Bolívia quer novo tratado com Chile para acessar o mar
O ministro do Exterior da Bolívia, Juan Ignacio Siles, disse que seu país quer negociar um novo tratado de fronteiras com o Chile “que permita ter acesso ao mar”.
Siles fez a declaração às vésperas do centenário, comemorado nesta quarta-feira, do chamado Tratado de Paz e Amizade, firmado depois de uma guerra entre os dois países.
O ministro disse que o tratado que será buscado agora “desta vez, sim, será de paz e amizade”.
Na guerra travada no final do século 19, a Bolívia, que lutou em aliança com o Peru, perdeu 120 mil km² de seu território, incluindo 400 km de faixa litorânea.
Ânimo construtivo
Siles qualificou o acordo de 1904 de “ignominioso, profundamente injusto e profundamente não-solidário, de um país que venceu a outro”.
Por sua vez, o ministro do Exterior do Chile, Ignacio Walker, disse que seu país está recebendo o centenário do tratado com uma postura “sóbria” e um “ânimo construtivo”.
O presidente boliviano, Carlos Mesa, vai comparecer ao Congresso do país nesta quarta-feira para participar de atos que lembram os cem anos do tratado.
Na terça-feira, Mesa disse que a Bolívia vai levar adiante sua reivindicação de ter acesso ao mar.
Segundo Siles, o país poderia usar a venda de gás natural ao Chile como um elemento de futuras negociações.
O centenário do tratado acontece no momento em que Chile e Bolívia vivem uma polêmica relacionada ao porto chileno de Arica, por onde exportadores bolivianos despacham boa parte de seus produtos.
A Bolívia quer que o Chile revise sua decisão de privatizar o embarque e desembarque de cargas no porto – medida que, segundo os bolivianos, viola os termos do tratado de 1904.