Mas com um deslocamento de 16.000 toneladas este navio é maior que um LPD de dimensões médias...
Afinal, o que diabo é que caracteriza um mega-navio ... ?
Não podemos afirmar uma coisa, e depois o seu exato contrário.
O que caracteriza o LPD de um mega-navio, é, não a sua dimensão em si, mas o custo de aquisição, o custo de operação e manutenção, e o tamanho da guarnição necessária. Numa Marinha que ao que parece, não há qualquer intenção de reverter a obsolescência de meios, um LPD seria, neste momento, um elefante branco a absorver a pouca verba que a Marinha tem, que nem para o que já possui chega (défice de 30 ou 40% anualmente).
É também um mega-navio, porque serve para inflacionar egos de quem manda, um pouco à semelhança do "cargueiro estratégico KC-390".
A Espanha tem uma percentagem da população em pontos remotos maior que Portugal (às vezes esquecemos isso) mesmo em termos proporcionais. Ou seja, grosso modo, há sete espanhóis em ilhas para cada português.
Os espanhóis naturalmente podem dar-se ao luxo (luxo, ou absoluta necessidade) de possuir alem de LPD's e LHD's outros navios que complementam aqueles.
O Ro-Ro espanhol, faz parte do Exército. O navio executa primariamente transporte de material. Eles não têm LHD para dar apoio aos seus arquipélagos. Possuem para conseguir manter um PA, que de outra forma, perderiam essa capacidade. Eles têm ainda o acréscimo da construção nacional da quase totalidade da sua frota, por isso, quantos mais fizerem, mais lucro.
Os países europeus têm um enorme deficit no que respeita a capacidade de transporte militar. Em qualquer circunstância, a Europa está sempre dependente dos Estados Unidos. Daí a importância de equipamentos que possam reduzir essa dependência.
Os países europeus têm défice de quase tudo. Ironicamente, um dos meios em maior défice, são os submarinos e não navios logísticos. Mais uma vez, numa situação de guerra a sério, que exija uma capacidade logística tremenda, nenhuma Marinha do mundo ficará dependente dos seus navios logísticos. É simplesmente impossível porque nunca serão suficientes para enfrentar qualquer coisa que se pareça com um conflito de larga escala.
Em Portugal, se tivermos um navio para cada coisa, o que inevitavelmente acontece é que a maioria deles ficará a maior parte do tempo parado e a enferrujar.
Um só navio como um LPD, que evidentemente não pode servir para ir para a guerra ao mesmo tempo que vai servir de navio hospital - é um navio logístico, não um navio mágico - deveria manter-se operacional, permitindo ao país possuir um meio que pudesse ser utilizado imediatamente...
E não precisam de me dizer que um navio quando está em reparação está inoperacional...
Pois, isto de obrigar um navio do preço de um LPD e com a guarnição que leva, e com os custos associados à sua manutenção, a ficar atracado o ano inteiro "para o caso de", faz todo o sentido.

Certamente é melhor opção do que ter 2 ou 3 navios com capacidade mais pequena (XO, LST, ou XO + RO-RO), mas com uma taxa de disponibilidade muito maior, sendo perfeitamente possível ter pelo menos 1 deles disponível a tempo inteiro.
Relembrem-me lá qual o motivo de não se optar por outras alternativas ao LPD? De frisar que o LPD só lhes ganha, em capacidade de carga e de certa forma em capacidade hospitalar. Mas se ao preço de um LPD, se comprarem 2 LST de 120 metros, os LST em conjunto já transportam mais que o LPD...
Uma coisa é pedirmos ajuda quando os nossos navios estão em reparação, outra é pedirmos ajuda porque não temos nada.
Uma coisa é pedir ajuda para safar numa situação de desastre, de cariz imprevisível e que pode acontecer a qualquer um, sendo habitual os países ajudarem-se mutuamente. Outra é ter que depender de terceiros, e que estes dêem a vida, para defender o nosso país, porque não quisemos investir nem sequer no mais básico dos meios de combate, como fragatas.
Convém também relembrar que, só com sorte é que acontece um desastre em Portugal, em o então nosso único LPD seria suficiente para responder. Regra geral, é sempre preciso mais (ou muito mais). A diferença aqui é que, podemos ter o fantástico LPD grande, gordo, feio, caro e que precisa de muita gente para operar, ou podemos ter outras opções mais baratas (LST ou Ro-Ro convertido) ou mais versáteis (XO) (ou até uma combinação destes meios).
Acrescentar só que, no caso de algo mais compacto como os LST, o facto de serem navios bem mais simples e com guarnição mais reduzida (menor até que a de um NPO), até seria possível, em teoria, ter 1 em permanência em cada arquipélago. Até para um contexto de construção nacional, seria mais lógico mandar construir 2 ou mesmo 3 LSTs com 100/120 metros, do que um único LPD em Portugal, que é um tipo de navio que se não se construía mais nenhum, perdendo-se o know-how.
A minha preferência continua a ser o XO, por proporcionar capacidade logística e de escolta ao mesmo tempo, não tendo limitações de velocidade como os LST ou LPD. Mas 2 LSTs e o resto da Marinha seguir o rumo de 4 ou 5 fragatas convencionais, também era bom.
Uma marinha minimamente operacional, precisa de meios com alguma capacidade e nos dias de hoje, só conta quem tem navios com alguma capacidade. Navios que possam ser utilizados tanto para operações civis como militares.
Capacidade de quê? Uma Marinha operacional precisa de navios com capacidade de combate contemporânea, sim. Uma Marinha de Guerra que abdica de ter capacidade de combate moderna, mas ambiciona ter capacidade logística equivalente ao de países vizinhos muito mais ricos (e que possuem uma Marinha completa), nunca será uma Marinha operacional.
Mais uma vez, o que se observa é resistência a alternativas (que existem) ao LPD. Que por alguma razão estranha, é o único meio que se fala em adquirir, que tem que ser "topo de gama"/igual aos dos outros países mais ricos. Se ao menos se aplicasse a mesma regra para outros equipamentos nas FA.

Quem já tem esses meios, pode complementa-los, porque já tem o que é essencial. Nós, que não temos nada, olhamos para os complementos dos outros e achamos que aquilo serve para ser o nosso essencial...
O nosso essencial não é muito diferente de outros países. Com a diferença que nós, uma nação "marítima", devíamos ter uma Marinha muito melhor equipada do que aquilo. Quando se prefere destruir o que resta de uma Marinha que já por si só já era uma Marinha de "mínimos", só para tentar forçar a compra de um LPD, então estamos a fazer as coisas terrivelmente mal. Estamos armados em "meninos grandes" na questão do do LPD, e armados em criancinhas no resto. Isto é que é ter dois pesos e duas medidas: NPOs desarmados - Mega LPD. 8 e 80. Atira-se a ideia de uma Marinha equilibrada pela janela?
As duas fragatas que teriamos dificuldade em pagar, poderiam ser navios mais poderosos que o que alguma vez tivemos em Portugal, da mesma maneira que, os dois submarinos U209PN dão ao pais mais capacidade militar que o que alguma vez tivemos na força de submarinos, mesmo durante os cerca de cinco anos em que tinhamos quatro submarinos novos ao serviço.
Não podemos afirmar que uma marinha com apenas duas fragatas não seria uma marinha capaz, e depois afirmar que a capacidade logística dessa marinha, nem precisa existir, porque para isso existem meios civis...
O raciocinio não bate certo.
Ora se comprássemos fragatas novas, que não fossem superiores às anteriores, alguma coisa estava mal. Não é muito difícil construir fragatas melhores que as nossas.

Agora, apenas 2 navios, é simplesmente absurdo, quando já sabemos que até mesmo 4 ou 5, já é pouco. Mas estamos esquecidos que para escoltar o mega fantástico LPD, uma só fragata não chegaria? A não ser que estejamos a falar de ter um par de Sejong the Great ou do futuro DDGX italiano, navios esses com capacidades impressionantes (e mesmo assim, sendo só 2, as limitações seriam óbvias), uma só fragata como escolta vale praticamente zero.
Mas mais uma vez, andam todos a querer aumentar a sua frota de navios combatentes, e aqui iríamos no sentido contrário, como sempre.

O que não bate certo é achar que uma Marinha não consegue ter capacidade logística, se não tiver especificamente um LPD. Como se uma Marinha verdadeiramente completa e equilibrada, com um AOR decente, mais um par de XO139 ou um par de LST, não dava já uma capacidade logística bem interessante.
Agora imaginem dizer não a uma futura Marinha Portuguesa que viesse a ter 1 AOR + 1 Ro-Ro + 2 XO + 3 fragatas, mas dizer sim a uma Marinha com 1 LPD + 2 fragatas + 4-6 OPV ASW.