NATO atrasa compra de drones, blindados e armas para Portugal
O ministro da Defesa anunciou a compra de equipamento há dois anos, mas a "complexidade" do processo na agência de compras da NATO está a demorar as aquisições
© NUNO VEIGA/Lusa
Valentina Marcelino
03 Março 2018 — 01:04
Os concursos estão autorizados, a despesa - cerca de 100 milhões de euros - prevista e o anúncio para a compra de drones, blindados e armas paras as Forças Armadas (FA), foi feito há dois anos, mas nenhum deste equipamento ainda chegou aos quartéis. A responsabilidade é da agência de compras da NATO (NSPA - Nato Support Procurement Agency) à qual o ministro Azeredo Lopes atribuiu a execução os procedimentos concursais.
O ministério da Defesa não esconde o incómodo com o "atraso", admitindo que "alguns processos negociais demoram mais do que o desejado".
Em resposta ao DN, o gabinete de Azeredo Lopes explica que esta demora se deverá à "elevada complexidade de alguns projetos em que existem requisitos muito exigentes, bem como à necessidade de dar resposta a um número elevado de configurações".Estão neste momento a ser processados na NSPA cinco grandes concursos para as FA, com relevo para o Exército: 167 viaturas táticas, no valor de 60 milhões de euros; 12 sistemas aéreos não tripulados (drones), no valor de 12 milhões e 18 mil armas ligeiras, para substituir as velhas G3 da guerra colonial, no valor de 42,8 milhões.
Em Maio de 2016 o chefe de Estado-maior do Exército, Rovisco Duarte, declarou que contava com os drones já nesse ano. "Os procedimentos estão lançados e agora é o concurso a decorrer, conto com os primeiros já este ano, conto com isso", disse no final de uma audição da comissão parlamentar de Defesa. Segundo o despacho que aprovou esta compra, estes aparelhos servem para "prover o agrupamento de Informações, Vigilância, Aquisição de Objetivos e Reconhecimento de sistemas aéreos não tripulados que permitam apoiar a recolha de informações em apoio das Unidades Escalão Batalhão".
Rovisco Duarte salientou que estes drones são "determinantes" em missões de reconhecimento e considerou que "os exércitos não podem passar sem eles. Hoje em dia as missões militares exigem que se veja além da esquina, que se veja além da colina. É um facilitador de obtenção de informação do adversário, extremamente significativo".
Em setembro do mesmo ano, foi o próprio ministro a dar nota da autorização pelo Tribunal de Contas para a compara dos blindados ligeiros 4x4. Foi nessa altura que anunciou que, pela primeira vez,
o Estado português iria recorrer aos serviços da NSPA, que cobra entre 2 a 3% do valor dos contratos. A compra destes equipamentos é reclamada há anos pelo Exército.



A compra das armas através da NATO foi confirmada pelo ministro da Defesa em junho de 2017. Esta importante aquisição já viu dois concursos anulados em 2004 e 2007. "É seguro que até final do ano (2017) praticamente tenhamos o concurso concluído", disse.
Questionado sobre que avaliação faz dos procedimentos através da NSPA e se entende que têm ido ao encontro do interesse nacional e das necessidades das FA, o ministério da Defesa diz que "ainda é cedo para se efetuar essa avaliação". E recorda "que entre as múltiplas vantagens já identificadas e que sustentam a decisão de recorrer à NSPA encontram-se, por exemplo, a maior transparência do processo, a criação de sinergias resultantes da contratação coletiva (é possível que vários países estejam interessados em adquirir o mesmo tipo de equipamentos) e ainda a resolução de eventuais problemas de certificação, por parte da NATO, dos equipamentos que venham a ser adquiridos".
https://www.dn.pt/portugal/interior/nato-atrasa-compra-de-drones-blindados-e-armas-para-portugal-9157778.htmlSe os custos dos serviços da NSPA são de 2 a 3% como se explica uma redução de 28 viaturas superior a 16%, quando os 2 a 3% representam 4 ou mesmo 5 viaturas
?
Abraços