Raptavam pessoas para lhes extrair gordura
A polícia peruana desmantelou uma organização criminosa que raptava pessoas para lhes extrair gordura. O gangue operava numa zona remota da selva e são suspeitos de matar mais de 60 pessoas em rituais macabros. As vítimas eram raptadas e esquartejadas para lhes retirarem gordura que, depois, era vendida.
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Tráfico de gordura humana no Peru era invenção da políciaO caso chocou o mundo, com autoridades a denunciarem que um grupo matava pessoas para lhes tirar a gordura e exportá-la para a Europa
Há duas semanas, o mundo ficou a conhecer a lenda andina dos pishtacos, um grupo de vampiros brancos que degolavam as pessoas para comer a sua carne e vender a sua gordura. Tudo porque foi anunciada a detenção no Peru de quatro pessoas que teriam sequestrado e morto um número indeterminado de camponeses para extrair a gordura dos seus corpos e vendê-la ao mercado europeu de cosméticos por 15 mil dólares o litro. Afinal, era mentira.
O chefe da Direcção de Criminalidade do Peru, Eusebio Félix Murga, foi afastado temporariamente do seu cargo depois de ter alegadamente inventado o caso dos "Pishtacos de Huallaga". Foi ele a dar a cara na conferência de imprensa de 19 de Novembro que revelava a detenção dos quatro homens, alegando que o grupo podia ter sido responsável pela morte de mais de 60 camponeses naquela região. Foi até mostrada uma garrafa de Inca Kola onde estaria a gordura de uma das vítimas.
O próprio ministro do Interior do Peru, Octavio Salazar, comentou a notícia e agora, de acordo com a oposição, perdeu completamente a legitimidade para continuar a exercer o cargo. Os deputados exigem por isso a sua presença no Parlamento para que explique o caso. De acordo com o diário Peru 21, a história dos pishtacos mostrou ao mundo os peruanos como uma tribo de selvagens.
"Provou-se no final o que todos dizíamos: que era uma absurda e absoluta invenção por parte da polícia, que foi difundida e assumida como certa pelo ministro do Interior", explicou o antigo vice-ministro do Interior, Carlos Basombrío, citado pelo mesmo jornal.
Na notícia original, descrevia- -se ao detalhe a forma como o grupo actuava, como uma espécie de irmandade religiosa. O mecanismo que alegadamente usavam era mórbido. Num "laboratório" localizado numa região isolada, a vítima seria decapitada, os seus membros amputados e os órgãos internos retirados. Depois, o tórax seria pendurado num gancho metáli- co e coberto com um plástico. Por baixo do corpo seriam acesas velas, de forma a produzir o calor necessário para libertar a gordura.
A polícia explicou então que o produto era filtrado e vendido a intermediários em Lima, que o enviariam para o estrangeiro, nomeadamente a Europa. Na altura em que os quatro membros do grupo foram detidos, teriam consigo 17 litros de gordura e a polícia garantia ter provas da morte de uma pessoa, Abel Matos, de 27 anos.
Segundo a agência Reuters, que cita a polícia de Huanuco, Abel Matos terá sido a única vítima do grupo que não se dedicava ao tráfico de gordura humana. O crime estaria relacionado com o tráfico de droga. A polícia acha que os alegados assassinos - que continuam detidos - teriam engarrafado a gordura para intimidar traficantes rivais.
O chefe da polícia peruana, Miguel Hidalgo, anunciou também a abertura de um inquérito disciplinar aos outros polícias que participaram no caso. Se se provar que houve negligência, prometeu aplicar as respectivas sanções. "Este caso está a gerar uma série de comentários e opiniões. Isto afecta a imagem da instituição e o prestígio da polícia de investigação criminal", acrescentou.
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DN