Bem, primeiro que tudo caro acpool claro que não chateia nada.
Mas parece-me que não me terei feito entender completamente, porque analisando as suas "criticas" ao meu post, parece-me que as nossas opiniões quanto a esta matéria são mais semelhantes do que o que possa parecer.
Passo a explicar:
Diz-me existirem menos de 3 centenas de Homens no CTOE, e que cerca de 80% destes realizam exercícios regularmente. Ora então já temos 20% que estão a mais, e não me estou a referir ao pessoal não OE que dá apoio à unidade, refiro-me a indivíduos que conheci e que depois de tirarem o curso pouco ou nada fizeram de operacionalmente relevante nos seus anos de contrato. Não fui OE mas também acredite que não estou a falar de cor.
Falou-se aqui no custo que um militar destes tem, ora parece-me então que, especialmente quando falamos de operações especiais, o número é o que menos importa, pelo que me parece fazer completo sentido reduzir as actuais "menos de 3 centenas" para algo na casa do que referi (100/120 Homens - mais arroba menos quintal) mas garantir que estes tenham uma formação e treino claramente acima da média e acima do treino que tem o militar "médio" de operações especiais português hoje em dia. Preferia inclusivamente que o seu número fosse ainda menor que o que sugiro desde que possuissem todas as qualificações que referi. Porque repare, dizer-me que estes homens treinam na serra da estrela para simular o ártico ou nas praias do rio douro para simular o deserto seria a mesma coisa que dizer (desculpe a provocação) que estão preparados para a guerra na selva porque treinaram no pinhal de Leiria. Eu sei que há oficiais que frequentam cursos na selva, no deserto ou no ártico e noutros ambientes com o objectivo de voltarem à sua unidade e transmitirem os conhecimentos aprendidos ou até, em caso de necessidade, orientarem unidades que tenham que operar nesses ambientes, mas isso, na minha opinião é muito pouco, dai que preferisse ver o número de operacionais reduzido em troca da possibilidade de treino completo em todas estas valências e outras, como o curso de pára-quedismo ou mergulho para TODOS os militares que constituissem o CTOE.
Eu não pretendo a extinção do CTOE e a sua substituição por outra unidade (pareceu-me que ficou com essa ideia), muito pelo contrário, o que eu sugeri foi que este fosse reduzido em número para que as capacidades da sua elite (GOE Alpha 1 e 2) pudessem ser aumentadas em número, e, sempre que possível, em qualidade. (porque estes Homens sabem muito mas podem sempre aprender mais...haja dinheiro)
Quanto às "criticas" que me colocou relativamente às sugestões que fiz no que diz respeito à selecção de pessoal, é essencialmente aqui que digo que talvez as nossas opiniões sejam mais semelhantes do que parece.
A ver: falou da falta de maturidade que possuem uma esmagadora fatia dos militares a prestar contrato no nosso país (fui militar e esse foi precisamente um dos factos que me deixou mais mal impressionado), pelo que não poderia estar mais de acordo quanto a essa questão. Contudo, esse facto não me parece pertinente para contrariar a sugestão que fiz de que só pudessem concorrer ao CTOE militares com um número mínimo de anos de serviço prestado (quanto tempo?? é discutível - 1, 2, 3 anos). Nenhum civil pode chegar a um centro de recrutamento e alistar-se directamente no DAE, na Companhia de Precurssores ou na UPF da FAP. Primeiro terá de alistar-se nas unidades que lhes estão relacionadas, e só depois de cumprir um número mínimo de tempo de serviço, com uma folha exemplar, poderá sequer pensar em juntar-se a elas. Não lhe parece que faria sentido que o mesmo fosse necessário para se entrar numa unidade que se quer a elite do Exército? Sendo que ainda para mais, se atendermos à minha proposta esta seria ainda mais reduzida e consequentemente "elitista". Mais, o facto de existir uma condição como tempo de serviço prestado para se poderem voluntariar, não passa de uma condição, isto é, não quer dizer que entrem. O que determinaria a entrada ou não do elemento seria como é obvio um programa/processo de selecção rigorosissimo. Logo um militar até poderia ter "20" anos de contrato nas pernas, se não revelasse as condições humanas, técnicas, físicas, psicológicas etc etc exigidas, ficaria à porta. Quanto a apontar as questões financeiras para o ingresso da maioria dos militares actuais, mais uma vez não poderia estar mais de acordo, contudo, eu pergunto o seguinte: se isso fosse válido para os candidatos com tempo de serviço, não seria válido para os que se alistassem directamente da vida civil nas operações especiais? Penso no entanto que no caso das operações especiais, por razões específicas da função essa questão coloca-se com menor relevância, ainda assim considero que se colocaria menos na minha proposta do que no modelo actual.
O mesmo se coloca para a proposta de qualquer candidato necessitar de possuir uma patente mínima (qual, mais uma vez, é discutível - 2º cabo, 1º cabo, cabo adjunto) pois pelo que me lembro os cabos fazem parte da classe dos praças, logo eu nunca pus de parte a classe de praças do modelo sugerido. Mais, o GOE Alpha 1 e 2 é constituido exclusivamente por militares (oficiais e sargentos) do QP, e como o QP não tem praças, parece-me mais exclusiva desta classe a actual estrutura. Mas também concordo consigo quando diz que o posto não determina a capacidade de um Homem mas, mais uma vez, é uma mera indicação, um afunilamento inicial da selecção porque, como lhe disse anteriormente, o processo de selecção é que avaliaria a aptência do indivíduo para a função a exercer.
Se me referi ao SAS foi por esta unidade ser de facto a referência mundial quando se fala de operações especiais - lembremo-nos que o próprio criador da Delta Force proferiu a célebre frase "no mundo das operações especiais existe o SAS e depois tudo o resto". Sugeri e justifiquei com o SAS por ter em tempos visto um documentário da BBC sobre eles em que eram apontadas pelo próprio SAS algumas características que, na opinião deles, faziam daquela unidade uma força tão bem sucedida. Essas características eram precisamente o facto de apenas aceitarem militares (não aceitarem civis), com um tempo mínimo de serviço numa unidade do exército britânico (se bem me lembro eram 2 anos..mas pode não ser..já não me lembro bem), só admitirem militares com a patente mínima de cabo (não me lembro que tipo de cabo). Isto porque, segundo o SAS, tal fazia com que a média de idades dos seus operacionais fosse maior que em outras unidades, o que consequentemente fazia com que fossem pessoas (em geral é claro)mais maduras, experientes (não só militarmente), mais convictas e determinadas; o facto de serem pelo menos cabos fazia com que tivessem alguma experiência prévia de comando de Homens; o facto de virem das mais diversas unidades e especialidades conferia ao SAS um cariz único de diversidade e multidisciplinariedade que podia ser empregue como em mais nenhuma unidade.
Quanto ao tempo de contrato, mais uma vez estamos de acordo, pois o que eu disse é que seria uma imbecilidade gastar tanto tempo e dinheiro a formar um militar de excepção para que depois ele só pudesse operar mais dois ou três anos. Foi por isso que sugeri também que neste caso, os contratos dos militares que constituissem esta unidade - O CTOE - pudessem ser ou aumentados em número de anos ou abrir a possibilidade de fazerem mais contratos. Sugeri inclusivamente que, uma vez que estariamos a falar certamente de um número reduzidíssimo de Homens, estes pudessem passar ao QP a partir do momento em que deixassem de poder actuar com todas as condições físicas.
Falei do SAS mas poderia falar de outras unidades como o KSK ou uma das que acho ser aquela da qual o nosso modelo mais se deveria aproximar: O KCT holandês..ou até o grupo de forças especiais belga (acho que é assim que se chama) São unidades com poucos efectivos mas com uma formação e teino extremamente completo. Talvez não seja por acaso que unidades como o KCT ou unidades de operações especiais dinamarquesas ou norueguesas têm vindo a operar no Afeganistão e o nosso CTOE, como você tão bem disse, é a única unidade da BRR que ainda não saiu para uma missão. Talvez seja porque, ainda que nos custe a admitir, se comparadas com as que referi antes, ficamos um pouco aquém. (não quero ferir susceptibilidades corpóreo/patrióticas - até porque é uma unidade que me diz muito - mas acho mesmo que é o que se passa.)
Ora eu acho que tendo em conta a reestruturação do nosso Exército, o novo tipo de emprego operacional que se espera dele no futuro e a redução de efectivos em troca de maior operacionalidade e capacidade militar e tecnológica, temos que exigir que se crie uma unidade deste tipo. Se países como a Holanda, Bélgica, Dinamarca ou Noruega, para referir apenas alguns, contam com este tipo de unidades mais completas..então não admito que nós fiquemos "um bocadinho ao lado" e a desenrascar à boa maneira portuguesa. Sei que tudo isto fica caro mas, que queremos então, brincar ao faz de conta? Ou assumimos de uma vez por todas a necessidade de termos Forças Armadas e as equipamos com o necessário (obviamente racionalizando - também não sou megalómano a achar que devemos ter uma frota de porta-aviões e submarinos nucleares) ou então fechamos definitivamente para obras e vamos plantar batatas ou couves ou lá o raio que o parta. (desculpem lá o desabafo - ando farto de ver os outros de mota e nós de bicicleta).
Para finalizar e, porque outros posts foram sendo colocados, apenas dizer que também me parece uma boa ideia a criação de um "Comando de Operações Especiais" a nível do Estado Maior das Forças Armadas que congregasse todas as unidades capazes de levar a cabo Operações Especiais dentro dos 3 ramos (CTOE, Prec's, DAE, UPF, DMS etc..) e que pudesse gerir de forma mais eficaz e eficiente qualquer situação que delas possa necessitar. Poderia inclusivamente reunir a UALE (quando existirem helis).
Não sei se existe alguma organização deste tipo mas parece-me pertinente e julgo ser mais ou menos o que o Tilt, o Cabeça de Martelo e o Lightning falaram nos últimos posts.
Com os melhores Cumprimentos e desculpem lá o testamento