Marinha Portuguesa no século XV e XVI

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Torgut

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« Responder #15 em: Agosto 22, 2008, 12:02:29 pm »
A existência de viagens mantidas no secretismo tem sido um dos elementos de grande polémica entre a comunidade historiográfica portuguesa. Já o era quando tirei a licenciatura em História há 20 anos, e continua a ser. Provavelmente a questão nunca será aclarada, pelo que se manterá para sempre na área das suposições. O que se sabe é que a práctica da espionagem era bastante desenvolvida, nomeadamente entre os reinos de Portugal e Castela, travando-se verdadeiras batalhas de bastidores para a obtenção de informações.
 

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legionario

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« Responder #16 em: Agosto 22, 2008, 08:16:02 pm »
Caro Torgut, vi aqui num programa em França que no tempo das descobertas Portugal editava mapas do mundo falsos para induzir em erro a concorrencia...sabe algo sobre isto ?
"De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens"
António Ferreira Gomes, bispo
 

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Cabecinhas

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« Responder #17 em: Agosto 22, 2008, 10:12:45 pm »
8O livro escrito por um jornalista australiano faz referência a isso. O nome do livro é "Para além de Capricórnio", senão me engano o sr. "Luso" já fez um post onde aconselha a sua leitura.
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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legionario

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« Responder #18 em: Agosto 22, 2008, 10:30:58 pm »
Obrigado Cabecinhas ;)
"De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens"
António Ferreira Gomes, bispo
 

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Torgut

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« Responder #19 em: Agosto 22, 2008, 11:23:45 pm »
Citação de: "legionario"
Caro Torgut, vi aqui num programa em França que no tempo das descobertas Portugal editava mapas do mundo falsos para induzir em erro a concorrencia...sabe algo sobre isto ?


Creio que já li também algo sobre isso, mas a minha memória já não é o que era.... se for mesmo importante posso investigar a disponibilizar mais detalhes posteriormente.
 

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André

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« Responder #20 em: Agosto 23, 2008, 12:53:29 am »
Citação de: "Torgut"
Citação de: "legionario"
Caro Torgut, vi aqui num programa em França que no tempo das descobertas Portugal editava mapas do mundo falsos para induzir em erro a concorrencia...sabe algo sobre isto ?

Creio que já li também algo sobre isso, mas a minha memória já não é o que era.... se for mesmo importante posso investigar a disponibilizar mais detalhes posteriormente.


Um dos mais famosos navegadores portugueses ao serviço de França, João Afonso, que ficará conhecido como Jean Alfonse, que segundo o próprio acompanhou Vasco da Gama na sua primeira viagem à Índia, e possivelmente fez a viagem secreta de exploração com Cristovão de Mendonça à Ilha do Ouro (Austrália) e à Ilha do Mogno (Nova Zelândia) e que acompanhou Jacques Cartier na sua viagem de exploração ao Canadá diz no seu roteiro, que foi um grande sucesso na altura em França, diz que a Austrália fica no hemisfério Português quando na verdade ficava no hemisfério Castelhano. O autor de Para além de Capricórnio afirma que Jean Alfonse possivelmente seria um agente duplo ao serviço de Portugal de D.João III ...  c34x  :wink:

 

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Cabecinhas

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« Responder #21 em: Agosto 23, 2008, 01:40:48 am »
Citação de: "André"
Citação de: "Torgut"
Citação de: "legionario"
Caro Torgut, vi aqui num programa em França que no tempo das descobertas Portugal editava mapas do mundo falsos para induzir em erro a concorrencia...sabe algo sobre isto ?

Creio que já li também algo sobre isso, mas a minha memória já não é o que era.... se for mesmo importante posso investigar a disponibilizar mais detalhes posteriormente.

Um dos mais famosos navegadores portugueses ao serviço de França, João Afonso, que ficará conhecido como Jean Alfonse, que segundo o próprio acompanhou Vasco da Gama na sua primeira viagem à Índia, e possivelmente fez a viagem secreta de exploração com Cristovão de Mendonça à Ilha do Ouro (Austrália) e à Ilha do Mogno (Nova Zelândia) e que acompanhou Jacques Cartier na sua viagem de exploração ao Canadá diz no seu roteiro, que foi um grande sucesso na altura em França, diz que a Austrália fica no hemisfério Português quando na verdade ficava no hemisfério Castelhano. O autor de Para além de Capricórnio afirma que Jean Alfonse possivelmente seria um agente duplo ao serviço de Portugal de D.João III ...  c34x  :? )
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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André

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« Responder #22 em: Agosto 23, 2008, 02:43:02 am »
Citação de: "Cabecinhas"
Citação de: "André"
Citação de: "Torgut"
Citação de: "legionario"
Caro Torgut, vi aqui num programa em França que no tempo das descobertas Portugal editava mapas do mundo falsos para induzir em erro a concorrencia...sabe algo sobre isto ?

Creio que já li também algo sobre isso, mas a minha memória já não é o que era.... se for mesmo importante posso investigar a disponibilizar mais detalhes posteriormente.

Um dos mais famosos navegadores portugueses ao serviço de França, João Afonso, que ficará conhecido como Jean Alfonse, que segundo o próprio acompanhou Vasco da Gama na sua primeira viagem à Índia, e possivelmente fez a viagem secreta de exploração com Cristovão de Mendonça à Ilha do Ouro (Austrália) e à Ilha do Mogno (Nova Zelândia) e que acompanhou Jacques Cartier na sua viagem de exploração ao Canadá diz no seu roteiro, que foi um grande sucesso na altura em França, diz que a Austrália fica no hemisfério Português quando na verdade ficava no hemisfério Castelhano. O autor de Para além de Capricórnio afirma que Jean Alfonse possivelmente seria um agente duplo ao serviço de Portugal de D.João III ...  c34x  :? )


Fernão de Magalhães ...  :wink:  A sua traição foi em grande parte culpa do próprio D.Manuel I, que não reconheceu nem valorizou a coragem e os feitos de Magalhães na Índia (Batalha de Diu) e em Marrocos (Conquista de Azamor) ao serviço de Portugal ... Enfim mais um monarca Português com manias, gastando mais em luxo e ostentação do que na valorização e recompensa do seus súbditos que mantinham e aumentavam o Império Português ...  :roll:

 

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wilton pacheco

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« Responder #23 em: Agosto 23, 2008, 12:45:48 pm »
Em 1505, aos 25 anos, é citada a primeira viagem de Fernão Magalhães para as Índias. Alguém sabe onde estaria ele antes disso? Como a história é rica, a tantos encantos a serem explorados, não?
Muitas vezes sinto falta de estar na Europa, estando no Brasil tenho mais acesso a livros brasileiros, é claro. E a alguns estrangeiros que por sorte são deixadas nas bibliotecas.
Por sorte agora temos a internet, os foruns, os blogs, wikipédia. Mesmo que nada substitua um bom livro, essas ferramentas fornecem pistas para sabermos o que existe. Antes de ter a resposta, mais importante ter as perguntas. :D  
Mais um autor que conheci através deste fórum, Arkan Simaan.
http://arkan-simaan.blogspot.com/2007/0 ... ateur.html
Em relação a esta gravura:
""
Estou fazendo uma reconstrução num desenho a partir de outras e de como Lisboa se encontra atualmente. Em cima de um monte aparecem duas torres dentro de uma fortificação. O castelo de Belmont, no caso teriam torres altas? Isso era comum no século XV e XVI, mas tais torres parecem ter desaparecido em toda a cidade a partir do terremoto. Também pode ter sido uma idealização dos artistas da época para mostrar uma Lisboa renascentista e gloriosa.
Se não tiver resposta continuarei desenhando elas como se existissem realmente tentando colocar nas suas coordenadas deduzindo a partir das gravuras anteriores ao terremoto.
Nossa vida é tão breve. Por descuído, podemos passar por ela sem deixar uma pequena marca.
 

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André

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« Responder #24 em: Agosto 23, 2008, 01:40:06 pm »
Citação de: "wilton pacheco"
Em 1505, aos 25 anos, é citada a primeira viagem de Fernão Magalhães para as Índias. Alguém sabe onde estaria ele antes disso?

Citar
Segundo o livro Fernão de Magalhães, Para além do Fim do Mundo de Laurence Bergreen, Magalhães terá nascido em Sabrosa no distrito de Aveiro por volta de 1480, sendo filho de Rodrigo de Magalhães que prestava serviço como magistrado da Coroa no Porto de Aveiro e de Alda Mesquita.

Aos Doze anos, ele e o irmão Diogo de Sousa vieram para Lisboa, onde se tornaram pajens na corte real, onde aprendeu coisas muito utéis para as suas viagens como Matemática, Álgebra, Geometria, Astronomia e Esgrima. Devido à sua posição privelegiada na corte, Fernão atingiu a maioridade ouvindo falar das descobertas portuguesas e castelhanas. Ajudou mesmo a preparar as frotas que partiam para as difrentes zonas do Império, familiarizando-se com as provisões, apetrechos e as armas. Com a morte de D. João II e a subida ao trono de D. Manuel I que não confiava no jovem Fernão de Magalhães.

Só em 1505, depois de uma década de serviço anónimo no palácio, Fernão e Diogo de Magalhães receberam duplas nomeações numa enorme frota constituida por 22 navios sob o comando de Francisco de Almeida ...
      :wink:  c34x
« Última modificação: Agosto 23, 2008, 06:29:23 pm por André »

 

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wilton pacheco

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« Responder #25 em: Agosto 23, 2008, 05:43:42 pm »
Agradeço imensamente André. Acabas de me dar oportunidade de enriquecer a cena que desenharei D.Manoel I a decidir por Cabral, no lugar de Vasco da Gama. Vou reescrever, talvez colocando uma conversa entre os dois Pagens comentando a escolha do rei. Como não estou certo do porquê dessa escolha, ali passo a incerteza para a boca dos dois personagens que testemunham a preparação da segunda missão. Como tinha escrito anteriormente minhas desconfianças são:
1 Os templários financiaram boa parte da viagens. Por isso exigiram que um templário deveria comandar a esquadra.
2 Como eles tinham se refugiado do massacre covarde francês, tinham trazido muitas riquezas junto a Portugal, e os religiosos lusos os acolherem muito bem. Então, o clero exigiu que alguém da ordem, por ter uma linha religiosa e ser voltado a ação, assumisse o cargo.
3 Vasco da Gama, de tantas lidas no mar, se tornara um homem bruto, e por isso, D. Manuel acreditava que a isso se devia seu fracasso nas relações comerciais com o Samorim. Logo a escolha mais interessante seria um nobre, neto de um grande guerreiro e heróis português, culto e com mais capacidade de representar a nobreza portuguesa.
Nossa vida é tão breve. Por descuído, podemos passar por ela sem deixar uma pequena marca.
 

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André

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« Responder #26 em: Fevereiro 08, 2009, 01:29:51 pm »
Historiador brasileiro nega existência da Escola de Sagres



A escola de navegação de Sagres jamais existiu, sendo apenas um mito construído pelo fervor nacionalista da historiografia portuguesa do período romântico do século XIX.

A tese é do historiador brasileiro Fábio Pestana Ramos, no seu mais recente livro «Por Mares Nunca Dante Navegados», resultado de dois anos de investigação em diversas bibliotecas de Portugal e do Brasil.

«Não há prova factual, como vestígios arqueológicos ou documentos originais, que possam comprovar a existência de uma escola em Sagres», afirmou à agência Lusa o historiador, neto de portugueses da Ilha da Madeira.

Pestana Ramos salientou que as citações sobre a escola de Sagres, supostamente criada pelo Infante D. Henrique para desenvolver tecnologias náuticas, são baseadas apenas numa fonte inglesa.

«Na verdade, as citações são baseadas num único mapa de um pirata inglês que registou algumas construções em Sagres na época, nada referente à existência de uma escola de navegação», disse.

No século XIX, o historiador português Oliveira Martins teria utilizado a existência de Sagres «na construção romântica de uma identidade portuguesa que incluía o amplo domínio de tecnologias náuticas».

«De facto, existiu apenas a introdução de algumas disciplinas náuticas na Universidade de Lisboa pelo Infante D. Henrique», afirmou o historiador.

A tese da inexistência de Sagres já foi defendida também pelo historiador brasileiro Thomaz Marcondes de Souza, em 1953, e pelo português Luís de Albuquerque, em 1990.

O livro do historiador brasileiro, ainda sem previsão de lançamento em Portugal, aborda a aventura das navegações, a motivação dos portugueses ao embarcar, a difícil vida nas travessias e a chegada em África, Índia e no Brasil.

Tempestades, calmarias e naufrágios criavam um inferno a bordo, com uma luta desesperada pela sobrevivência, enquanto o desembarque em terras desconhecidas também representava grande perigo.

O historiador salientou que era comum a utilização de crianças nos navios, dada a falta de mão-de-obra adulta, inclusive para os trabalhos mais pesados.

Como eram sinal de mau agouro, as mulheres viajavam disfarçadas de homens, o que não evitava a ocorrência de violações, muitas vezes colectivas.

«Uma mulher a bordo era sempre um foco de tensão, motivo de grande transtorno, no meio de uma tripulação maioritariamente masculina, talvez por isso era considerada símbolo de azar», afirmou.

As mulheres violadas colectivamente por um grupo de marujos eram consideradas culpadas pelo crime de incitação e encarceradas em prostíbulos, logo após o desembarque no Brasil.

«Por essa razão, muitas mulheres violadas colectivamente preferiam não denunciar o facto para não correr o risco de passar o resto da vida trancada num prostíbulo», afirmou.

A maioria dos embarcados satisfazia os seus desejos sexuais com outros homens, em relações consumadas pela força ou pela hierarquia, que obrigava os mais humildes a satisfazer as vontades dos superiores.

O historiador sustenta a tese de que, ao contrário da historiografia tradicional, o Brasil não era visto como o «paraíso, terra de oportunidades» pelos portugueses.

«O Brasil era considerado um inferno, um purgatório, para onde eram enviados os excluídos da sociedade portuguesa, como prostitutas, ciganos e servos que fugiam da vida servil», afirma.

A visão de um Brasil paradisíaco também faz parte da construção histórica de uma identidade brasileira, num processo semelhante ao que representou o mito da Escola de Sagres para Portugal.

Por ser considerado um verdadeiro purgatório, os portugueses nascidos no Brasil sofriam grande preconceito ao regressar a Portugal, principalmente nos séculos XVI e XVII.

«Eram chamados de "reinol", uma espécie de cidadão de segunda linha, coisa que não acontecia com os portugueses que nasciam em África, por exemplo», comparou.

Muitos marinheiros conseguiam sobreviver aos naufrágios e passavam a viver entre os nativos, no início da colonização brasileira, apesar das doenças tropicais ou do bicho-de-pé, um das maiores preocupações dos portugueses.

O historiador também contesta a tese de que o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral, em 1500, a partir de análise de documentos da época.

«Na minha opinião existe uma grande possibilidade de o Brasil ter sido descoberto por Bartolomeu Dias ou por outro navegador português, entre 1488 a 1497», afirmou.

«Esse foi um período de intenso descortinar de novas rotas marítimas, que não podiam ser reveladas para não cair nas mãos dos ingleses ou dos espanhóis», concluiu.

Lusa