29/5/2007 01:54:00
Ciência: Seria ele o Branquinho da Beija-Flor? Estudo genético com nove celebridades negras mostra que o sambista tem cerca de 67% de genes europeus e apenas 31% africanos. Já Daiane dos Santos é o protótipo da brasileira Rio - Quem poderia imaginar que Neguinho da Beija-Flor teria mais genes europeus do que africanos? Como prever que a ginasta Daiane dos Santos apresentaria 40,8% de ancestralidade européia? Uma pesquisa que analisou o DNA de nove celebridades negras surpreendeu quem pensava que a cor da pele é um indicador dominante de ancestralidade e mostrou que as aparências enganam.
O código genético do sambista apontou que cerca de 67% dos seus genes são europeus, 31% são africanos e apenas 2% são ameríndios. O resultado o espantou: “Sessenta e sete por cento é estranho, né? Europeu, eu? Um negão desse?”, brincou o puxador. Segundo ele, os resultados apontaram que seus genes europeus vieram da Bélgica e da Dinamarca. “Daqui a pouco vão querer que eu seja o Branquinho da Beija-Flor e de branco eu não tenho nada”, continuou.
O DNA de Daiane dos Santos não nega, a ginasta é o protótipo da brasileira. Com 39,7% de ancestralidade africana, 40,8% européia e 19,6% ameríndia, a atleta apresenta proporções equilibradas entre os três principais grupos que deram origem ao povo brasileiro.
Apesar da surpresa, Daiane considerou o resultado uma amostra do que é a sua família. “A parte da família da minha mãe é muito estranha. Tem primo louro, índio, ruivo, negro. É tudo misturado. É igual ao Brasil, ninguém é puro de nenhum lugar, é uma mistura de raças”, explicou a ginasta. O alto percentual de ancestralidade européia da atleta também deixou sua irmã surpresa. “Européia?” perguntou, com certa desconfiança.
A pesquisa, encomendada pela BBC Brasil, examinou as ancestralidades paterna, materna e genômica de alguns negros famosos. Além do sambista e da ginasta, o jogador rubro-negro Obina, a cantora Sandra de Sá, a atriz Ildi Silva, o líder religioso Frei David Santos e os cantores Milton Nascimento, Djavan e Seu Jorge participaram do estudo.
A análise apontou que o Brasil é a expressão da miscigenação racial. De acordo com o professor de Harvard Henry Louis Gates Jr., o Brasil tem a “cara do futuro”. A miscigenação ao redor do mundo fará com que as pessoas descendentes de um único grupo genético sejam cada vez mais raras.
Os altos índices de genes vindos da Europa foram os dados mais surpreendentes da pesquisa. Mas toda essa miscigenação não é exclusividade das celebridades estudadas. De africano, índio americano e europeu todo brasileiro tem um pouco.
Outra pesquisa, realizada pelo geneticista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais Sérgio Pena explicou o porquê de uma população tão miscigenada. A análise genética de 120 negros brasileiros mostrou que a metade dos indivíduos tem pelo menos um ancestral europeu por parte de pai e que 85% têm conjuntos de seqüências genéticas africanas por parte de mãe.
:idea:
DNA de negros famosos retrata Brasil mestiçoE no caso da população "caucasóide" brasileira...
Os portugueses deixaram forte influência genética na população brasileira.Os brancos autodeclarados compõem cerca de 49,9% da mesma, somando cerca de 93 milhões de indivíduos.[21] Estão espalhados por todo o território brasileiro, embora a maior concentração esteja no Sul e Sudeste do Brasil. Consideram-se brancos os descendentes diretos ou predominantes de europeus e de outros povos de cor branca.
Uma pesquisa realizada com mais de 34 milhões de brasileiros, dos quais quase vinte milhões se declaram brancos, perguntou a origem étnica dos participantes de cor ou raça branca. A maioria apontou origem brasileira (45,53%). 15,72% apontou origem italiana, 14,50% portuguesa, 6,42% espanhola, 5,51% alemã e 12,32% outras origens, que incluem africana, indígena, judaica e árabe.[22]
Os números condizem fortemente com o passado imigratório no Brasil. Entre o final do século XIX e início do século XX, sobretudo após a Abolição da Escravatura, o Estado brasileiro passou a incentivar a vinda de imigrantes para substituir a mão-de-obra africana. Entre 1870 e 1951, de Portugal e da Itália chegaram números próximos de imigrantes, cerca de 1,5 milhão de italianos e 1,4 milhão de portugueses. Da Espanha chegaram cerca de 650 mil e da Alemanha em torno de 260 mil imigrados. Os números refletem as porcentagens das origens declaradas pelos brancos brasileiros.[23]
Imigrantes italianos em fábrica paulistana. Atualmente 28 milhões de brasileiros descendem de italianos.É notório, porém, que quase metade dos brancos pesquisados declararam ser de origem brasileira. É explicável pelo fato de a imigração portuguesa no Brasil ser bastante antiga, remontando mais de quinhentos anos, fato que muitos brasileiros brancos desconhecem tais origens por já terem suas famílias enraizadas no Brasil há séculos.[24]
Se se considerar os brancos que se afirmaram de origem brasileira como descendentes remotos de portugueses, 60,03% da população branca do Brasil é de origem portuguesa. Em suma, vivem em Portugal 10 milhões de portugueses e no Brasil 26 milhões de pessoas que se consideram etnicamente portuguesas e outras 41 milhões que são, provavelmente, de remota origem lusitana. Observando os muitos milhões de mestiços e negros brasileiros que também possuem antepassados portugueses, é clara a extrema importância dos portugueses na formação étnica do povo brasileiro.
Presidente Lula e membros da comunidade ítalo-brasilera durante a Festa da Uva.Apenas 4,80% dos brancos brasileiros pesquisados afirmaram ter antepassados indígenas, enquanto somente 1,88% declararam ter antepassados negros africanos. Tais números, porém, não condizem com a realidade genética dos brancos brasileiros que possuem, na maioria dos casos, significante contribuição genética de índios e africanos, devido a séculos de miscigenação entre europeus, nativos e escravos negros.
Através de um importante mapeamento genético, chegou-se a conclusão que o brasileiro de cor branca é descendente quase que exclusivamente de europeus do lado paterno (90%). Já no lado materno, apresenta uma intensa miscigenação: 33% de linhagens ameríndias, 28% de africanas e 39% de européias. Isso é explicado historicamente: no início da colonização, os colonos portugueses não trouxeram suas mulheres, o que acarretou no relacionamento entre homens portugueses com mulheres indígenas e, mais tarde, com as africanas. Em outras palavras, a maior parte dos brancos do Brasil tem 90% de suas linhagens paternas provenientes de homens da Europa, enquanto 60% de suas linhagens maternas eram indígenas ou africanas.[25]
Isso é explicado historicamente: no início da colonização, nem todos colonos portugueses trouxeram suas mulheres, o que acarretou no relacionamento entre homens portugueses com mulheres indígenas e, mais tarde, com as africanas. As linhagens paternas e maternas permitem inferir o padrão de relacionamento no Brasil colônia: homens europeus (que controlavam o lugar) com mulheres européias e não européias. A absorção de ancestralidade indígena deu-se através de mulheres indígenas. O que aconteceu foi que muitos dos frutos dessas uniões iniciais vieram a se casar com recém chegados da Europa, dessa forma diluindo a contribuição não européia.[26]
O próprio Sérgio Pena, geneticista Brasileiro, foi testado (yDNA, linhagem paterna, R1b, européia; DNA mitocondrial, linhagem materna, ameríndia; mas a soma dos antepassados, sua ancestralidade autosômica revelou-se predominantemente européia, acima de 99%), e sua ancestralidade é praticamente inteiramente colonial, de Minas Gerais. Esse processo aconteceu em todo o Brasil. Em "O Feudo", Luiz Alberto Moniz Bandeira conta história similar: a história dos descendentes da indígena Paraguassu com o colonizador português conhecido como Caramuru. Todos os seus descendentes casaram-se com europeus que vieram em seguida, sendo que esse processo repetiu-se nas gerações seguintes. Em "São Paulo no século XVI", Afonso de Escragnolle Taunay tem um capítulo inteiro dedicados às mulheres européias que vieram ao Brasil colônia (o que está amplamente demonstrado; como exemplo cite-se Genebra Leitão de Vasconcelos, esposa de Antonio de Oliveira, bem como Margarida Correa, esposa de Antonio Vaz Guedes, que vieram ao Brasil no séc. XVI), o que já havia sido demonstrado por Frei Gaspar da Madre de Deus e também por Pedro Taques de Almeida Paes Leme.
A herança européia é a dominante, por volta de 80% do patrimônio genético da população (chegando a 90% na região sul do país) .[18]
De acordo com outro estudo, os Brasileiros, como um todo, e de todas as regiões, e independentemente de aparência ou classificação pelo censo, estão bem mais perto dos Europeus do que dos Euroindígenas do México, e dos Africanos, do ponto de vista genético.[19][/quote]