.Tinham os bascos em seu favor apoio naval no Cantábrico,remetido por Prieto para estimular a vontade de resistência de Bilbau,não fosse ocorrer o caso de San Sebastian (rendição sem confronto),uma topografia acidentada,e o Cinturão de Ferro,à volta de Bilbau,um conjunto de fortificações defensivas ,alegadamente intransponíveis---apesar de um dos responsáveis pelo projecto,Goicoechea,têr debandado para os nacionais com o referido projecto.O general Mola desencadeia a segunda fase da campanha da Biscaia entre os dias 20 e 30 de Abril de 1937,com os objectivos imediatos nas cidades de Durango e Guernica,ficando Bilbau dependente da capacidade defensiva do Cinturão de Ferro.A lenda de Guernica desencadeou uma repercussão a nível mundial,inflamando as consciências horrorizadas com um bombardeamento aéreo de civis desarmados a que não foi alheia a imprensa noticiosa com informações desencontradas (e por vezes inventadas).O que diz então a"lenda" que chegou aos ouvidos da opinião pública: Guernica era uma cidade aberta de 7 000 habitantes,onde por ser 2ª feira,dia de mercado,a população chegou a 10 000 pessoas.Guernica não era objectivo táctico,sendo o ataque executado exclusivamente pelos alemães da Legião Condor.O ataque aéreo durou 3 horas e nas ruas os civis foram metralhados.A destruição foi justificada por um uso de bombas explosivas e incendiárias e o nº de mortos oscilava entre 1 654 e mais de 3 000 segundo outros.
A realidade comprovada é de que o conjunto urbano de Guernica-Luno no último censo era de 4 194 a que há que descontar 400 rapazes no serviço militar,quase todos fora da cidade.Havia duas fábricas de armas e de explosivos para a aviação e marinha,e várias instalações militares com perto 2 000 homens.Ao que parece houve uma feira em Guernica,que foi encerrada às 13 horas,ocorrendo o ataque às 16 e 30.As ruas estreitas de Guernica não permitiam metralhamento de civis,o que não podia têr ocorrido.O ataque foi iniciado por aviões Savoia-Marchetti SM-79 (outra correcção)pois a legião condor nunca teria meios de executar um bombardeio de saturação durante 3 horas---no máximo alguns minutos. Vários pilotos alemães e italianos refutaram a tese de "experiência" garantindo que os explosivos lançados eram do lote geral.O que contudo gerou mais estupefacção foi os números desencontrados de vítimas publicados na imprensa mundial. O historiador Jesus Salas Larrazábal conferiu as listas de vítimas do ataque pelos enterros dos dias seguintes no cemitério local,incluíndo os falecidos no Hospital de Bilbau,e ainda 25 corpos no refúgio de Santa Maria,e ainda 18 inscrições tardias,o que eleva a soma para 120.Feridos houve 30,e daí os falecidos não poderem ser muitos.
Resta o mistério de quem deu a ordem,para o ataque visto que o general Mola não a deu,e vasculhados os papeis dos principais envolvidos também nada se encontrou.
Uma última palavra para o Guernica de Picasso------quando se deu o ataque de Guernica já o artista tinha o quadro a meio,pelo que admito tenha alterado alguns pormenores para lhe dar um ar mais consentâneo com a guerra civil.
O governo republicano usou o quadro como bandeira da luta entre o bem e o mal.Picasso,por seu lado,continuou na campanha antifascista,e contráriamente ao que os ingénuos esperavam apresentou uma conta redonda com vários zeros à direita como preço da obra em questão.
CR