Camarada
A tua luta pelo associativismo parece-me já estar num ponto de exagero extremo e radical.
A ANCE deveria já ter feito à muito tempo mais do que tem feito até agora. Parece-me que estes sim andam a dormir na parada. Nos 10 anos que cumpri como militar bem tentei ser esclarecido por eles mas em vão. Claro que a culpa não é totalmente da ANCE, pois as chefias tratam-na da mesma forma como os próprios RCs que é de Indiferença. Não é uma AOFA nem uma ANS, fundadas por quadros... a ANCE é apenas um grupo de “civis” ex-militares e uma associação com pouca adesão dos RC actuais.
Tenho seguido com atenção todo este “barulho”. A verdade é que de facto cada vez menos pessoal vai servir as FA. As razões são muitas. Sei como tu, que o engano reina para se conseguir a mão-de-obra. Aos líricos que por aqui postam…a verdade é só uma… O descontentamento e as falsas promessas são um facto e não é preciso dar mais exemplos. Aliás é já um factor alvo de análise pelas chefias militares, por isso não venham para aqui dar lições de moral nem sequer fazer julgamentos despropositados sobre a condição militar.
As faltas de respeito imperam neste tópico. Sejamos coerentes na análise deste assunto e virá ao de cima que o titulo deste tópico prejudica os milhares de jovens ao serviço das FA.
A mentira rege: não é por acaso que os testemunhos aqui apresentados, se referem em grande parte aos enganos. Quantos ex-militares vêm aqui dizer que tiveram a informação “justa e real” daquilo que seria a sua função nas FA?? Quantos testemunhos de militares houve até agora que dissessem que foram “ajudados na reintegração” na vida activa? Quantas dizem que puderam frequentar cursos ou formações de interesse próprio, com utilidade na vida civil? Quantos se conhecem que as expectativas corresponderam ao esperado? Casos concretos??
Na verdade conheço quase tudo o que é mau…
Conheço militares que entraram no QP, mas que por terem passado á disponibilidade durante uns 2 ou 3 meses antes, receberam o subsidio de reintegração e foram reintegrados nos cursos para QP sem devolverem a verba ganha meses antes. Conheço militares que sendo QP trabalham extra, em condições de “civis” com formação dada pelo exercito, a qual alguns nunca desempenharam como militares: inúmeros enfermeiros, médicos, instrutores de condução, monitores de ginásio por terem o curso de educação física militar, monitores de mergulho, instrutores de pára-quedismo, seguranças, instrutores de tiro, mecânicos, cozinheiros, condutores de pesados e transportes de passageiros, operadores de centrais de radiocomunicação.. e muitas outras.
Por isso não me venham com tretas de que a formação é aquela que a instituição acha ser a necessária em prol do serviço pois bem sei que não é real. Muitos destes “nunca” serviram as FA nestas especialidades, apenas as têm porque são QP e fazem os cursos que querem e podem… ou seja: fazem pela vida, vida que está difícil e desta forma ganham mais uns cobres ao fim do mês. Mas é injusto ou não vos parece?

São QP´s, militares profissionais e têm por isso uma vida estável, sendo que o rendimento mínimo em inicio de QP é de 1000euros mês. Cursos com “saída” no civil são muito raramente frequentados pelos RC.. isto eu sei, e sou prova disso pois nunca consegui fazer na tropa o curso de instrutor de condução, profissão que desempenho hoje em dia, mas que o paguei bem caro á DGV. Lá nem sequer tirar as categorias de condução C e D que me faltavam, porquê?? Porque era RC… mas lembro-me bem de me terem dito que podia tira-las na tropa.
O pensamento/regulamento é correcto: dar os cursos apenas aos militares quem venham para desempenhar funções a que se instrui, servindo o “exercito” com todas as suas habilitações.
A verdade: todos os militares do QP fazem e têm os cursos que querem, independentemente de servirem para a instituição… mas desde que dêem para ganhar dinheiro no “civil”.
Até nas tropas especiais isso acontece… recordo-me bem dos cursos de Comandos em que os elementos dos QP iam fazer o curso e no final regressavam á sua Unidade de origem, independentemente da unidade Comando ser deficitária em Oficiais e Sargentos. Ficavam logo lá todos os RC por colocação da DAMP porque não tinham GMP (guarnição militar de preferência), mas os QP iam só “tirar a boina” e não ficavam lá a bater com os custados… e voltavam pra GMP passear a boina vermelha para as paradas. Até aqui se vê que os cursos são do interesse pessoal e nunca o da instituição.
Não é um direito adquirido num RC, fazer cursos ou formações com saída no civil, no entanto a instituição deveria pelo menos “apoiar” ou até mesmo “formar” dentro da máquina militar os seus activos (porque é isso que prometem) de forma a garantir que não engrossarão após saída, a estatística dos desempregados do País. Há nas FA cursos que podendo ser frequentados por RC lhes dariam alguma aptidão e entrada no mundo do trabalho depois de servida a nação com a sua mão-de-obra. Não se pode nem deve “embrulhar” os RC num decreto de Lei e depois dar-lhes um chuto no cu pela porta de armas para fora.
Claro está, que com os anos, vamos aprendendo e percebendo que nem tudo é como parece… ou é prometido… A verdade é que os militares profissionais andam todos bem orientados… e a grande maioria deles recebem outros ordenados por fora… com formação dada pelas FA, para servirem as FA, mas que de facto se servem a eles próprios. É mentira??
Extras?

??!!!!!:
Os engenheiros militares trabalham para grandes construtoras civis
Os cartográficos militares trabalham para empresas multinacionais
Os médicos/enfermeiros/radiologistas trabalham quase todos senão todos em hospitais
Os militares do Serviço de Material têm “cótas” em oficinas, garagens etc…
Os das Manutenção têm padarias, pastelarias, bares ou restaurantes...
Os de Transmissões, fazem extras para as operadoras telefónicas.
Os Mecânicos de Armamento trabalham para espingardarias.
Os Instrutores de condução dão aulas extras depois das 17h30
Os instrutores de Pára-quedismo são proprietários de escolas
Até os pilotos começam com extras até que se piram das FA
Etc…etc…
Mas tudo isto, porque os Generais têm igualmente um “extra” em grandes empresas multinacionais, ligadas ao mundo militar…
Por isso não há moral para as chefias fazerem o que quer que seja contra isto. É a lei da sobrevivência… e começa na parte mais alta da pirâmide.
Quanto aos RC:-O problema é que ainda hoje em dia se continua a fazer e a prometer o mesmo de à 20 anos atrás, sempre que os jovens vão à inspecção.