Petróleo em português

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dremanu

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Petróleo em português
« em: Junho 04, 2004, 03:37:57 pm »
Jornal de Negócios
Terça-feira, 2 de Junho de 2004
Editorial

Petróleo em português

Por Sérgio Figueiredo

Queira ou não, com Sábios ou sem eles, não se livra o Governo de ter aprovado uma solução nacional-patriota para a Galp. Queira ou não, objectivamente dividiu os quatro candidatos em dois: os apurados (ambos portugueses) e os eliminados (ambos liderados por fundos de investimento estrangeiros).

O petróleo vai continuar português, embora não haja uma pinga de petróleo em território nacional.

E, para reunir toda a maralha debaixo da bandeira nacional, só falta juntar os trapinhos de uns aos dinheiritos de outros - e, voilá, cá temos um genuníno Centro de Decisão Nacional para todo o sector petroquímico.

Não constitui propriamente uma surpresa esta «solução nacional». Aliás, o Governo, a começar pelo seu principal responsável, o primeiro-ministro, nunca escondeu ser essa a sua preferência.

Mas sob a restrição de não ser ainda conhecido na íntegra o relatório dos Sábios - e essa é uma grandessíssima restrição - vamos partir do princípio que a credibilidade inquestionável daquelas três personalidades que chegaram a esta conclusão é suficiente.

Ou seja. Que a proposta da Luso-Oil cometeu, efectivamente, erros básicos de construção do modelo e que, conforme o relatório indica, obrigavam a sucessivos exercícios de contorcionismo e piruetas por parte do Estado. Nas leis.No fisco. Se calhar, até na Constituição.

E que este consórcio, que partiu com indiscutível favoritismo, fazia uma da «sociedade veículo» uma alavanca financeira que, como os Sábios também concluem, lesava os interesses da própria Galp e limitava a sua possibilidade de crescimento futuro.

O que dizer disto? Com a grande experiência acumulada pela Carlyle neste tipo de operações, em todo o mundo, como explicar erros tão primários? A morte do consórcio, a ser como os Sábios dizem, só pode ter uma origem: a soberba. A arrogante atitude de quem pensa que, num país ávido de capitais, tudo faz para os segurar.

Sobram os vencedores. E ficam muitas e muitas questões em aberto. Sim, porque, pela mesma ordem de razões, vamos partir do princípio que aqueles «três sábios» sabiamente decidiram em função do que é bom para a empresa, para o Estado e para o país.

E que não íam hipotecar o prestígio acumulado ao longo de uma vida, protegendo propostas mediocres e consórcios pernetas, só pelo facto de terem um BI cá da terrinha.

Assim, vamos certamente encontrar nas cinquenta e tal páginas de argumentos e razões, respostas para as seguintes dúvidas: a) o interesse dos activos da CUF para a Galp; e a que valor; b) e, não tendo interesse algum, onde vai o grupo Mello arranjar tanto dinheiro; c) e se foi tido em conta, para validação da proposta financeira da Petrocer, o dinheiro que não lhe pertence - ou seja, o encaixe que resulta da venda do gás natural...

Em suma, para abreviar as dúvidas: se têm os senhores Violas e Mello cabedal para uma empresa com uma dimensão superior às suas. Com certeza que sim. Porque, assim, não havendo sociedade veículo, é verdade, continua porém a alavancagem. Com uma agravante: será feita dentro da própria Galp.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Guilherme

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« Responder #1 em: Junho 04, 2004, 03:57:06 pm »
Portugal não possui petróleo nem mesmo em suas águas territoriais ?
 

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dremanu

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« Responder #2 em: Junho 04, 2004, 04:14:12 pm »
Não, não temos nenhum. Poucos países europeus o têm. Os unicos países que eu sei que têm petróleo na europa é a Holanda, a Grã-Bretanha, e a Noruega.  Vou pesquisar para ver se existem outros.
« Última modificação: Junho 04, 2004, 04:41:16 pm por dremanu »
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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« Responder #3 em: Junho 04, 2004, 04:36:45 pm »
A Roménia forneceu quase todo o petróleo que a Alemanha gastou durante parte da 2ª GM. O que não sei é se ainda produzem.

Quanto a Portugal, não tem pelo menos nada que valha a pena explorar. Já se fizeram algumas prospecções ao largo da costa entre Espanha e o Porto, pelo menos, mas acho que, se encontraram alguma coisa, não valia o custo de exploração.
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.