Manuel Liste, desculpe-me a franqueza mas as suas afirmações estão um bocado mais para o que chamamos de «desconversa».
Você só teria que comparar os munumentos de Lisboa com os de Sevilha, de Cordova ou de Granada. A cidade de Lisboa, só cresceu verdadeiramente depois de se ter transformado na capital de Portugal. O monumento muçulmano mais conhecido em Lisboa é a mesquita de Lisboa, que foi construída nos anos 80, com dinheiro do petróleo saudita.
É infelizmente fácil jogar com as datas para distorcer a realidade, e infelizmente é o que normalmente a «Estoria» espanhola faz.
Mas para lá das datas há os documentos de pedra.
Em Portugal também há monumentos árabes, como é óbvio, mas os monumentos árabes que existem são na sua esmagadora maioria fortalezas e não palácios ou mesquitas.
Isto acontece porque os árabes nunca conseguiram manter o noroeste peninsular, especialmente a norte do Tejo. Por isso, as edificações árabes são edificações militares, demonstrativas não da presença árabe, mas sim da sua tentativa em se manter.
Ao contrário, o sul de Espanha está polvilhado de monumentos grandiosos, que demonstram que o poder dos árabes se fixou e não era contestado.
É esse poder da cultura árabe que se impôs aliás pela sua superioridade que se vê em Espanha.
É aliás um erro achar que os árabes eram inferiores, porque na realidade eles tinham as melhores técnicas, os melhores sábios e um nível cultural muito superior ao dos cristãos.
Tudo isto, para explicar que muitos aspectos do comportamento social dos espanhóis de hoje, ainda mostram raízes do período árabe. O exemplo da vida nocturna e do Ramadão é um deles.
Em termos de negócios, negociar com uma empresa espanhola, por exemplo, é como negociar com os árabes.
Facilmente quebram compromissos.
O empresário espanhol, dá muita importância a acordos de «caballeros» e não gosta de contratos muito específicos.
Isto é uma tradição árabe. Os árabes dificilmente cumprem um contrato e facilmente quebram a palavra dada.
Quebram a palavra, porque consideram que a mudança de condições e circunstâncias é razão suficiente para mudar de posição.
É por isso que vemos os espanhóis nos principais conflitos do mundo, a mudar de um campo para o outro.
Quando estavam em guerra com os franceses pediram auxilio aos portugueses (campanha do Rossilhão). Fizeram a Paz com a França e deixaram os portugueses no meio de uma guerra que os espanhóis tinham começado.
Depois, aliados aos franceses invadiram Portugal. Depois voltaram a mudar de campo e aliaram-se aos ingleses (os portugueses não existem na História espanhola da guerra de independência).
Durante a guerra civil, Franco apoiou-se em Salazar, mas um ano depois de ganhar a guerra já conspirava com Hitler para nos invadir.
Mais uma vez, a tradição árabe, pois afinal «Alá perdoa tudo, se não houver outra possibilidade».
A «traição», a «mentira» e a «falta de palavra», são características que podem definir o castelhano. E a explicação mais simples para esse comportamento, está na enorme influência de 800 anos de presença árabe.
Ou seja, isto não é um insulto, é apenas a constatação da influência de 800 anos de uma cultura, onde o conceito de Palavra e de Honra, no sentido ocidental (conforme as culturas clássicas) não existe.
O espanhol não tem este tipo de comportamento por ser mau. Tem este tipo de comportamento, porque o considera normal. Não conhece outro e não aceita que pode estar errado.
Curiosamente, é muito mais confiável um turco que um espanhol. E aqui falo em termos de negócios entre empresas não em termos de História.
E também é claro que nem todos os espanhóis têm o problema da influência árabe. Mas a importância da influência islâmica em Castela, país que impôs a sua cultura aos restantes, acabou por levar até aos restantes países peninsulares - através da exportação das elites – os hábitos que a elite administrativa castelhana absorveu dos árabes.
Para finalizar, se você olhasse bem para tudo o que está escrito sobre Portugal neste fórum, nunca aqui foi dito que nós nos considerávamos brancos e marcianos e que os espanhóis eram todos mouros.
Nós não somos um povo racista, o que não quer dizer que não haja portugueses com comportamentos racistas.
Não há uma «raça» portuguesa, pois se os especialistas em genética dizem que o país é etnicamente o mais homogéneo da Europa, também concluem que geneticamente os portugueses são uma incrível mistura, exactamente porque estão no fim da Eurásia.